INIMIGO SECRETO

Entramos num dos meses mais festivos de nosso calendário cristão. Dezembro. Décimo-terceiro, Natal e vistas esperançosas por um ano novo. A cidade se enche de luzes e canções. A despeito de estarmos vivendo uma sucessão de dias intranqüilos, provocados por uma progressividade de violência, a maioria dos homens, neste mês, deixam transpirar aquilo que também é inato no ser humano: a bondade. É como se cada um de nós estivesse empunhando uma bandeira branca. Gesta-se uma trégua. Voltamos a ouvir, os pedidos de “com licença”, “obrigado”, “a senhora primeiro”, “por favor”... voltamos a observar sorrisos despidos de desconfiança. Os vários corais existentes na cidade fazem as emoções verter sinceras lágrimas. Os crentes buscam mais e mais os seus templos à procura de orações.

Assim, amor, esperança, solidariedade, respeito ao próximo, confiança e a confraternização desfilam graciosamente pelas ruas e pelos lares de nossa cidade.

A população economicamente ativa promove seus merecidos festejos. Os happy hours parecem ser uma função quase obrigatória. Durantes os comes e bebes, a oportunidade de um colega conhecer melhor o outro. A esperada troca de presentes por ocasião do amigo secreto é uma prática cada vez mais usual no ambiente de trabalho e doméstico.

Um dos “poréns” que podem ofuscar o brilho festivo do dezembro é um inimigo secreto que está presente em qualquer festejo. O inimigo secreto o qual nos referimos é a inabilidade que a maioria da população tem com a ingestão da droga álcool, profusamente incentivada pelos meios de comunicação. Mormente, nesta época do ano, jovens e adultos estarão mais sensíveis aos apelos da propaganda etílica. Converse com a vanguarda boêmia sobre o atraso que ocorre no comando do cérebro ao joelho de um bebedor que quer frear o seu veículo, após umas imoderadas doses. Dialogue com seu ente querido. Lembre-lhe que o porre, por ser ridículo, é certamente o caminho mais curto para a ignóbil função de bobo da corte.

Apenas uma sugestão: ao invés de presentear alguém com uma garrafa de alcoólico, ofereça um livro. Teremos mais chance de termos uma nação mais educada e mais cheia de amor para dar.

BOAS FESTAS!

*Luiz Celso de Matos é Técnico em Reabilitação de Dependentes Químicos

E-mail: andrausdematos@yahoo.com.br

Luiz Celso de Matos
Enviado por Luiz Celso de Matos em 29/12/2007
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