Do Alto Douro à Ilha dos Amores

das
ribeiras
d’Douro
descendem
meus
filhos

encontro
marcado
São Cipriano
deu-me
outra
metade

de
Covelinhas
sonhando
co’eldorado
partiu
deus - lindo.

nos
esses
d’estrada
desceu
a
serra

atravessou
o
atlântico
foi
para
Santa Cruz

amada
em
verdes
anos
o
esperava

foram
dezoito
anos
de
inocente
espera

destino
a
teia
tece
com
desvelos

a
teia
principal
leva-o
ao
trabalho

a
Cidade
Maravilhosa
acolhe -o
em
família

singrando
os
mares
chega
ao
nordeste

estabelecendo-se
na
Ilha
Dos
Amores
São Luís - MA.

universo
imigratório
somente
uma
carta
chegando

entretanto
no
baralho
falta - lhe
uma
rainha

pois
sonhava
com
uma
dama
filhos

precisava
muito
trabalhar
para
sonhos
realizar

teve
então
ideia
dum
jogo
organizar

com
capital
emprestado
montou
um
bazar

pouco
tempo
depois

eram
dois

mais
algum
tempo
e
eram
três

agora

se
achava
um
valete

foram
muitas
damas
a
lhe
assediarem

o
valete
se
divertiu
aproveitou
bastante

até
que
percebeu
um
certo
vazio

queria
agora
colocar
cartas
à
mesa

pretendia
completar
as
peças
do
jogo

rei
de
espadas
quer
sua
dama

somente
encontrava
muitas
damas
de
paus

as
de
copas
pareciam-lhe
mais
práticas

por
tanto
procurar
acabou
se
atrapalhando

embaralhou
cartas
encontrou
dama
de
ouro

mas
a
de
paus
se
aborreceu

tentando
vingar-se
esperneou
chantageou
ultrapassou
limites

entretanto
o
deus-lindo
elegeu
sua
consorte

queria
sua
dama
d’ouro
assim
aconteceu

bem-dita
deu-lhe
herdeiros
fê-lo
feliz

após
muito
tempo
quando
todos
desencarnaram

a
dama
d’ouro
atravessou
o
atlântico

em
homenagem
subiu
até
Resende,
Covelinhas

lembrando
seu
amor
elegeu-o
Rei
D’ouros

Rei
da
serra
do
Alto
Douro.

***
Texto experimental
Benedita Azevedo
***
Senhora da Hora / Portugal
26 de abril de 2013

Publicado no volume VI da Coleção Reflexos da Vida, da autora




 
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 15/12/2013
Reeditado em 15/12/2013
Código do texto: T4612257
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