ENTRE DOIS AMORES

Livro 📕 Entre dois amores

Autor: Mary Westmacott

Editora 📝 L&PM Editores, Porto Alegre, 2014

Pgs. 448

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O ano era 1926. Uma dama inglesa desaparece de casa. Seu carro é reconhecido às margens de um lago, com as portas abertas, vazio. Suspeita-se de sequestro, suicídio, até de assassinato. Doze dias depois a mulher é localizado em um hotel a 300 quilômetros de Londres , graças a um funcionário que viu as fotos nos jornais noticiando o desaparecimento. Mas, o nome no registro do hotel não bate: Theresa Neele, o mesmo sobrenome da amante do marido.

É interessante, mas essa não é a trama do livro 📖

É parte da história da própria autora ✍️.

E a autora , Mary Westmacott… - bem, esse também é um pseudônimo. Seu verdadeiro nome é Ágatha Mary Clarissa Miller Christie, ou, simplesmente, Ágatha Christie, .

Ágatha (1890-1976) escreveu mais de 80 livros , que venderam 2 bilhões de cópias, em 50 idiomas. Ela só perde para a Bíblia ecoará Shakespeare.

Mas, “Entre dois amores “ não é um livro policial. É uma das seis obras da rainha do crime escritas sob esse misterioso pseudônimo.

Estudiosos da sua biografia acreditam que ela tenha se despojado do nome para poder também desprender-se de um estilo que tornou-se a sua marca registrada e se aventurar em outro, mais psicológico e introspectivo, no qual utiliza magistralmente a sua capacidade de perscrutar o comportamento humano.

Na sua autobiografia (1965) , Ágatha descreve esse insight: “Com certo sentimento de culpa, diverti-me escrevendo um romance chamado “O Gigante “ (Giant ‘s Bread, em português: “Entre dois amores “). Era sobretudo a respeito de música, e desvendava, aqui e ali, que eu possuía alguns conhecimentos técnicos no assunto. A crítica foi boa e vendeu-se razoavelmente para o que era considerado ‘primeiro livro “ . Usava o pseudônimo de Mary Westmacott e ninguém sabia que o livro fora escrito por mim. Consegui conservar esse fato por 15 anos.” (Autobiografia II, Nova Fronteira, 1977,p.493).

O livro tem como fio condutor o papel avassalador que a música exerce na vida de um jovem que se vê constantemente dividido “entre dois amores “.

Esses dois amores podem ser as duas mulheres da sua vida, ou também cada uma delas - a seu tempo - e a música , esta sim, sua verdadeira paixão.

Ágatha/Mary penetra profundamente na alma humana, nos anseios, dramas, marcas, sonhos… de cada um dos personagens. E começa descrevendo uma criança: as percepções que ela tem do mundo e que pouco a pouco vão se ampliando, tomando forma, assumindo nomes e conceitos.

Ela faz isso com uma habilidade incrível, conduzindo o leitor à compreensão do caráter do adulto em que esse menino irá se transformar. E, depois conta a história dele, de Vernon Deyre, herdeiro de uma aristocrática - e falida- família britânica.

Talvez, não seja oportuno revelar mais detalhes, uma vez que uma característica a ser respeitada em Ágatha é o suspense na dose certa.

Toda a coleção de seis livros de Mary Westmacott, publicada no Brasil 🇧🇷 pela L&PM, é muito rica e variada. Uma prova de que, além de entender de crimes, a dama inglesa entende muito bem da natureza humana.

(Ver em www.cidadenova.org.nr. Por Fernanda Pompermayer: Na estante de Cidade Nova, exemplar 585, ano LVII, nr. 1, 01/2015) .

Maria Madalena de Jesus Gomes
Enviado por Maria Madalena de Jesus Gomes em 21/09/2023
Código do texto: T7890712
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