O NEPOTISMO E SEUS EFEITOS NA ECONOMIA NACIONAL
Ou o Brasil acaba com a prática do nepotismo, ou os corruptos colocarão a última pá de areia sobre o caixão do País.
Nepotismo é o favorecimento de parentes, em detrimento de pessoas qualificadas, para exercer cargos públicos.
Embora ofenda o princípio da moralidade administrativa, comprometendo a gestão ética, continua sendo praticado.
Políticos, governantes, juizes e administradores de empresas públicas sempre encontram formas de burlar a Lei.
O importante para eles é seu próprio interesse, em detrimento da vontade do patrão, o cidadão que paga imposto.
Tal distorção também ocorre quando o funcionário é promovido em virtude de relações de parentesco com o Chefe.
Invariavelmente, esses procedimentos acarretam revoltas nos preteridos, que, em represália, prejudicam a empresa.
Sempre em defesa do próprio bolso, os déspotas criam novos cargos na administração, para beneficiar os protegidos.
Movidos unicamente pelo ganho fácil, os apaniguados nunca se adaptam ao trabalho,gozando da bênção do padrinho.
O fato gera animosidade na organização, e, para aparar arestas, conseguem alocar-se em assessorias remuneradas.
Empresas bem geridas dispensam essas burlas, tanto pelos danos ao patrimônio, quanto pelo mal estar que geram.
Segundo estudo das biólogas Hannoen e Sundstrom, da Universidade de Helsinque, até formigas praticam nepotismo.
Em análise de espécies confinadas, constataram que formigas operárias agiam de forma a favorecer suas parentas.
Uma espécie do inseto, denominada Formica fusca, quando isolada de sua rainha, era discriminada pelas demais.
Sem a ligação fraternal, as operárias reduziam os suprimentos destinados às larvas e à rainha, que perdia fertilidade.
Especialmente em nossa cultura política, o arraigamento do nepotismo é tão sólido, que desafia qualquer lei punitiva.
Favorecimento de parentes e até mesmo de quengas, é prática usual e costumeira, em todos os escalões do Poder.
E assim agem juizes,usando tal artifício para empregar, muitas vezes, todos os familiares, como ocorre na Paraíba.
Insensíveis à opinião pública, manifestadamente contrária à ilicitude, muitos deles são praticantes contumazes do ato.
Tramitam no País várias leis e medidas provisórias,visando coibir a prática,tentando reduzir a dilapidação do tesouro.
O País hoje tenta digerir a fala do ex-presidente da Câmara, que afirmou que empregava seus filhos por competência.
Será que esses homens ignoram que as universidades lançam no mercado, anualmente , tantos jovens competentes ?
Nem sempre esses estudantes conseguem emprego, dentre outros motivos porque apadrinhados ocupam os postos.
Afinal, até quando teremos que conviver com tanta arrogância, ganância, egoísmo, sem-vergonhice e descaramento?
Enquanto os afilhados políticos são presenteados com cargos graciosos, os demais têm que se submeter a concursos.
Costumeiramente, enfrentam a concorrência de milhares de candidatos , em dificílimos testes, para poucas vagas.
O jeitinho, o levar vantagem em tudo, consolida-se na vida nacional, incorpora-se à deseducação da casta dominante.
No seu estudo, as biólogas, deveriam ter estendido a pesquisa aos cupins, espécie mais familiarizada com essa raça.
O apetite desses desonestos, que contrariam as regras básicas da moderna administração, não tem limites, no Brasil.
Mesmo conhecendo as leis que proíbem o nepotismo, desrespeitam-nas, na certeza da impunidade para seus crimes.
Interagem em órgãos públicos, negociando os empregos de melhor remuneração, sempre providos por protegidos.
A festa com o dinheiro do contribuinte já integra a cultura nacional, malgrado os esforços para combater a sangria.
Não satisfeitos com os milhares de cargos existentes, em variados setores da administração pública de todo o País,
A cada novo governo,são criados ministérios, superintendências, aspones, diretorias, secretarias e outras porcarias.
Corruptos findam por transformá-los em cabides de emprego, para abrigar indicados pelo partido político dominante.
Interessante é que as novas unidades paridas não ensejam a extinção das existentes, em respeito aos seus caciques.
O fato contribui para inchar a administração pública, dilapidar a Previdência Social e demolir a esperança de mudança.
No passado,Rui Barbosa disse que de tanto ver triunfarem as nulidades,de tanto ver crescerem as injustiças, de tanto
Agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se de honra, enfim,
Logo, passa a ter vergonha de ser honesto , confirmando nossa afirmação de que os corruptos colocarão a última pá.
João Augusto Maia Gaspar
Em 03.12.2005