GABRIELA MISTRAL

Áurea alma,

maternidade oriunda

da dádiva de si mesma.

Fluxo e refluxo de grandes rios

que transbordam do coração dos homens

consoante o deus que os habita.

Teu reino dos doces pezinhos descalços

ainda está por aqui...

e no fogo das bocas,

alguns rostos de homens

ainda encontram remanso

no linho-menino dos teus versos,

e esperança

às romanescas impossibilidades humanas,

às rubras horas do eu sozinho.

Aí estão teu pão e teu milho,

cultivados pelas almas

que não se calam diante do que se fecha

que não se calam diante do que se impõe.

Que destituem do trono da verdade

as falsidades metamorfoseadas

de doçuras.

Porque límpido era o teu coração,

como o Justo que tanto cantaste.

Como o lenhador cansado,

que, perdido na noite,

através dos campos do teu amor

encontrou enfim,

o caminho para o lar.

Teu coração de lenho santo,

ainda nutre as chamas de todos aqueles

que te amam.

E saciando esta minha fome

de beleza e verdade

em tua seara poética,

que retifica

o labirinto do coração,

em ouro na alma,

e ao nível das santas,

plasmo-te,

usando o sagrado cinzel

dos teus versos.

(Direitos autorais reservados) - Janeiro de 2004

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 02/02/2007
Reeditado em 09/01/2009
Código do texto: T366709
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