O RIO DA MINHA VIDA

Acrosticonto

 

 

Não tive como esquecer aquele rio de águas transpantes, ele me impressionou e passou a fazer parte da minha vida, mesmo eu não querendo que fosse assim.

 

A vida não sorri para mim, não consigo entender o porque, nem sei se é isso o que meu coração quer, mas vou seguir em frente e ver no que vai dar, não podemos mudar o curso de nossas vidas e nem o destino que nos aguarda.

 

Na margem do rio eu me sentava e ficava a admirá-lo, meu coração batia no mesmo sentido dele, eu queria tanto que ele levasse minhas mágoas, mas simplesmente elas permaneciam comigo a tirarem o meu sossego.

 

A minha infância foi sempre assim, a minha juventude também, agora vendo os anos passarem e eu amadurecendo algo me impulsiona para a frente, algo que nem sei o que é. Talvez descubra, talvez não.

 

Gostava daquele lugar, o rio passava levando galhos de árvores e outras coisas, me dava aquela vontade de me jogar nele, mas eu me continha, ficava imaginando o que poderia acontecer em outra vida caso eu sucumbisse.

 

O rio era a minha distração, mas isso não me impedia de pensar num grande amor, de mudar minha vida, de ser feliz como tantas outras pessoas. Meu trabalho era monótono, minha vida vazia, meus sonhos pareciam estar muito distantes.

 

Não desistia de ficar diante daquele rio, tentava me convencer que ali era o meu lugar lutando contra um força invisível que queria que eu me afastasse dali. Nada tirava da minha alma a vontade de seguir em frente como desse rio.

 

Cada minuto ali era como uma eternidade, eu me envolvia com o silêncio reinante e só o barulho das águas era ouvido. Minha vida estava passando e eu ali inerte. Minhas noites eram vazias, sonhava com o rio me levando, para onde não sabia.

 

A infância passou, adolescência também, já me via um homem feito e queria escapar daquela situação lutando contra mim mesmo. Muitas batalhas venci, comi o pão que o diabo amassou, vieram as vitórias que eu tanto queria.

 

Logo me vi diante de um grande amor, pelo menos eu imaginei. Bens, dinheiro, sucesso, chegaram até mim e aí me casei. A vida a dois me deu uma aparente paz, me abri ao Universo e pedi luz. O tempo foi passando e já na meia idade essa bendita paz foi sumindo.

 

Vi que não era aquilo que queria, nem sabia na verdade o que queria, tudo era muito confuso. Ia lá no fundo da memória em busca de algo que já tinha feito ou que deixei de fazer, mas não encontrava repostas.

 

E nesse momento voltei ao rio, relembrei coisas do passado, percebi o quanto aquele rio era importante para mim. Aquele lugar era o único que me fazia bem, ali estavam meus sonhos, meus desejos não realizados.

 

Sentei ali e decidi que não mais sairia dali, esse sim era o meu lugar, ali naquele rio muita coisa poderia acontecer e eu tinha que esperar, a minha vida se resumia nele. Olhando suas águas passarem prometi a mim mesmo que ali era o meu lugar.

 

 

 

 

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Baseado no conto TANTA VIDA, da escritora/poetisa Nana Gonçalves, publicado aqui no RL em 10/8/23.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 12/08/2023
Reeditado em 12/08/2023
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