RESSURREIÇÃO

Ano de 1762..Ressurreição



R amagem mortas são levadas pelo vento. Vagando numa noite fria, uma mulher segura com afeto seu filho no colo. Ainda que suas lágrimas turvassem sua visão, uma tênue luz vermelha torna visível a casa sombria. Sua única esperança...

E levemente ela bate na porta e sem olhar para traz desaparece na sombra da escuridão. A porta range e um homem de roupa de couro preta, ilumina com a vela, e por longas horas fica a olhar aquele recém-nascido e com as mãos bruscas e afortunado carrega diretamente para o quarto.

obre a manta branca que cobria a criança tinha uma carta e um pequeno bordado azul que escondia um brilho intenso...Ele segura a criança  e sem acalantos se faz duro seu coração.

e passaram dez anos. Nos pés descalços daquela criança, toda a vida dura, todo o trabalho sem fim.  Tinha um senhor e não um pai. De saúde fraca repousava seu corpo cansado num pequeno quarto.

U ma noite era de silêncio e na outra era de barulhos. Naquela casa os homens se embriagavam com seus copos de vinhos, pontas de charutos e insuportável fumaça que embaçavam os vidros das janelas. Uma vida degradada entre nobres...Seu pai gritava seu nome em voz alta.

R espondia sempre com respeito, e com seu olhar de menina buscava a serenidade de seus sonhos onde a música e a alegria impediam ela de chorar...
 
R esplandecem através dos dias que se passam uma linda jovem de olhos azuis que acreditava que o vento frio a fizesse lacrimejar...Toda noite tocava seu piano com suas mãos perfumadas de rosas...levando os poetas a versejar...

E ra dia de uma grande feira no povoado . Ela agora podia sair. Soltou seus cabelos e com seu único vestido dançava com alegria...

I lusão ou sonho ...ela correu entre o juncado de folhas amarelas e ao ver algumas flores enfeitou seus longos cabelos.... Naquele dia sublime seu cora-

Ç ão iria conhecer o amor. Era como se ele estivesse ali o tempo todo a lhe esperar. O medo desapareceu. Voltou tão feliz para casa que seu pai descobriu em sua face o amor. Foi mandada para o quarto. De todas as prisões essa aprisionou a sua alma...

A s nuvens sombrias ocultavam o nascer do sol e as semanas se passaram. Seu pai adoecerá e se encontrava no leito. Depois de alguns dias... Viu seu pai morrer. Foi a única vez que tocou na face dele... e chorou muito não por ele, mas por toda a dor,  por toda a inocência que ele tirou dela...Retirou a veste de seu pai e vestiu, prendeu seus cabelos e colocou o chapéu, caminhou em direção a sala. Era dia de apostas e sem ninguém desconfiar destrancou a porta...Uma parte de sua vida adormecerá ali...

vento açoitava aquela roupa suja e chegou tão longe no seu caminhar que se despiu junto ao mar...Em um dos bolsos do casaco de seu pai se encontravam uma carta e  um bordado azul. Leu e abriu a caixinha e uma luz tão forte iluminou seu rosto...Era uma corrente pura que carregava uma pedra a luzir...Nem as maldades, poderiam alcançar a paz que ela sentiu ao colocar o cordão...Atravessou a sombra...Leve era seu fardo...digno era seu coração...Sua alma agora era sagrada...
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Débora Neves ( 
Acróstico em histórias )
Debora Neves
Enviado por Debora Neves em 30/09/2010
Reeditado em 23/01/2013
Código do texto: T2530415
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