Seduza-me

Não precisa ser preciso

insinue-se

metáforas me derretem

(Marilda Confortin)

O poema que exige explicação não é bom, dizem... Porém quero, apenas, apontar o que me chama a atenção neste atrevido, delicioso e irreverente poetrix.

O título já me encanta de cara. Ele diz: "engane"-me ardilosamente com promessas mil, atraia-me, encante-me para fins delicioSOS!

Veja que artimanhas meticulosas estão grafadas no primeiro e segundo versos:

"Não precisa ser preciso". Uma premissa marrenta, cheia de floreios. Não tem moderação ou limitação em sua certeira manifestação. Isto me fez imitar o poeta Fernando Pessoa: namorar é preciso, seduzir não é preciso.

"insinue-se" no segundo verso é um apelo carinhoso: deixe que se perceba, sem expressar claramente, sem fazer entender, sem sugerir. Uma pérola do poema.

A autora vai mais longe no seu devaneio poético: "metáforas me derretem".  Ela quer o sentido figurado da relação, ela quer o que não está posto. Este verso me fez lembrar do poeta João Cabral de Melo Neto. Dizem que ele odiava as metáforas, mas escreveu: "o cão sem plumas". Marilda faz da "metáfora" um charme,  um faz de conta melodioso.

Enfim, um poetrix conciso, singelo, de uma escrita simples, mas com um todo super inspirador.

E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 27/05/2023
Código do texto: T7798630
Classificação de conteúdo: seguro