FAMÍLIA DE JOVEM MORTO SERÁ INDENIZADA

Foi este o teor da notícia que a imprensa divulgou, e que me faz refletir, diante da inusitada situação.

A família do rapaz assassinado, pelo que li, receberá um valor em libras, a título de compensação .

Menos mal que assim procedam, todavia, não consigo atinar com valor justo para a irreparável perda.

Imaginemos, por hipótese, que os súditos da Rainha decidam pagar 300 mil libras à enlutada família.

Logicamente que, com esse valor, poderiam comprar até mesmo um Rolls Royce, para exemplificar.

Imaginemos aquele humilde senhor, pai do rapaz, desfilando em sua Gonzaga no luxuosíssimo carro.

Ainda assim, creio que a Inglaterra ficaria muito a dever, pois uma vida humana merece valor mais alto.

Devemos ressaltar que o infeliz rapaz não foi morto por policial brasileiro, despreparado e mal pago...

Ele foi assassinado, com cinco certeiros tiros na cabeça, por integrante da elite policial britânica.

Juro que ouvi um senhor afirmar, na ocasião, em depoimento à TV, que presenciou uma execução.

Ora, o moço não conduzia arma e, segundo informes da imprensa, o policial não estava uniformizado.

Valendo-se do vigor físico próprio da idade, o jovem decidiu correr, ao notar que estava sendo seguido.

Evidentemente que, por nada dever, por não ter cometido delitos, sequer pensou no fuzilamento.

Morreu por ser jovem e ter forças para correr, ao deparar-se com situação que não conseguiu decifrar.

Mas voltemos à indenização, que está me enchendo de dúvidas, por seu caráter no mínimo estranho...

O mundo assiste estarrecido, mais uma vez, a uma guerra no Iraque, que não sabemos como terminará.

Repórteres dos principais jornais e emissoras de televisão noticiam, dia a dia, as mortes de inocentes.

Todos eles tiveram a infelicidade de estar no cenário das explosões, aumentando a legião de injustiçados.

Os matadores desses infelizes, presumo, jamais serão julgados, são inocentados pela própria guerra.

Será que dirigentes de países da coalizão de forças responsável pelas mortes já calculam indenizações?

Especialmente diante da situação atual, quando o futuro da humanidade está tão seriamente ameaçado,

Revigoram-se as ações relativas ao rearmamento nuclear, que julgávamos definitivamente enterrado.

A irrelevância da ONU no cenário internacional constitui-se desastrada perda para toda a humanidade.

Irreparável é uma morte, em qualquer lugar, qualquer que seja a circunstância em que venha a ocorrer.

Não vejo diferença entre a morte de um civil, um soldado, um general, uma rainha ou esse infeliz rapaz.

Diferentes são as reações das pessoas, dependendo obviamente do sentimento que nutriam pela vítima.

E volto ao Iraque,com os horrores da guerra, onde vemos cidadãos, como zumbis, a chorar seus mortos.

Ninguém em sã consciência aprova esses tormentos, essa carnificina desenfreada que temos assistido.

Infelizmente, interesses econômicos inconfessáveis forçaram o conflito, com as drásticas conseqüências.

Zombar dos organismos internacionais , como a ONU, serviu apenas para confirmar os prognósticos.

A necessidade do revigoramento da Corte Internacional de Haia torna-se imperiosa, mormente agora.

Devemos respeitar a dor das famílias enlutadas, e atribuir uma paga justa para cada ente perdido.

Afinal, a morte de um jovem, para seu país, é tão relevante quanto a de uma rainha, para seus súditos.

João Augusto Maia Gaspar

Em 01.08.2005

jaugustogaspar
Enviado por jaugustogaspar em 21/07/2011
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