Giramundo

Saiu sem rumo, rodopiando,

Zunindo a fazer rodamoinho

Extremo Oeste do Rio de Janeiro,

Irreverente, predestinado

E ansioso a consertar o mundo.

Um giramundo a bailar no vento

De longe o mar avistou e sorriu

No solo viu telhas sobre telhas

Nas águas conchas sonoras

Das quais outrora a cal se fazia.

Casebres de argila, nas vidraças

Olhar perdido, vestias floreadas.

Partia-se a Paraty e banhos largos

Folhas secas que não se apanha

No refrescante entardecer de luz.

Inventar poesia ao anoitecer

De cada dia a Maria Leopoldina

E Joana D’ark a heroína.

Sepetiba iluminada arrebatada

A ilustrar talvez doces meninas

Incrustado na alma vive o amor

Nos versos limites do mundo

Um giramundo como eu jaz

Do nada tudo viu, do tudo nada disse

Tão-só delineou a vida que adveio.