Rascunho de homem

O amigo dele me ligou dizendo que ele tinha terminado. "Pode aceitar sair numa boa que não vai dar nada". Sim, o amigo dele intercedeu e me disse isso. Acabei cedendo. Quinze minutos depois ele estava na minha porta. QUINZE MINUTOS. Entrei no carro, olhei bem fundo e perguntei "você tem certeza de que não tá fazendo nenhuma merda, né?". Ele só sorriu e respondeu mais uma vez o que eu queria ouvir. Esse era o problema. Eu queria ouvir aquilo, queria aquela resposta e fui sem dever porra nenhuma a ninguém. Aquela noite poderia ser o início de algo diferente. Mas adivinhem... não foi. Claro. Acordei no dia seguinte com a ligação de uma amiga com a notícia de que era mentira. Tudo aquilo era mentira. Era só pra me levar pra cama. De novo. E eu sei que você pode até me chamar de trouxa, otária ou ingênua, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dele. Eu posso colocar num outdoor as coisas que eu faço sem me preocupar se alguém vai julgar ou achar ruim. Problema de quem achar. Já ele? Não pode nada. Não pode dizer onde está, com quem está, o que faz ou deixa de fazer. Mal sei como dorme. Mal sei como consegue olhar na cara dela e jurar um monte de coisas. Não sei como. O que eu sei é que caí mais uma vez naquela conversa e sou inocente. Bandido é meu coração que insiste em dizer que gosta. Talvez eu seja um monte de coisas que o seu julgamento dirá, mas ao menos eu fui inteira, sincera e verdadeira. Isso ninguém tira de mim. Meu caráter está intacto. O peito não, mas isso eu ajeito depois. A verdade é que a gente vai aprendendo a lidar com as merdas ao passar dos danos. Eu ainda tenho uma Vida. Ele tem uma mentira.

G.L
Enviado por Manuela Papale em 22/08/2018
Reeditado em 22/08/2018
Código do texto: T6426917
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