O Passeio

Abro as cortinas e a janela do meu quarto. Nossa, o tempo está meio nublado e faz um pouco de frio, mas tem um solzinho. São quatro da tarde e eu finalmente resolvo “desenfurnar”, como diria minha mãe. Não sei o que me deu hoje. Não quero ficar aqui trancada, na frente do computador, absorta no meu mundo de palavras lidas e escritas. Sem pensar, me arrumo e saio.

O vento na pele, depois do banho, da uma sensação de frescor deliciosa e os meus pulmões parecem até mais abertos para o ar puro do fim da tarde. Vou andando pela rua pouco movimentada sem me preocupar com a hora. Meu bairro é bem bonito; calmo, arborizado. Sinto uma paz.

Vejo um garoto subindo de bicicleta. Automaticamente arrumo meu cabelo. É estranho, mas é quase impossível a gente não se olhar, apenas pelo fato de sermos menino e menina (ou será que deveria dizer homem e mulher?). Você deve estar pensando agora: eu não olho todas as pessoas que passam por mim só porque são do sexo oposto. É, eu também não. Mas eu sabia que ele ia me olhar e queria olhar pra ele também. Um segundo e nada mais. Começo a pensar nessas coisas de filme, de encontrar um grande amor numa ida ao mercado, à locadora ou ao parque. Será que vou encontrar alguém legal no meio do caminho? Duvido muito. Uma amiga minha diria que com esse pessimismo não iria encontrar mesmo.

Vejo uma praça e resolvo parar ali. Não há ninguém. Sinto vontade de fechar os olhos e fecho por alguns instantes. Respiro fundo. Me sinto mais viva, mais sensível ao mínimo detalhe que antes, passaria despercebido. Apesar da tranqüilidade do momento minha mente não para. Milhões de coisas se passam pela minha cabeça. Os pensamentos atropelam-se uns nos outros e as palavras... Ah as palavras (elas não me abandonam). Teimam em ficar se organizando, se juntando (talvez com medo de se perderem umas das outras), loucas para saírem da imortalidade do meu eu.

O sol já está indo embora. Resolvo ir também. De volta ao meu quarto-mundo, fecho tudo novamente. Me sento em frente ao computador e me ponho a escrever.

AnaLuz
Enviado por AnaLuz em 30/07/2007
Reeditado em 30/07/2007
Código do texto: T585896