A SOLIDÃO É UM DOS MAIORES TORMENTOS DO HOMEM

A mais recente tragédia provocada por um maluco, em universidade americana, teve como autor um sul-coreano solitário e excêntrico...

Segundo informações divulgadas pelos jornais, tratava-se de um rapaz aparentemente normal, mas que vivia recluso em seu apartamento.

O universo de seus pensamentos restringia-se à elaboração de um plano de vingança contra um inimigo imaginário, que o atormentava.

Livremente, podia transitar pelo campus universitário, mas sua origem oriental fazia com que se sentisse discriminado, entre os colegas.

Irritado, foi se isolando, enquanto uma raiva doentia o atormentava, fazendo eclodir o permanente desejo de vingança, contra o desafeto.

Dedicava-lhe a Nação que o acolhia a vantagem de usufruir dos ensinamentos de grandes mestres, na famosa e confortável Universidade.

A revolta, todavia, consumia todas as suas forças, e o jovem foi arquitetando seu plano diabólico, adquirindo letais armas de destruição.

O americano investe bilhões de dólares para defender-se de possíveis ataques terroristas, mas não tem como evitar tanto maluco armado.

E assim mais uma tragédia foi consumada, enlutando lares inocentes, que nada têm a ver com os desmandos praticados por seus políticos.

Um dos maiores castigos que podem ser infringidos a um presidiário, que já tem a privação da liberdade, é o triste isolamento na solitária.

Maldade maior não se pode imaginar, que retirar um ser humano do convívio com os semelhantes e trancá-lo num cubículo, segregá-lo.

Deus, em sua infinita sabedoria, decidiu que o homem viveria em sociedade, em companhia do semelhante, exercitando seus sentimentos.

O amor de um homem por uma mulher, o casamento, o nascimento de filhos, tudo isso foi previsto pelo Criador, ao conceder-nos a vida.

Somos, portanto, induzidos ao convívio com nossos iguais, e, em conseqüência disso, surgem os amigos, que enriquecem o nosso existir.

Menino ainda, fiquei impressionado com a morte de nosso vizinho, famoso humorista da época, que cometeu suicídio na noite do Natal...

Ao que soubemos, o pobre homem, sentindo-se abandonado, fechou todo o apartamento, ligou o gás e adormeceu, por não suportar a dor.

Invariavelmente, pessoas que, por problemas comportamentais, se isolam da família e amigos, ao chegar à velhice, procuram se ajustar.

O medo maior dos idosos é envelhecer desamparados, sem a companhia de familiares e de amigos e, principalmente, privados de amor.

Rejeitam com veemência os asilos, pois sabem que, apesar do trabalho de pessoas abnegadas, encontrarão frieza, indiferença e desamor.

E o que mais precisam, nessa fase mais difícil da vida, é justamente o beijo sincero dos filhos, o sorriso de um neto, o sentir-se querido.

Sentimentos tão sublimes são indispensáveis em qualquer fase da existência, exacerbando-se no limiar da vida, com maior intensidade.

Todos os seres humanos, sobretudo os que se destacam no meio artístico, têm pavor ao ostracismo, ao esquecimento de seu estrelato.

O comum às grandes damas do cinema é retirar-se de cena antes da decrepitude, para que os fãs guardem imagens das belas que foram.

Recorrendo a esse artifício, permanecem lembradas pelas belíssimas mulheres que interpretaram, e assim continuam sempre admiradas.

Mesmo os políticos que muito realizaram em favor do povo, casos raríssimos hoje em dia, lutam para permanecer na memória do eleitor.

Evidentemente que não se pode dizer o mesmo dos famigerados mensalistas, que escrevem o mais triste capítulo da história republicana.

No caso particular desses elementos, ao se aproximarem de seus pares, têm sempre em mente alguma armação contra seus compatriotas.

Teriam eles, para o bem da Nação, a imperiosa necessidade de permanecer isolados, de preferência numa solitária, e sem usar celulares.

O mal que causam é letal, quando propõem as desastradas reformas, como a da Previdência, que pretende acabar com as aposentadorias.

Se for aprovada como proposto, o cidadão terá que trabalhar mesmo após a morte, para ter direito à reles remuneração que determinam.

Deve ser realmente trágica e angustiante a solidão, pois até mesmo Jesus, no Calvário, em desespero, sentiu a ausência de companhia.

O sofrimento que lhe era impingido não conseguia superar a dor da solidão, quando proferiu a frase: - Pai, por que me abandonaste?

Hodiernamente, os jovens estão praticando estranhos hábitos de relacionamento, iniciando a vida conjugal antes mesmo do casamento.

O despreparo para a vida a dois, mormente em plena juventude, leva inocentes moças e rapazes a assumir prematuras responsabilidades.

Mas incomoda-nos particularmente saber que milhões de seres encontram-se abandonados, padecendo as agruras da fome e da sede.

Esqueléticos, maltrapilhos, totalmente desassistidos, perambulam pelas ruas, mendigando, na expectativa de que os irmãos os amparem.

Mas fica a certeza de que seu silencioso lamento ecoa em todo o Universo, e os que os ignoram ainda lamentarão por tê-los abandonado.

João Augusto Maia Gaspar

Em 06.05.2007

jaugustogaspar
Enviado por jaugustogaspar em 20/07/2011
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