O telefone Preto

Já não escrevo tanto sobre filmes como anos atrás, mas algumas produções, especialmente no gênero terror/suspense que tanto amo, merecem um registro. Esse é o caso do notável “O telefone Preto”, dirigido por Scott Derrickson - que tem no currículo produções expressivas como “O exorcismo de Emily Rose” e “A Entidade” – sendo baseado em conto homônimo de Joe Hil.

“O telefone Preto” marcou o retorno, em grande estilo, de Derrickson ao gênero que domina com invulgar maestria e, nessa empreitada, seu trabalho é içado também por boas atuações, seja de Mason Thames, e, principalmente, de Madeleine McGraw e do veterano Ethan Hawke, que entrega um vilão antagônico, elemento sumamente relevante para resultar em um bom terror/suspense.

A película, em determinados momentos agoniante, não chega a provocar grande inquietude e tensão, mas pode baralhar a mente em algumas passagens, principalmente pela forma hábil que alterna de um thriller psicológico para dar mais vazão a elementos sobrenaturais mais voltados para o terror.

Na trama, o jovem Finney Shaw (Thames) até poderia degustar de uma vida normal se não fosse incessantemente alvo de bullying. A situação, somada a morte da mãe, fomentou uma grande amizade com Gwen (McGraw) sua irmã mais nova. Finney percebe que a região vem sofrendo uma onda de desaparecimentos e por infortúnio acaba sobre as garras do Sequestrador (Hawke), sendo encarcerado em um porão. No local, o jovem encontra um antigo telefone preto, de onde passa a receber estranhos telefonemas.

As passagens mais marcantes ocorrem após o rapto ser perpetrado, na interação entre Finney e o Sequestrador, somada as tentativas de fuga, bastante tensas e verossímeis. Hawke conseguiu encarnar um personagem complexo, assustador, mantendo o rosto ocultado por uma máscara na maior parte do tempo. A voz é empostada de maneira intimista e apesar de humano, a nítida ausência de humanidade o faz tomar a forma de verdadeiro bicho-papão.

Quando abre espaço para o sobrenatural, o enredo realiza esse flerte sem exagero, sendo comedido também no uso de jump scares e nas cenas de violência.

🎬🎬🎬🎬 (Ótimo)

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 03/08/2022
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