A Eternidade da Obra

Eu sou um sabiá, que canta em todos os quintais,

que desce da noite vazia e enche o peito de ar para entoar a poesia divina de vida.

Eu sou o sabiá, que desafia a cenzala da noite fria e junto a ânsia noturna de chuva, vela a saudade apaixonada de Maria.

Eu sou o sabiá, que ao final da tarde carmim vem ao dorso da flor ameaçada de morte, dizer que o amor é a continuidade da espécie.

Eu sou o sabiá que nina no colo da mãe o futuro em lágrimas de dor.

Eu sou do norte

O Dom Quixote,

Que ousa desobedecer as horas para entranhar na alma desfalecida e assim libertar a loucura.

Eu sou o sabiá, enfante, matreiro, senhor do ar,

Que diz ao mundo, que viver é divino e que vale lutar para não morrer de tédio, nessa estrada, que os homens teimam em mudar.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 17/01/2007
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