Sinto Raiva Tentando Antes, Me Entender Nas Dádivas Eternas Salvadoras

Estive pensando: porque estou agindo assim? Porque insisto com isso? Será que eu sou tão insano ao ponto de não entender que não vai acontecer?

Fiz com que muitas historias minhas nunca acontecessem porque eu simplesmente não entendia como as coisas deveria funcionar e achava que as coisas deveriam funcionar como eu achava que deveria. Outro jeito não podia, porque sobre minha concepção estava errado, e nunca quis fazer as coisas erradas. Mas nem sempre o que eu penso é o certo.

Joguei tudo pro auto inúmeras vezes, antes mesmo que "realmente" algo acontecesse. Acreditando em minhas convicções afundei minhas ideias na areia movediça das minhas certezas erronêas. Fui até não poder mais respirar.

Hoje poemas já não me dizem muita coisa. As frases que leio e as que escrevo já não me dizem muita coisa. Os meus pensamentos se fazem nebulosos. Cheguei a pensar que nunca acertaria nada sobre nada. Cheguei a pensar que meus acertos, na verdade, só existiram pra me manter tentando só pra eu entender que realmente não poderia ter feito nada certo.

A partir desse raciocinio conseguir pensar no porque tenho sido assim tão insistente sobre tentar algo, quando tudo o que tenho são migalhas, e que por nunca, REALMENTE NUNCA ter participado uma única refeição á mesa e completa, como eu cão carente me alegrei de migalhas que realmente não representam NADA.

Como sempre fui o responsável real por estragar tudo o que poderia ter construído pra mim mesmo, dessa vez eu quis tentar até o fim. Fui de peito aberto, sem mendo de me machucar, pisando em cobras e mordendo leões, peitando balas e quebrando flechas com o coração.

De coração despedaçado procurei refugio com o inimigo, bateu uma revolta, bateu uma depre, bateu a frustração, mas também bateu esse mesmo coração que é só pra não morrer.

Conheci o outro lado da solidão, pois até então eu só conheci a solidão acompanhado, em meio a multidão. Dessa vez eu conheci a solidão de verdade. Conheci o que é a solidão sozinho. Só eu no meu mundo (meu quarto), só eu, sem fones, só eu sem os livros pra me distrair. Consegui me controlar em meio a solidão. Madrugada atrás de madrugada, passei noites sozinho, não assisti nada, não ouvi nada. Eu queria dormir sem nenhuma ajuda. Sem filmes, sem seriados, sem livros e sem som. Sem ninguém além de mim mesmo comigo.

As cobras envenenaram meu pé e os leões me arrancaram pedaços, que provavelmente me farão falta e com o peito todo marcado e coração inteiramente penetrado, passei muito perto do ultimo suspiro.

Mas eu sobrevivi, aos trancos e barrancos, sarjeta atrás de sarjeta eu rastejei, engatinhei me levantei e tentei de novo. Acho que fui muito além do que pensei que poderia. Não sei se fiz a coisa certa, não sei se poderia ter feito diferente, na verdade não sei muita coisa, mas por mais contraditório que isso parece, eu só sei que fiz tudo, não me resta mais nada. Se não aconteceu, tenho a plena certeza que não tenho parte nisso, porque por mim teria sido além da compreenção.

Agora caminho de pés firmes, sentindo apenas o chão na sola do pé, e mesmo chão que outrora rastejei a face, essa que hoje já sabe aproveitar melhor as caricias da brisa que o vento faz.