JOGO 2 a Márcia
O jogo 2
o movimento é o teu ritmo, já estava pleno nela
a lua vaga no seu corpo, as mãos sobre a alma
jogo o jogo da folha do luar sem luz , cega e de
coração perdido, basta ser lento é o teu movimento
e escuramente parte a mão para a alva, onde o meu
país é a manhã que nasce de repente, o corpo na mesa
os seus morangos o seu licor de gemidos, a língua
danço para dançar - na vaga da negra pele na estação
terminal – a Damaia, o fogo novo o domingo farto
que não vês, perante o qual cambaleio, a boca treme
no seu lábio, o lábio a que adiro a minha língua, enrola
e prende, oh! carne da carne, a fronte nua no seu espaço
interior, imerso, a cisão optimista , o perder é a consciência
do jogo. Espantas-me, o teu movimento africano sobre
as ancas, fotograma que abre a mesa da minha alma
e só descansa no Deus das coxas, o sumo inexcedível
na ânsia infinda, que a fome é ser humano, animal
estranho ainda ao novo corpo que cresce na folha do jogo