O Sucesso de Ifá

Ifa chegou a este mundo antes de seus mensageiros Legba, Miñona e Abi, que estão sob

suas ordens, ao contrário de Igbadu que esta acima dele.

Criado por Mawu, Ifa desceu do céu trazendo para a terra todas as arvores, todas as

plantas, todos os animais, todos os pássaros e todas as pedras.

Naquela época, existia sobre a terra somente um protótipo de ser humano, muito

pequeno, negro e muito parecido com o homem.

Ao chegar ao Aye, Ifa transmitiu todo o seu conhecimento a este estranho ser, a que,

deu o nome de “Koto”.

Logo que Mawu criou os seres humanos, Koto transmitiu-lhes toda a ciência que havia

recebido de Ifa: o conhecimento de todas as coisas e principalmente, o conhecimento do

próprio Ifa.

Koto, que sabia o nome de tudo quanto existia, ensinou-os aos homens, esquecendose,

no entanto, de transmitir o nome de uma única arvore, a qual os homens chamaram de

“Kotoble” e depois de Wugo.

Assim, foi apenas a uma única arvore, dentre as coisas que existem no mundo, que os

homens deram nome.

Num tempo em que Ifa era pobre, consultou seu Kpoli para saber de que forma poderia

mudar de vida e conquistar a simpatia de Metolõfi, que não gostava dele.

Na consulta, surgiu Oturukpon Meji, que mandou que pegasse um cabrito, uma

cabaça, todas as frutas redondas que encontrasse e preparasse um ebó, que deveria ser

levado a sua mãe e entregue com as seguintes palavras: “Veja minha mãe, eu nunca recebi

desta vida qualquer alegria. O rei deste pais não gosta de mim. Oturukpon Meji me disse que

oferecesse este sacrifício, pois de ti depende minha sorte nesta vida”!

Ifa, no entanto respondeu: Isto é impossível. Minha mãe não está aqui. Ela partiu ha

algumas semanas para uma reunião em lugar muito remoto. De que maneira, estando ela

ausente, poderei oferecer-lhe o ebó?

Legba intervindo disse: “Em troca de alguma coisa que me ofereças, reaproximarei tua mãe de ti. Em pagamento quero um galo e alguns bolos”.

Ifa pagou o exigido a Legba que, durante a noite, procurou sua mãe e lhe disse: “Seu

filho está morto já fazem quinze dias e não há ninguém para oficiar seus funerais. Anda, vá ao

pais de Metolõfi para fazer a cerimônia”.

Desesperada a velha pôs-se a chorar, dizendo: “Que fazer? Sou tão velha, mal posso

andar...”

“Dá-me qualquer coisa que te transportarei”, disse Legba.

A velha possuía um bode que tinha doze chifres na cabeça, ao vê-lo Legba falou: “Se

me deres este bode de doze chifres, te levarei, agora mesmo, para junto de teu filho”.

“Mas este bode não é meu...”Respondeu a velha. “...ele pertence a Vida. Ele me foi

confiado e está sob minha responsabilidade”.

“Se não me deres o bode, sem dúvida não poderei ajuda-la”.

“Tudo bem, carrega-o! Eu já perdi tudo o que tinha para perder, o bode não fará

diferença!”

Legba, pegando o bode, matou-o. O sangue que escorria do corpo do animal era fogo

que espalhando-se, cobriu o corpo de Legba. Aterrorizado como tão estranho acontecimento,

Legba foi consultar Ifa e na consulta surgiu Oturukpon Meji, ordenando que os intestinos do

bode fosse retirados e oferecidos em sacrifício, num caminho qualquer.

Naquele tempo, Legba não possuía cabeça e pegando a cabeça do bode, colocou na

panela para cozinha-la. Durante dias e dias, Legba insistiu na tentativa de cozinhar a cabeça

por mais que gastasse lenha, nada conseguia.

Cansado, resolveu procurar a mãe de Ifa e, para isto, transportou a cabeça e a carne

do animal até o reino de Metolõfi.

Para conduzir a enorme panela, Legba derramou a água nela contida, preparou uma

rodilha que depositou sobre os ombros pra servir de base a panela que estava

completamente enegrecida pela fumaça. A rodilha fixou-se em seus ombros, transformandose

em pescoço e a panela transformou-se um cabeça e Legba descobriu que agora, como

todo o mundo, também possuía uma cabeça. Alegre pôs-se a cantar:

Eu operei uma magia em meu caminho,

Assim adquiri uma cabeça!

Eu saí sem cabeça para uma viagem,

retorno agora para casa com cabeça!

Desta forma, chegou diante de Ifa, que também era desprovido de cabeça.

Ao tomar conhecimento do destino do bode, Ifa exclamou revoltado: “Como? Já paguei

a Legba por seus serviços! Ele recebeu de mim o exigido e ainda conseguiu uma cabeça!...”

Zangado, preparou seu ebó composto de várias frutas redondas e o entregou a sua

mãe, para que o conduzisse a Metolõfi.

Entregando as frutas ao rei a mulher disse: “Eu venho de muito longe em

reconhecimento ao seu nome. Como não sou rica, aceite estas coisas. É tudo o que tenho

para oferecer!”

Metolõfi, ordenou que a mulher pegasse um mamão e que o cortasse em duas partes

iguais. As sementes negras se derramaram e o mamão, colocado sobre os ombros de Ifa, ali

se fixou, transformando-se em cabeça.

Notando que a mulher estava cansada, o rei mandou que lhe oferecessem uma

esteira, mas ela negou-se a sentar-se na presença de Sua Majestade. De tanto que o rei

insistisse, a mulher acabou sentando-se sobre algumas almofadas.

Vendo-a acomodada e mais calma, o rei perguntou qual era o seu nome, ao que lhe

respondeu, afirmando chamar-se “Nã”. Metolõfi então disse: “Nã Taxonumeto” (aquela que

coloca uma cabeça nas pessoas).

Depois deste fato, pra que as crianças possam receber uma cabeça, as mães devem,

durante a gestação, pedir a proteção de Nã Taxonumeto todos os dias.

É sob este signo que as crianças vem ao mundo “de cabeça”.

Ifá tornou-se muito conhecido graças a sua mãe e ao bode de doze chifres que não

era outro senão o próprio Sol.

Foi através do fogo misterioso do bode, que Legba adquiriu controle sobre as chamas

e visão para compreender as mensagens surgidas no Oráculo.

Foi desta forma que Legba e Ifa, conseguiram cabeças, graças a Oturukpon Meji que

rege tudo o que e redondo, como redondas são as cabeças.

Aquele que encontrar este signo, deve oferecer um sacrifício para não ser perseguido

pela má sorte. Sua mãe terá um papel muito importante em sua vida, cujo sucesso depende,

quase que exclusivamente, dela.

Maita
Enviado por Maita em 06/06/2012
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