MENINA DE OURO

Uma garota com um sonho em sua vida e determinada a realiza-lo: Lutar Boxe profissional.

A idade dela: 32 anos (missão quase que impossível).

Um treinador durão e preconceituoso, meio que sem querer, acaba por decidir treinar a jovem.

Ele tem seu maior desafio: ensinar Boxe profissional a ela.

Com uma condição: Ensinará a ela somente o básico. (daí ela "se vira" se depois quebrar o nariz e ficar chorando).

[Obs: O básico consiste em: movimentar-se dentro do ringue, manter o controle da respiração, aprender todos os tipos de socos e movimentos de ataque e defesa, todas as regras do Boxe, e a principal: Se proteger o tempo todo].

Ela aceita.

Surpresa! A garota começa bem, muito bem!

Já é uma profissional, participando de lutas e torneios regionais, em seguida, ela já está em competições nacionais.

Seu talento é confirmado em torneios importantes... começa a colecionar títulos...

Então, seu treinador escreve em seu roupão: “Mo cuishle” (em gaélico).

Todos gritam por esse nome: “Mo cuischle!”.

O último grande desafio...

Ela é inscrita para disputar o título mundial com a atual campeã “ursa azul”. Que tem fama de ser muito violenta e jogar sujo nas lutas.

Quando elas são apresentadas à imprensa para a grande luta com data agendada, no momento em que "ursa azul" vê quem vai ser sua adversária, ela diz (de forma a debochar) a seu empresário e treinador: "É contra essa garotinha que eu vou lutar? Rham!..."

No dia da luta, momentos antes do início ela pergunta a seu treinador: "Chefe (ele sempre detestou que ela o chamasse por esse nome), o que significa esse nome: 'Mo cuischle', que as pessoas ficam falando o tempo todo?"

- "Ganhe a luta que eu te digo."

- "Tá bom!", ela diz.

A luta começa muito difícil...

Mo cuischle não consegue encaixar um único golpe na adversária.

“Ursa azul” gosta disso e vai ganhando vantagem.

A certa altura da luta, percebendo o cansaço da desafiante, Ursa azul encaixa uma sequência de golpes certeiros nela, um deles faz romper seu supercílio direito. Que começa a sangrar, e mesmo com curativo ela perde parte da visão com o impacto do golpe, isso devido ao inchaço que ficou na região atingida.

Aproveitando-se disso, Ursa azul começa a jogar sujo e aplica golpes na adversária mesmo com ela no chão. Isso é totalmente contra as regras do Boxe profissional.

O árbitro interrompe a luta e a adverte: "Se você fizer isso novamente, vou retirar dois pontos de você, OK?"

A luta reinicia...

Ela torna a jogar sujo, infringindo, novamente, as regras.

O árbitro aparta as duas, chama "ursa azul" e diz: "Eu já havia lhe advertido, certo?..." - ele olha para os outros dois árbitros da mesa e fala: 'Retirem dois pontos da atleta desafiada.'" Em seguida, ele reitera a advertência: "Continue agindo assim, que da próxima vez terei

que desclassifica-la da luta, OK?"

O treinador da desafiante pede "tempo!":

- Ela é muito forte, chefe... é muito rápida, não consigo encaixar um só golpe nela," diz, Mo Cuischle.

- "Sabe por quê? Ela é jovem, porém, muito mais experiente que você, onde ela treinava só havia homens, ela não tinha escolha levou muita pancada na cara para adquirir essa força e resistência toda, ela sabe jogar e é melhor do que você. Agora escute bem o que vou lhe dizer: Eu coloquei seu nariz de volta no lugar, mas você tem somente 15 segundos para seu nariz estourar novamente, após reiniciar o combate, então irá esguichar sangue em cima dos árbitros da mesa para eles a desclassificarem por você não ter condições de combate. Ok? Agora, observe bem nela, o ponto fraco dela é o nervo ciático, observe que ela sempre se esquiva para proteger aquele local. Acerte ela ali, soque ela bastante e bem forte naquele local, acima das nádegas. Entendeu bem?"

- Uhum.

A luta reinicia, e logo "mo cuischle" vai pra cima da adversária que recebe uma sequência de golpes... todos certeiros bem no nervo ciático.

Todos na arena começam a gritar: “Mo cuischle! Mo cuischle!..."

A luta parece ter um novo fim...

Ursa azul vai à lona duas vezes, mas se levanta logo em seguida. Quando ela desaba pela terceira vez, parece que não irá se levantar mais... fica se contorcendo de dor, com isso o árbitro decide iniciar a contagem: "...4, 5, 6, 7..."

É quando o treinador da atual campeã se aproxima com o banquinho de descanso das lutadoras e coloca dentro do ringue. No mesmo instante em que ele faz sinal para Ursa azul, que entende a "jogada suja" que terá de fazer para ganhar a luta.

Mo cuischle havia se esquecido da regra principal: 'Nunca parar de se proteger.' Ela começou a comemorar antes do do fim da luta. E o que é pior, de costas para a desafiada e atual campeã mundial. Um erro crucial...

Ursa azul reuni as últimas forças para se levantar e avança pra cima dela, quando ela percebe já é tarde demais... ela recebe um golpe direto de esquerda, no momento em que ela estava de costas para a adversária.

A picada fatal...

Ela cai sobre o banquinho de descanso das lutadoras que fora colocado ali, propositalmente.

A luta termina: “ursa azul” é declarada vencedora devido a outra atleta estar sem condição de continuar a luta.

Com o impacto do golpe e da queda ela perde a consciência, "apaga."

No hospital, após algumas horas de espera vem o laudo emitido pela equipe médica de plantão: '...fratura nas vértebras C1 e C2.' Com esse diagnóstico ela perdera todos os movimentos do corpo, do pescoço pra baixo - ficou tetraplégica. Ou seja, nunca mais poderá sequer mover os dedos das mãos ou, fazer qualquer outro tipo de movimento com o corpo.

O treinador recebe essa notícia e fica em estado de choque. Em seguida, ele começa a se culpar toma a responsabilidade para si. "Caramba!!!... a culpa é minha! eu não devia treinar mulheres, sempre treinei apenas homens justamente para não correr o risco de acontecer algo do tipo... caramba! Olha o que aconteceu com ela..."

Mais tarde, ele se ver sentado no quarto do hospital assistindo - inconformado - a garota ali naquela cama sem poder se mover. Ela, mesmo com dificuldade para falar, olha para ele e diz: “O senhor não teve culpa de nada, chefe... a culpa foi minha, você me avisou... 'se proteger o tempo todo'”.

Mais tarde, ela quer saber o que significa “Mo cuischle."

- “Você não ganhou a luta," ele diz.

O tempo vai passando e o desespero dos dois vai só aumentando. Chega ao ponto dela implorar para morrer, até mesmo chega a atentar contra a própria vida. "Eu não posso passar o resto da minha vida nessa cama, chefe... não depois do que eu vivi, eu vi o mundo, as pessoas gritavam meu nome, eu era capa de revistas, meu nome saia nos jornais, na TV. Eu realizei meu sonho, chefe... Consegui me tornar uma boxeadora profissional, mas, eu não posso continuar assim, por favor..." disse.

Já pelas horas da noite, desesperada... ela morde violentamente a própria língua, o que causa uma hemorragia. No entanto, demorou apenas o tempo de os médicos pontiarem para ela fazer novamente. Na segunda vez, os médicos decidiram manter ela sedada por tempo indeterminado, para não correr o risco dela tentar novamente.

Esse drama havia se tornado uma tortura para ambos. O treinador decide fazer uma visita ao Padre da igreja que ele frequentava para um confissionário. Eles conversam sobre, então o Padre diz: "Se você fizer isso, filho, estará, também, lançando sua alma na mais profunda trevas e escuridão, de onde você jamais conseguirá se libertar, porque você vai ficar se culpado por toda sua vida."

- "Mas, Padre... ela está sofrendo muito e eu também, ao ver ela naquele estado...", disse.

O padre faz um instante em silêncio, em seguida diz:

- "Peça a Deus que Ele saberá agir na vida dessa jovem, somente Ele tem poder sobre nossas vidas, mas ninguém, eu sei que é difícil, mas você não conseguirá se libertar depois se agir por impulso nessa ocasião, se fizer uma besteira dessas."

Ele se cala, enxuga as lágrimas, pede a benção do Padre, e sai.

Então, ele decide...

Em uma noite vai até o quarto da garota com ela sedada, olha para ela de forma tenra e afetuosa, mas com forte aperto no peito... aproxima-se dela, beija-a suavemente em sua testa, e diz: “'Mo cuishcle' significa 'minha querida', 'minha rainha', 'meu sangue.'" E termina dizendo: "Agora descanse, você ganhou a luta, querida...”

E faz o serviço [...].

Então, sai pela porta de onde entrou, de forma totalmente acabada e deprimente. E nunca mais é visto, em canto algum da cidade e região, deixando para trás, inclusive, sua escola de Boxe.

Com essa história, conclui-se que:

Na vida, há algumas regras e valores, alguns invioláveis, pelo preço a ser pago. Assim como, também, há o extinto de sobrevivência, onde o Vencer ou Perder clama mais forte. Atente-se para isso. Porque, todos nós somos responsáveis por nossos atos e ações, e devemos ter responsabilidade sobre nossa conduta em sociedade.

Visto que, o espaço que nos separa do sucesso, é o mesmo que nos levará ao fracasso. Mas, lembre-se que alguns erros não podem ser corrigidos jamais, por exemplo: uma flecha lançada, uma palavra dita, e uma oportunidade perdida. Não voltam mais! E não há como negar isso.

Na história narrada, o treinador se cobriu de culpa, e decidiu sumir, "desapareceu," ficou desorientado, e com isso, sua escola de Boxe fechou, e uma “menina de ouro” perdeu a vida.

Fabinho Oliveira
Enviado por Fabinho Oliveira em 12/05/2012
Reeditado em 23/09/2018
Código do texto: T3663162
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