O Dualismo Cartesiano

O Dualismo Cartesiano é um conceito filosófico que compreende o

conhecimento puro como resultado da dicotomia entre corpo (do latim, res extensa – “coisa extensa”) e consciência (do latim, res cogitans – “coisa pensante”). Dentro desses parâmetros, Descartes entende que o corpo, como objeto material, está sujeito a fatores físicos do ambiente externo e suas condições fisiológicas. Já a mente, como substancia imaterial, não possui forma, cor, peso, tamanho ou qualquer dimensão

material. Dessa forma, corpo e consciência, são estruturas com funcionalidades diferentes que interagem entre si.

A teoria de Descartes a respeito da racionalização reforça os primeiros pensamentos filosóficos do século IV a.C. que separam a verdade (aletheia) e opinião (doxa) e entre ficção/mito e realidade. Depois do período obscuro da filosofia medieval voltada para o pensamento religioso, o filósofo moderno René Descartes rompe as barreiras da estagnação filosófica e traz um pensamento totalmente revolucionário que contrasta com os filósofos escolásticos.

Descartes afirmava que a razão não podia ser fruto da percepção sensível em relação as coisas, tendo em vista que os nossos sentidos podem nos enganar em determinadas situações, como por exemplo, quando vemos o sol nascer no horizonte, podemos percebê-lo como sendo de tamanho pequeno, como se coubesse em nossas mãos. Da mesma forma podemos analisar as temperaturas: quando estamos com frio, o calor é reconfortante, e quando estamos com calor, o frio pode nos aliviar, embora ambos extremos produzem situações desconfortáveis.

Dentro desses parâmetros, Descartes põe em dúvida a sua própria existência, além de duvidar da existência de objetos materiais em geral pressupondo que tudo isso possa ser fruto apenas das nossas percepções sensoriais, nos fazendo admitir como “reais” coisas que não são. É nessa dúvida que surge o conceito “cogito, ergo sum”, ou “penso, logo existo“. Tal afirmação propõe que mesmo que essas coisas não existam materialmente, há uma mente capaz de concebe-las e interpreta-las, fazendo com que dadas coisas existem de fato no plano cognitivo.

Sobre a perspectiva lógica de Descartes, podemos inferir que a dúvida pode nos levar ao total conhecimento de algo visto que, para seu completo entendimento, o desmembrar da estrutura em diversas partes menores que, associadas entre si, fazem parte de um sistema responsável por um todo, onde cada parte (mesmo que a menor delas) se mostra importante em determinada função daquele todo.

Após toda a reflexão, o filósofo francês usa o alto grau de evidencia da matemática e da geometria como padrão de estruturas tanto materiais quanto cognitivas como sendo princípios intrínsecos das organizações racionais. Descartes se baseia nos requisitos de ordem e medida das ciências exatas para buscar as causas de sua certeza e aplica-las a todos os objetos conhecidos.