TEMPESTADE
A TEMPESTADE
"Não tenha medo; há ruídos na ilha, sons, árias doces; dão gosto e não ferem. Saiba que às vezes mil cordas tangidas murmuram-me no ouvido; outras vozes que, se eu acordo depois de um bom sono, me adormecem de novo; e então, sonhando, nuvens que se abrem mostram-me tesouros prontos para chover em mim..."
. W. SHAKESPEARE . A Tempestade
ao pintor Óscar Domingues,
ao flautista cubano da Orquestra Aragon
Richard Egnes (1924-2006)
Há ruídos na ilha, árias doces, breve mão que nos separa
Ou o oceano ou a fronteira, todo o território é nosso, no
Lugar do teu corpo, o corpo nascente do texto, tronco, raiz
Cana doce, dádiva longa e ampla, nenhum obstáculo apenas
A distância do rebentar do mar. Chegou Setembro ao Deus
Menino dentro de um cesto e os figos, as uvas o meu sonho
Incorrigível, com duas mãos, em conchinha rodo o teu corpo
O leite espesso dos figos no corpo, o silêncio, dobra o corpo
Contra o corpo nu, fresco o figo do teu colo, os cabelos privados
Do mastro, facilmente exíguo o tempo e o calor em toda a
Fronteira, em toda a casa, os sinais do verão na humidade
Do colo, quente a canção com a sua língua e as suas uvas
Em lábios muito jovens, so o ruído, a nova ária, a mão e o
Corpo que rebola sobre a madeira da mesa, trabalho na fonte
Do néctar, a turbulência, o ritmo longamente lento,allegro.
Ariel deixa a ilha e sossega