A SOLIDARIEDADE É UM NOBRE SENTIMENTO

Após uma noitada de diversões, o jovem Brito se despediu dos amigos, no restaurante, e partiu em direção à sua casa, nas proximidades.

Surgiu em seu caminho, repentinamente, um grupo de adolescentes, que, sob a ameaça de pontiaguda arma, exigiam seu relógio e tênis.

O garoto, assustado, teve dificuldade em tirar os calçados,e, em movimento brusco, deu a impressão de que pretendia empreender reação.

Levado talvez pelo medo, o delinqüente cravou-lhe a chave de fenda no peito, fugindo em seguida, acompanhado pelos outros marginais.

Insensíveis aos apelos do rapaz ou assustados pelo sangue que tingia sua camisa, fugiam todos, sem se preocupar com a agonia da vítima.

Deus então decidiu agir, e um taxista resolveu parar seu carro para prestar auxílio, conduzindo o rapaz ao ambulatório de um hospital.

Atendido por um competente acadêmico de Medicina, foi constatado que o instrumento perfurou parte do coração, passando rente à aorta.

Restou apenas alguns milímetros para que a importante artéria, situada no ventrículo esquerdo, fosse seccionada,causando a morte rápida.

Informados pelas enfermeiras, tomamos conhecimento que o taxista insistiu para que o rapaz fosse atendido com urgência, salvando-o.

Esse moço, movido apenas pela solidariedade, retirou-se ao saber que Brito estava fora de perigo, sem ao menos apresentar-se à família.

Depreende-se da leitura da breve narrativa, baseada em fato real, que a falta do nobre sentimento, nas criaturas, constitui causa dos males.

A sangrenta guerra que se trava no Iraque, onde pessoas inocentes são mortas apenas para demonstrar aos invasores o erro de sua política,

Demonstra claramente que o belo sentimento da solidariedade está desaparecendo diante do ódio, que se alastra na região em conflito.

E a humanidade, diante dos graves problemas climáticos que se prenunciam, quando a água terá que ser racionada, precisará exercitá-la.

Espírito de solidariedade demonstrou aquele rapaz que se atirou no poço das ariranhas, no zoológico de Brasília, para salvar a criança...

Uma vez decidido, diante da gravidade da situação com que se deparava, não titubeou em projetar-se na jaula das feras, pulando a grade.

Movia-o unicamente o nobre sentimento, e, a despeito do grande perigo que corria, ofereceu-se em sacrifício, salvando a pobre inocente.

No tema solidariedade , despontam como expoentes os inesquecíveis santos Dom Helder Câmara, Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce.

O sentimento de piedade que demonstravam, notadamente diante da pobreza dos semelhantes, faziam-nos agigantarem-se, na luta diária.

Boníssimos, ofereciam sempre uma palavra de conforto aos necessitados,extraindo forças de seus frágeis corpos, para minorar-lhes a dor.

Recorrendo à memória, consigo captar imagens das iluminadas criaturas, que tinham por característica a caridade e o amor ao próximo.

E fico a imaginar uma reunião desses santos, no céu, diante do Senhor, a reivindicar melhores condições de vida para os pobres mortais.

Sol abrasador de verão, na Praia de Copacabana, e a família reunida aproveitava para gozar as delícias do mar, no ano da Copa de 1958.

Em dado momento, meu pai transpôs as fortes ondas, na tentativa de salvar um rapaz que confundira com meu saudoso irmão Waltinho.

Na tentativa de se aproximar do jovem, exauriu todas as suas forças, que fizeram imensa falta, no retorno à terra firme,como constatamos.

Tão logo percebeu a gravidade da situação, um salva-vidas nadou ao seu encontro, trazendo-o de volta, para nossa imensa satisfação.

Imediatamente, aplicou-lhe vigorosas massagens para expelir a água ingerida, recorrendo ainda à salvadora respiração boca a boca,

Moço negro, bastante educado, lembro-me ainda a forma cavalheiresca com que se portou, para evitar o constrangimento que causara.

E após decorridos muitos anos, viajando pelo interior do Ceará, meu bom pai, da janela do hotel, viu uma criança dormindo ao relento.

Numa atitude que nos transporta ao dia de seu afogamento, levou o negrinho para o hotel, e, após ouvir sua história, trouxe-o consigo.

Traquinagens às centenas aprontou o rapaz, que viveu em nossa companhia algum tempo, pois a liberdade de viver na rua o enfeitiçara.

O espírito da solidariedade está subliminarmente latente em cada uma dessas historinhas, e precisa ser praticado, sempre que possível.

João Augusto Maia Gaspar

Em 19.05.2007

jaugustogaspar
Enviado por jaugustogaspar em 20/07/2011
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