Julio Prestes de Albuquerque

Julio Prestes de Albuquerque nasceu em Itapetininga em 15/03/1882

Um poeta, advogado e político brasileiro, morreu em 09/02/1946

Lembrado como o último presidente do Brasil na República Velha

Impedido pela Revolução de 30 não assumiu o cargo de presidente

O único presidente eleito pelo voto popular impedido de tomar posse

Prestes foi o último paulista a ser eleito presidente do Brasil

Recebeu o título de 13º e último presidente de SP (1927-1930)*

Em seguida foi substituído para se candidatar a presidente do Brasil**

Seu pai foi o 4º presidente de SP, Dr. Fernando P. de Albuquerque

Tornou-se o 1º brasileiro a ser capa da revista Time em 23/06/1930

Era graduado em direito na Fac. de Direito de SP e se formou em 1906

Seu casamento foi com Alice Viana Prestes, com quem teve três filhos

Dedicou-se a carreira política a partir de 1909

Elegeu-se Dep.estadual em SP pelo Partido Republicano Paulista (PRP)

Apresentou projetos que criaram o Tribunal de Contas de SP***

Legislou a lei que incorporou a Estrada de Ferro Sorocabana

Baniu na Revolta paulista de 1924 rebeldes da região Sorocabana ****

Um de seus feitos foi criar pensões e aposentadorias dos ferroviários

Quando foi reeleito deputado federal teve 60 mil votos (1927-1929)

Um recorde de votação no Brasil para aquela época

Em 14 de julho de 1927 assumiu o governo do estado de São Paulo

Retomou a construção de estradas de rodagem

Quase um ano depois inaugurou o serviço telefônico automático em SP

Uma campanha de combate a hanseníase promoveu em seu governo

Em 1929 foi indicado a sucessão presidencial por Washington Luís

Informações Complementares:

* Naquela época o cargo de presidente de um estado representava o cargo de governador nos dias atuais

** Seu sucessor foi Heitor Penteado

*** Criou também a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

**** Nesta época atuava na Coluna Sul junto com Ataliba Leonel e Washington Luís Pereira de Sousa

§ Dos 20 governadores de estado da época, apenas três deles ofereceram apoio a Prestes

§ Foram os governos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba

§ O candidato a vice foi Vital Soares, presidente da Bahia até então

§ As eleições foram realizadas em 1º de Março de 1930

§ A apuração terminou em maio do mesmo e Prestes foi eleito chamado de “Candidato Nacional”

§ Obteve 1.091.709 votos contra 742.794 votos recebidos por Getúlio Vargas “Candidato Liberal”

§ A revolução de 30 teve ínico em 3 de outubro

§ Washington Luís foi deposto por um golpe militar gestado na capital federal

§ A junta militar entregou no dia 3 de novembro o poder para Getúlio Vargas

§ Nos quatro anos de exílio Julio Prestes voltou a fazer poesia

§ Um dos seus poemas mais conhecidos se chama “Brutus”,uma homenagem ao seu cachorro

§Foi fundador da União Democrática Nacional (UDN)

Frase de Julio Prestes:

O que não compreendo é que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo

Civilizado!

Poema de Julio Prestes

BRUTUS

Depois dos meus, daqueles a quem devo

Desde o ser ao que sou, ora te digo,

O Brutus foi o meu melhor enlevo

E o meu maior amigo

Ao mundo veio quando a Humanidade

Se estercia na crise que lavrava

Com um incêndio enorme, apocalipse,

Devorando nações e dinastias.

- Ao mundo veio quando a terra toda

Era presa das chamas em que ardiam

Deus nos altares, no homem – o caráter:

Quando tudo mudava e quando, ao certo,

Amizade e traição se confundiam,

Da honra a noção nos homens se apagara

Do justo se apagara o são princípio.

- Ao mundo veio assim como um exemplo

E um castigo de Deus na sua inerrancia

Na onisciência perfeita em que se plasma.

Seis lustros percorri, marcha batida,

De vitória em vitória, na existência,

Sempre na torre do comando, sempre

Nas serranias que o Poder levanta.

Até que um dia me exalcei ao cume

Do mais alto poder que a pátria ostenta

E encontrei-me entre Reis, entre Monarcas,

Chefes Civis e Príncipes de Igreja...

Todos cujo o poder do mundo inteiro

Encerram em suas mãos... E os meus amigos,

Exército incontável, fauna imensa,

Em progressão geométrica crescendo...

Neste ponto interrompo a narrativa...

A mim também chegou-me o mal do mundo,

Desci das posições que conquistara

As planícies da Vida. E vim sozinho.

- Onde os meus amigos que me acompanhavam?

Onde o valor dos chefes militares?

Cuja é a promessa dos vasalos? Onde?

Onde os chefes civis que me seguiam?

E o poder dos Monarcas, e as alianças

De outras nações? Onde o poder do Ouro

De banqueiros que chegam a ignorar-me?

Tudo, tudo falhou, que tudo falha

Quando na vida um passo em falso damos.

Mas, se tudo falhou, nesse momento

Não me falhou o cão cujo caráter

Pôs Deus acima do Poder humano

Para vergonha e exemplo desses homens

Que estão abaixo de seus pés... O Brutus

Como que tudo compreendendo, como

Com a alma divina penetrando

Meus próprios pensamentos, acudia

Ao mais incerto gesto ao mais incerto

Manifestar de uma vontade minha:

E era como se fosse a minha sombra

Mas, não sombra sem vida, sombra inerte

(Mancha que a luz projeta e a luza apaga)

Sombra viva da dor e da alegria.

A sombra da alma é que ele projetava,

Qual desvelado e vigilante amigo.

Esse, sim não Faltou. O amigo existe.

E a palavra amizade que fugira

Do coração dos homens, tem seu trono

No coração dos cães.

Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T3175672
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