O CASO DA MULHER
O CASO DA MULHER
Elson Jacinto
Conte aquele caso desbaratado
Meio pássaro e elo de um amor desordenado
Queremos ouvi-lo do seu jeito esquisito
- Crianças! Fechem o livro e não sigam esse impasse
Meio sem pé e cabeça sobre rosa, poliacanto
Eis que amei-as no consolo e segundo de eternidade
Vão dormir e não puxem o meu lençol
- Só essa vez aquele drama lutuoso e festivo
- Está bem aprendizes de letras e ambigüidade sentimental
Desde infante o caminho era estreito
A estrela boa e o céu muito claro
Até a mão dela fugia do aperto
A tarde descobri a olho nu
Formas nuas na bruma e espuma
Sai correndo com medo
De ser visto por Afrodite
Quede coração tesouro?
E lábios trêmulos na rota da paixão
Vestido e idéia do cheiro cânfora?
Eu era a música instantânea
Riso e choro simultâneos
- Porém a fêmea de boca enxuta nada dizia
Distribui flor noite e dia
Uma lagarta em sonho borboleta
Também fugiu das garras de netuno
Por se-lo em desculpa ao romântico incerto
De um mar de beleza triste e magnético
Fui netuno no olhar marítimo
Conquistei-o a fundo na grandeza fundamental
Ela fugiu em berço e galopes modernos
Em posições modernas fugiu-me
No espelho deu desculpas triviais
Entrou no baile toda coberta
De alma mágica e ilha
- Disse-lhe: vi tua alma no pires e cinema
Embora infeliz falou-me: até nunca mais
Fiquei de roupão e chinelo
Ainda com sangue ardente
Sai catando letra e simpatia
Escolhi no paredão
Duas vendidas descrentes
Tremi como no sonho forçado da terça
Fiz balaio no domingo
Virei a moeda e a mesma face
Renovei-me em êxtase
Escureci no muro e penitência
No escudo do romantismo
Sonho e lua constantes
Temi as bodas antes da crença
Nela par a par infinitamente
Temi a pilhéria do demo
Amei-a! Amei-a! Com zelo e perplexidade
Chorei-a como um idiota
Com o suor da lira
Pra distrair o doido penar
Porém ela era só desculpa
- Continue o caso sem receio da noite
Nosso travesseiro vos emprestamos
- Pois bem ... parti em armadura
Engrossei a voz e acorrentaria
Talvez ela gostasse de tapa
Beliscões e sapatos e ciúmes
Deslizantes a sua sombra
Independente no sempre
Dormitório e sustendo ao rosto
Lacrimoso para embalar os seus
Porém não implorei-lhe o paraíso
Seu colo ou ventre no descrever labial
Imaginei seu retrato e voz amiga
Eis que no suspiro da esquina acenava-me
Cobrando-me lenha e diploma
Mais que nuvem e seita
Porém ela escondia o coração
Com temor talvez
Em sonho e falsete
Fiz seguro de vida
Seguro de partida
Seguro de navio de pavio
Do diabo que te carregue
Esperei a força do destino
E já no fim da linha
Ganhei o atraso
Em triunfo elegíaco
Cria e não cria
Anita não sei porque
Saiu da floricultura
E fechando os olhos disse: sim! – Pus meu estro na prateleira
Anita! Amor enredado
Ponha o vestido
Devolva o dédalo comum
Ao mulheril passado
Tem algo errado...
- Obrigado pela estória
Amanhã conte outra vez pra gente
No fundo será boa e comovente.