JOGO 2 a Márcia

O jogo 2

o movimento é o teu ritmo, já estava pleno nela

a lua vaga no seu corpo, as mãos sobre a alma

jogo o jogo da folha do luar sem luz , cega e de

coração perdido, basta ser lento é o teu movimento

e escuramente parte a mão para a alva, onde o meu

país é a manhã que nasce de repente, o corpo na mesa

os seus morangos o seu licor de gemidos, a língua

danço para dançar - na vaga da negra pele na estação

terminal – a Damaia, o fogo novo o domingo farto

que não vês, perante o qual cambaleio, a boca treme

no seu lábio, o lábio a que adiro a minha língua, enrola

e prende, oh! carne da carne, a fronte nua no seu espaço

interior, imerso, a cisão optimista , o perder é a consciência

do jogo. Espantas-me, o teu movimento africano sobre

as ancas, fotograma que abre a mesa da minha alma

e só descansa no Deus das coxas, o sumo inexcedível

na ânsia infinda, que a fome é ser humano, animal

estranho ainda ao novo corpo que cresce na folha do jogo

José Gil
Enviado por José Gil em 26/08/2006
Código do texto: T225724