Cada vez mais

Seu olhar tem mais poder que energético,

era ele que derrubava meu lado forte;

que servia, a qualquer dor, de analgésico;

fez-me acreditar, algum tempo, em sorte;

mostrou-me o valor de um milésimo

e amenizou minha dor causada pela morte,

era ele que traduzia seu valor ético...

Ontem tive mais um sonho com você,

seu sorriso vencia meu controle emocional novamente,

como no tempo que não precisava esconder

meu desejo, meu amor, meu sonho adolescente,

nele não existia possibilidade de lhe perder,

tive plena coragem para seguir minha mente

até cessarem as vontades... a sua mercê.

Zerei minha cota de autocontrole e obediência,

não quero mais me enganar e mentir,

sua voz traduzia tanta paz e inocência,

eu não quero mais ter que fingir

não amar seu jeito, adorar sua inteligência

e, à lembrança dos seus beijos, sucumbir,

queria poder esquecer você e sua essência...

Insultei o divino numa tentativa de entender

o motivo pelo qual não consigo mudar,

não consigo voltar ao normal, sem viver,

pelo qual só sei e consigo amar

quem não pode (nem deve) me ver,

um anjo com quem só posso sonhar

e ser condenada a tudo isso saber...

Não me envergonho mais do meu amor,

mas isso já não faz nenhuma diferença,

pois minha situação atual só gera dor

de aceitar a verdade, toda esta sentença,

que é ficar na solidão, sem cor,

sem realização prazerosa e só na crença

de algum dia alcançá-lo, ser superior...

Hoje meus sonhos estão numa folha digitada;

num poema feito somente para esse alguém;

numa mensagem sincera, que é apenas armazenada;

num cartão que nunca foi enviado também;

numa foto que só pode ser olhada;

nas orações esperançosas que faço como ninguém;

nas lembranças guardadas em uma memória equivocada.

Antes de você, não queria me importar

com minha exclusão, com o que digo

ser o medo bobo de não enfrentar,

de lutar pelos sonhos... ainda não consigo

e ainda sonho que poderia lhe conquistar,

mas você só quer ser meu amigo,

então adoraria não querer mais lhe esperar...

Pri Rocha Sánchez
Enviado por Pri Rocha Sánchez em 26/02/2008
Reeditado em 18/09/2008
Código do texto: T876956