adoro

adoro

a noite estava chegando, tão perto da música rara

na súbita alegria .que o oceano bravo fosse um

areal e tocar-te-ia já na corrida azul do véu

branco, onde a chama foi acesa, aqui

onde não chove dos dois lados do mar

a folha fria e a folha quente, um fresco de

egberto gismonti, a aguarela da casa da

musica na câmara clara, o vento de

setembro.toco a aspereza doce dos

seios até a polpa evidente e viva no

seu néctar “vê-se mesmo que é

um filme” o colar das letras

as amadas visões onde regresso da areia brava

as sensações invisíveis, na noção diagonal

do poema, um pouco de ânsia nas próximas

sílabas dos nossos medos e amores, ausência

do conectivo do corpo sobre a mesa, o negro

pulsar entre os lábios rosa, rosa choque

espanto-me do virtual desejo cósmico

por esta vida havemos de cantar

docemente , diz-nos uma voz

interior, no outro lado do fundo

o soco sem eco, gozo

José Gil
Enviado por José Gil em 08/09/2006
Código do texto: T235753