Obra - A arte da cura pelo espírito. - RESENHA/TRECHOS

Quando compreendemos que Deus é o amor inesgotável, a sabedoria ilimitada, a bondade infinita, compreendemos

que Deus não pode ser autor do mal; a doença é creação do homem, e ela só pode ser abolida por meio de um estado de consciência espiritual altamente desenvolvido.

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A harmonia entre o finito e o Infinito é saúde – a desarmonia é doença.

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Deus é o único poder, e ao lado dele não existe poder algum.

Existe, por conseguinte, um poder no pecado, na doença, na penúria, na limitação, na morte, no tempo, no clima, na infecção, no contágio? Tenhamos plena clareza sobre isto: Deus é o Único poder.

Se Deus é o único poder, a única realidade, a única lei do Universo, então é

evidente que não existe outra lei contra a lei de Deus.

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Aparentemente, há no mundo leis que contradizem a lei divina; a doença parece ter a sua legalidade, o seu ritmo

certo, a sua regularidade. E, enquanto o homem crê nessa realidade e legalidade da doença e do mal, confere poder a essas irrealidades e ilegalidades. E o homem começa a lutar contra essas supostas realidades – que Deus não realizou, mas que o homem-ego realiza – e, pela luta, afirma a realidade dessas irrealidades.

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O caminho único para evitar essa funesta ilusão e esse desperdício de forças

contra irrealidades realizadas pelo ego está no seguinte: sentar-se

calmamente, estabelecer em si um grande silêncio, esvaziar-se do seu ego

ilusório e esperar, em paz e sossego, até que venha a certeza interna: “Não há

outros deuses ao meu lado. ...Eu sou o Deus único... o único poder, a única

realidade... Não temas, filho meu dileto... Eu estou contigo... Eu, o único poder,

o poder benéfico... Eu, o Pai. ...Eu, o Amor”...

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É esta a sabedoria espiritual: nada há contra que lutar; nada há o que curar,

nada há o que melhorar, nada há o que suprir, nada há o que superar.

Reconhece esta verdade – e tudo está bom.

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A fim de poder curar pelo espírito, é necessário que o homem seja capaz de

encarar firmemente toda a maldade e todo o mal, em qualquer forma e dizer

com absoluta confiança: “Não tenho medo de ti, nem jamais lutarei contra ti!

Por que temeria eu o que um mortal me possa fazer? Por que temeria o que

coisas ou circunstâncias perecíveis me possam fazer, se Deus mesmo é a

única lei, a única presença, o único poder, a única causa, a única substância, a

única realidade?... Ficarei quieto e tranquilo, aguardando a redenção da parte

do Senhor”...

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não há Deus e o homem; não há Deus mais tu, por

isto, não pode haver pessoa que se possa dirigir a Deus com alguma

necessidade.

Durante os anos em que eu dedicava o meu tempo exclusivamente à

terapêutica espiritual, aprendi a não considerar os meus pacientes como seres

humanos; nem me dirigia a Deus para que eles recuperassem saúde. Eu via

Deus em cada pessoa que me visitava; eu via Deus como esse ser individual; e

esta verdade creava harmonia. Esta verdade revelava a divindade do ser

humano e do corpo deles, e esta revelação se tornou a pedra fundamental do

edifício da auto-realização.

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Depois de assimilares esta verdade; depois de viveres nela e a praticares,

considerando cada homem, cada mulher, cada criança, cada planta e cada ser

individual no mundo à luz do conhecimento: “Isto não é o que parece ser; isto é

Deus, que se manifesta como”... então desenvolverás aquela consciência

curativa que nunca enxerga o homem na sua humanidade; mas que logo entra

em contato com a consciência espiritual dele. Acostumar-te-ás a não ver o

homem segundo a sua aparência, mas o verás através dos seus olhos, para

além dos seus olhos, na certeza de que lá está o Cristo de Deus. Fazendo isto,

aprendes a prescindir da aparência externa, e, em lugar de tentares curar

alguém ou restabelecer alguém ou melhorar alguém, te tornarás

verdadeiramente uma testemunha da sua natureza crística, da sua essencial

identidade com o Cristo.

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Mesmo quando encontras um bêbado, um doente ou um moribundo, não

prestarás atenção à aparência externa, mas dirás a ti mesmo “Ele É”. A

consequência do “como” é necessariamente o “é”.

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A cura espiritual supõe uma consciência altamente desenvolvida. É uma

consciência capaz de penetrar as aparências e enxergar para além; é uma

visão de dentro, que nos dá a certeza desta verdade, mesmo quando os

nossos olhos enxergam um ladrão ou um moribundo. Ninguém pode ser

curador espiritual eficiente se não possuir a certeza: “Este é meu filho amado,

no qual me comprazo”. É sem importância o testemunho dos sentidos

externos. Algo no teu interior deve cantar, e o cântico que teu interior canta

deve dizer: “Este é meu filho amado, no qual me comprazo... O Eu no meu

interior é poderoso”

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Palavras não resolvem este problema. Deve ser uma convicção interna – e

esta só se adquire por meio de exercícios, pela compreensão e pela prática –

sem falar da graça de Deus que reside no teu íntimo. Se fores capaz de ficar

sentado à cabeceira de um doente moribundo sem um vestígio de temor,

porque uma voz canta no teu interior: “Este é meu filho amado... Eu sou

onipotente no meu interior... Jamais te abandonarei nem te esquecerei – então

és um curador pelo espírito. Isto supõe uma evolução que só se alcança por

exercícios – até que desponte o dia em que esta voz fala de dentro. Ou alguém

recebe esta consciência pela graça de Deus, como um presente.

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A mente humana é um instrumento de algo que está acima dela. Esse algo é o

verdadeiro Eu do homem, a tua autêntica IDENTIDADE; se esse teu Eu interno

guiar e controlar a tua mente, então encontrarás a paz, uma paz perfeita, que

transcende o entendimento humano.

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Das alturas desta perspectiva, é Deus a alma, a vida e lei única de todos os

seres; a mente humana é o instrumento, e o corpo é a sua forma manifestativa

externa. Quem trabalha neste plano e recebe o grito de socorro de um doente,

fecha os olhos e não pensa pensamento algum. Não reflete o que o doente

deva comer ou beber, ou como deveria ser a sua saúde. O curador espiritual

senta-se tranquilamente, na consciência de que a sua mente é um vaso

receptivo. Receptivo, para receber o quê? Para receber em si aquela “voz

suave e silenciosa”, que se chama Deus, e que é a alma dentro do homem.

Não discorre sobre coisa alguma; assume simplesmente uma atitude de

auscultação. Então se fará ouvir aquela “voz suave e silenciosa” – e a terra

degela!...

De dentro desse silêncio, em que tu te fizeste quase um vácuo – um vácuo

auscultativo – sempre vigilante, nunca dormente, nunca fatigado, nunca

hesitante, sempre consciente e ativo, na expectativa da visita do Cristo – de

dentro deste grande silêncio, de dentro deste infinito, que é Deus, das

profundezas de tua alma, o Deus em ti, se fará ouvir uma voz ou surgirá um

sentimento, uma vibração, uma libertação, uma certeza – indiferente o nome

que lhe dês – e lá se foi a ilusão e nasceu a Verdade...

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Não importa a natureza do problema, quer seja de caráter físico, mental, moral

ou financeiro, ou se trate de harmonizar relações sociais – não faz diferença

alguma; pois não é a tua sapiência que vai tratar do assunto. Tu não haures

daquilo que aprendeste durante os anos da tua peregrinação terrestre.

Manténs uma atitude completamente receptiva para Aquilo que te creou no

princípio e que sabe da situação de cada indivíduo; e se tu permitires que esse

Poder se manifeste, estarás lá onde deves estar, sob a jurisdição de teu Pai

celeste, sob o domínio desse Alguém, que sabe das tuas necessidades, antes

que tu mesmo as conheças; desse Alguém que se compraz em dar-te o reino...

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Percebe, através da tua mente, a Verdade de Deus, e esta Verdade realizará a

obra; não tu, nem os teus pensamentos. Não é a atividade da tua mente que

libertará alguém; é a atuação da Verdade que, através do canal da tua mente,

libertará alguém dos seus males.

Talvez já notaste que, quando um nadador tenta manter o corpo na superfície

da água, quanto mais agita os membros mais vai afundando; o que ele deve

fazer é manter-se em estado de calma relaxação, movendo vagarosamente

pernas e braços e deslizando suavemente pela água. É esta a atitude do

curador espiritual – uma calma e tranquila receptividade.

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É esta a atitude realmente humilde, que repousa no espírito: “Eu, de mim

mesmo, nada posso fazer” – mesmo que o tentasse. Flutuando livremente na

atmosfera da Verdade, será a obra realizada pela Verdade... Ao nadares, deixa

que as águas suspendam o teu corpo – ao curares, deixa que o espírito de

Deus realize a cura. Não tentes influenciar a Verdade com a tua mente. A

Verdade é infinita – o teu intelecto é finito. Não procures modificar a verdade

infinita até que caiba dentro do recipiente da tua mente finita.

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Há em ti um único centro, e neste centro se acha armazenado todo o teu

patrimônio espiritual – imortalidade, eternidade, vida amor, lar, infinita

plenitude. Este centro não se encontra em teu corpo, e é tempo perdido

procurá-lo ali. Esse centro é o teu consciente, e esse consciente não está no

teu corpo; o teu corpo está nesse consciente, que é ilimitado.

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Em vez de afirmarem esta doutrina, começaram os assim

chamados metafísicos a ensinar, infelizmente, que tudo que há no mundo é

ilusão, inclusive o corpo. Mas este mundo não é uma ilusão – ilusão é a idéia

que nós formamos do mundo...

A cura espiritual baseia-se na afirmação de que pecado, doença e morte não

têm realidade em si mesmos, mas que consistem, somente na opinião ilusória

da nossa parte. Entretanto, a matéria não é irreal, o nosso corpo não é irreal;

este mundo não é irreal. Este mundo é belo, imortal, eterno.

--- (parcialmente não dualista, pois o dualista total não dá a autoria do corpo, do mundo, do universo para Deus.)

Em nossos livros sobre auto-realização entendemos por “real” ou “realidade”

somente aquilo que é espiritual, eterno, imortal, infinito, Real, realidade

somente é aquilo que é Deus. E, neste sentido, é evidente que não podemos

ver, ouvir, tanger, cheirar ou saborear a realidade.

Por outro lado, os termos “irreal”, “irrealidade” se referem a tudo que não é

permanente, seja agradável ou desagradável à nossa percepção.

E, neste particular, costuma o metafísico cometer o seu grande erro: quando vê

uma pessoa sadia, ou alguém que considera como bom ou moral, diz,

geralmente, desta situação que ela é real; mas, se encontra um doente ou um

pecador, diz que isto é irreal. Entretanto, essa interpretação é inaceitável à luz

de uma compreensão filosófica: Real é somente aquilo que é do Espírito, de

Deus, da alma. Só a alma é capaz de perceber o real. O que não é perceptível

pela faculdade interna da alma não é real. A isto se refere Jesus quando diz:

“Vós tendes olhos, e não vedes; tendes ouvidos e não ouvis”.

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Quando falamos de pecado e doença como sendo irreais, não queremos negar

a sua existência objetiva. Enganamos a nós mesmos quando afirmamos que

essas coisas não existem. Mas como, desde a nossa infância, nos foi impingido

que o mundo material é real e que o nosso corpo material é real, para nós

também existem as doenças. Quando afirmamos que doença, pecado e morte

são irreais não queremos com isto afirmar que estas coisas não existem;

negamos apenas a sua existência como parte integrante de Deus e como

pertencentes à Realidade divina.

No âmbito do real, no reino de Deus, as desarmonias que os sentidos

percebem não têm existência, realidade. Mas isto não elimina o fato de que

temos de sofrer sob o impacto dessas desarmonias; a sua irrealidade e

inexistência, da parte da realidade divina, não diminui nem elimina as nossas

dores, as nossas necessidades, as nossas deficiências, porque, em virtude da

nossa percepção sensorial, sofremos com esses fenômenos.

No princípio de toda a sabedoria está o conhecimento de que estas coisas não

necessitam de existir. A libertação destas desarmonias não é alcançada pelo

fato de recorrermos a Deus por socorro, mas sim pelo fato de descobrirmos o

Deus verdadeiro, de subirmos até aquelas alturas da vida onde há somente

Deus.

Não usemos jamais expressões como estas: “É irreal – não é verdade – não

aconteceu”, antes de compreendermos que aquilo de que falamos só é irreal,

não-verdadeiro, inexistente na zona do Reino Espiritual. Somente à luz desta

compreensão, podemos afirmar que doença, pecado, pobreza, deficiência, são

irreais e não participam da verdadeira Realidade

é a convicção de que as

formas do mal são irreais, não-participantes da harmonia do reino de Deus, e

que essas formas do mal são inconsistentes em face da permanente realidade

de Deus.

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Homem! Cultua a Deus, na firme convicção de que o Reino Espiritual

é íntegro e invulnerável, e que nenhuma doença, nenhum pecado, nenhuma

pobreza, nenhuma deficiência fazem parte do Reino de Deus; que em nada há

substância permanente, que em nenhum desses males reside uma lei, uma

legalidade real e duradoura.

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A eficiência do processo curativo baseia-se, sobretudo, na realidade de Deus e

na realidade da sua creação – quer ela se manifeste como homem, como corpo

ou como Universo: e, em segundo lugar, se baseia no reconhecimento da não realidade de tudo aquilo que nos aparece em forma de doentes ou pecadores, de enfermidades ou de circunstâncias indesejáveis.

Importa que compreendamos o sentido correto das expressões “real” e “irreal”

– a sua significação em sentido espiritual. Com outras palavras: tudo que

podemos perceber com os sentidos físicos não passa de uma ilusória miragem

no deserto, porque a mente, servindo-se desse material dos sentidos, o

interpreta erradamente. Discernindo essa miragem a doença cede lugar a

saúde. Mais ainda, quando o homem começa a compreender espiritualmente,

todas as coisas que o cercam – flores, nuvens, estrelas, o nascer e o pôr-do sol – tudo começa a aparecer de modo diferente, ultrapassando a capacidade

da mente humana. Para além do invólucro visível destas coisas se revela algo

mais, algo que nem os sentidos percebem nem a mente concebe. Quando

percebemos as coisas pelo poder espiritual, descobrimos o homem verdadeiro,

assim como Deus o creou, segundo a sua imagem e semelhança – e é

precisamente esta faculdade, de conhecer a realidade, que realiza a cura pelo

espírito

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Por via de regra, não falamos de uma enfermidade como sendo doença, mas

sim um aspecto, uma aparência. Assim, por exemplo, designamos a

tuberculose, o câncer, a paralisia, como aspectos ou fenômenos.

Enquanto nos ocupamos com câncer, tuberculose, paralisia, tumor, resfriado, gripe, etc.,

estamos em um beco sem saída. Que fazer contra esses males? Como

libertar-nos deles? Será que temos o poder de os eliminar? Ou haverá algum

Deus que os possa remover? Milhares de orações sobem a Deus, pedindo-lhe

que cure os nossos males, que modifique as circunstâncias ingratas – mas é

inútil... Deste modo nada acontecerá...

Mas, então, o que fazer?

Enquanto a doença permanecer em nossa consciência como doença, nada

poderá ser feito contra ela. Mas, se uma consciência mais iluminada nos fizer

ver que não se trata de uma doença, mas sim duma ilusão ou miragem creada

por nós, então foi dado o primeiro passo para a cura.

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Na realidade, é fácil o processo curativo, seja qual for a doença, contanto que o mal, doença ou

pecado seja reconhecido na consciência como inexistente no plano da

realidade divina, mas apenas existente no plano do nosso ego humano.

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Enquanto uma doença for realidade para ti, enquanto crês que a febre tem de

seguir o seu curso, enquanto tentas reduzi-la com certos expedientes,

enquanto tentas reprimir um tumor, enquanto acreditas que uma doença deva

necessariamente percorrer este ou aquele processo – estás fora da terapia

espiritual, embora a tua mente esteja desempenhando o seu papel.

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Cura espiritual total consiste em não reconhecer a realidade de uma situação

negativa. Eu, tu, ou outro homem qualquer que queira curar pelo espírito, deve

crear em si um estado de consciência em que Deus e as obras de Deus – o

Verbo de Deus, o Universo de Deus, o Homem de Deus – sejam tão

intensamente reais que nenhum contrário, nenhum negativo, nenhum mal,

nenhuma doença, possam coexistir com esse Deus do Universo ou esse

Universo de Deus.

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O divino Mestre, no tempo da sua peregrinação terrestre,

encontrou numerosos homens que estavam presos por um simples

traço de giz; lá estavam os aleijados, os doentes de toda a espécie, à

beira das estradas, à entrada do templo; Jesus os olhava e dizia;

“Queres ser curado?... levanta-te, tome o teu leito e vai para casa!”

E eles se levantavam e andavam. Nada os impedia de andarem;

tinham apenas obedecido a uma certa regra da vida humana, que

estabelece que, em certas circunstâncias ou com certa idade, deve o

homem ficar doente — e eles haviam aceitado essa regra como

obrigatória. Jesus via o traço de giz que os prendia — e eles, certos

de que nada os prendia, levantavam-se e iam embora. A Lázaro

disse ele: “Lázaro, vem para fora” — e Lázaro veio para fora. Que

é que o impedia? As regras do jogo da vida humana.

E, destarte, continuarão os homens a sofrer, até que apareça

alguém e veja que as leis do pecado, da doença, da pobreza, são

apenas traços de giz; e lhes diga, em virtude da sua visão espiritual:

“Qual era o teu impedimento?”

Disse o divino Mestre que todos nós devíamos tomar-nos como

crianças a fim de podermos abraçar a verdade. Muitas vezes, a

razão para curas retardadas é a incapacidade do curador de ser

assaz infantil para enxergar uma simples linha de giz, onde outros

vêem indícios de morte ou estatuem certo período para o término

da doença.

E, quando se trata de um mal incurável, os homens enxergam

três traços de giz, em vez de um só, e estão mais firmemente presos

no seu cárcere do que nunca. Imaginem, um “mal incurável” ! Que

coisa pior podería haver? Entretanto, é fato que a cura espiritual

tem, muitas vezes, mais resultado com esses “males incuráveis” do

que com os “males curáveis”. A razão é esta: quando o médico

desengana o doente, e diz que fez tudo que pôde, e nada conseguiu

— então o paciente perde a esperança nos recursos da medicina, e

esta falta de esperança o toma mais receptivo para os impulsos

espirituais.

Somente os traços brancos de giz — tempo, diagnóstico, sintomas e outros indícios — te podem fazer crer que és um prisioneiro de doença e culpa. A única coisa necessária para a tua libertação é

saltares por cima do traço de giz. E por que não? Que é que te

impede? Uma crença? Uma teoria? No momento em que vejas

nisto uma simples crença, uma simples teoria, apagam-se os traços

brancos do teu cárcere — e estás livre.

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É esta a quintessência da cura pelo espírito – acordar! Seja qual for a tua luta –

contra doença, contra pobreza, contra desemprego, contra tristeza, contra

pecado – deixa de lutar e acorda! Torna-te consciente da tua verdadeira

unidade com o Infinito. Não és nenhum nadador em vasto mar; não és vítima

de culpa e doença; tu és a consciência do Cristo, tu és um filho de Deus

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Não há motivo algum para lutar. Relaxa, desentesa os teus nervos e

compreende que não há nada em todo o Universo senão Deus somente, esse

Deus que se manifesta na forma de um tu, na forma de um eu; o Eu divino, uno

e indivisível, aparece individualizado em ti, em mim. “Vós sois deuses”... O teu

destino é harmonia divina; é o destino de todo homem individual, sadio ou

doente, santo ou pecador. O supremo destino de cada um de nós é a harmonia

divina – quando acordados.

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Quando o homem começa a compreender o sentido desse acordar, então

percebe que as ilusões deste mundo – pecado e doenças, limitações e

deficiências – não são coisas realmente existentes no mundo de Deus, mas

tão-somente miragens e idéias creadas pela mente humana. Esta

circunstância, de serem apenas creações nossas, não torna esses males

menos dolorosos e ingratos, mas agora existe a possibilidade de nos

libertarmos deles. O que foi creado por nós pode ser por nós abolido. A cura

pelo espírito é impossível enquanto mantivermos a convicção de que os males

sejam realidades existentes no mundo de Deus. Conhecer o seu verdadeiro

caráter é ser curado desses males

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Uma vez sabendo que aquilo que Jesus chamava “este mundo, isto é, a

concepção material do mundo, é na realidade pura ilusão, então também

compreendemos porque o Mestre podia afirmar “eu venci o mundo”. Venceu o

mundo pelo conhecimento de que este mundo é uma miragem creada pela

nossa mente.

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Não são os sentidos que se iludem, mas a nossa mente, que

constrói juízos errôneos sobre aquilo que os sentidos nos apresentam.

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O indivíduo humano aparece no mundo já

hipnotizado até certo ponto, porque o simples fato de nascer entre homens o

predispõe ao impacto hipnótico, uma vez que todas as pessoas do seu meio

consideram o mundo material como realmente existente – e assim sucumbe

também ele a essa fascinação universal. É esse ambiente coletivo da

humanidade que atua sobre uns como doença, sobre outros como

concupiscência, sobe outros como pobreza ou como outro mal. É a essa

hipnotização universal que o indivíduo sucumbe, em virtude da sua

receptividade, que já lhe vem do seio materno.

A consequência dessa sugestividade se revela, depois, pelo fato de aceitarmos

os males desta vida – doenças, morte, limitações, deficiências, desemprego,

inflação, guerras, acidentes, etc. – como coisas inevitáveis

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A verdadeira cura pelo espírito é totalmente diversa de todos esses processos.

Na cura espiritual, como é ensinada pelo caminho da auto-realização, não há

nenhuma causa psíquica nem mental, quer dizer, não existe nenhuma causa

mental individual para uma doença física. É certo que há causas mentais que

têm consequências materiais, mas essas causas não estão contidas

pessoalmente no homem individual; trata-se antes de um hipnotismo universal

que atua sobre a consciência humana; trata-se de uma crença geral na

existência de uma egoidade separada de Deus, e essa crença atua

hipnoticamente.

No ambiente dessa hipnose coletiva, seja qual for a doença em questão, não é

o doente o responsável, tampouco é ele responsável pela “falsa ideologia” da

humanidade, que atuou como preliminar da enfermidade. Não sejamos tão

“metafísicos” ao ponto de pensar que fulano contraiu a sua doença pelo fato de

ter alimentado pensamentos errados – ele, ou talvez sua avó. Não

sucumbamos a semelhantes conversas! Por esses pensamentos errôneos é

ele tão pouco responsável como pelas chamadas consequências dos mesmos,

porque em ambos os casos é ele apenas vítima de uma crença universal, de uma hipnose coletiva, que ele aceitou, e que também nós, tu e eu, temos aceitado.

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Mais do que isto é necessário. Algo tem de achar entrada no teu consciente,

algo que te liberte de um falso pensar e que torne impossível esse falso pensar

em toda a tua vida. O primeiro passo para esta decisiva metamorfose está no

seguinte: Cessa de te condenares a ti mesmo! Cessa de repreender-te por

causa dos teus pecados e erros! Nada conseguirás condenando-te a ti ou a

teus semelhantes. Acaba com essa autocondenação e compreende que

marcarás passo no plano negativo, de ordem mental ou material na medida em

que aceitares e fizeres atuar sobre ti crenças que te foram impingidas pelo

mundo.

Começa a compreender que a natureza do teu ser é Deus, que a essência de

tua alma é a essência de Deus, e que a natureza do teu corpo é a do templo de

Deus. Sim, o teu corpo é o santuário do Deus vivo; cessa de condená-lo, de

odiá-lo ou de temê-lo. Compreende que a tua mente é um instrumento através

do qual pode fluir Deus, a Verdade. Não condenes a tua inteligência, dizendo

que é imperfeita ou mortal ou má. Tal inteligência não existe no mundo de

Deus; existe uma mente só, e essa mente é instrumento de Deus. Se desistires

dessa incessante mania condenatória, verás que a tua mente é um espelho

límpido para refletir tua alma.

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Isto faz compreender porque há doentes e culpados, como se desenvolvem

desejos e concupiscências, porque há homens fracos que se embriagam, e

homens assaz tresloucados para dirigirem loucamente o seu carro. Não é

porque eles mesmos queiram ser assim. Essa hipnose coletiva subjuga os

homens, sem que eles tenham disto consciência, e atua sobre eles de tal modo

que milhares sofrem resfriados quando o mundo afirma que está chovendo lá

fora.

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a barreira é a crença em

algo separado de Deus.

Quem quiser, pode usar a palavra “tentação”, em vez de hipnose. Quem se

sente doente, pode considerar isto como uma tentação, que pode ser aceita ou

rejeitada.

A mente mortal não é a antítese do espírito divino; e ninguém deve esperar que

o espírito divino lute contra a mente mortal. A partir do momento em que

verificamos que a mente mortal é um braço carnal, um simples nada, deixamos

de admitir dois poderes, e podemos “repousar na palavra de Deus”, como diz a

Escritura. Repousa, pois, nesta palavra do Senhor; quando ele vem, quebrará a

magia da hipnose.

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Depois que despontou em mim o conhecimento de que todos os males, de

qualquer natureza, procedem de uma hipnose geral, andei quebrando a cabeça

durante alguns anos, para descobrir como neutralizar esse estado hipnótico.

Que fazer? Um hipnotizador estala os dedos – e seu medium acorda, ou então

lhe dá uma simples ordem mental para acordar. É o que eu não posso fazer,

porque no plano espiritual não posso servir-me de expedientes físicos e

mentais.

Foi naquele tempo que descobri o tópico da Escritura, que vai través de todos

os meus escritos, tópico que fala de uma “pedra arrancada do monte sem mão

humana”. Até esse tempo havia eu pensado, por alguns meses, sobre a

significação obscura dessas palavras; veio-me então a resposta: A arma contra

o erro – para ofensiva e defensiva – é algo que não é físico nem mental, não são atos, nem palavras, nem pensamentos – é simplesmente a experiência da presença de Deus. ( a cura não vem de frases mentais, mas de uma experiência da presença de Deus).

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compreender que não existe nenhum poder que possa fazer algo a alguém; passamos a ser simples

espectadores, olhando como a Realidade vai aparecendo. Todas as

dificuldades se dissipam na medida que desenvolvemos a faculdade de ficar

quietos, de contemplar, de sermos testemunhas de como a harmonia divina se

desdobra; e, graças ao princípio da unidade, também os nossos pacientes

participam dessa harmonia.

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Quando deixamos de pensar pensamentos e

palavras, e mergulhamos no grande silêncio, então a mente pára – e a hipnose

acabou. Ao vivermos essa experiência, sentimos que entramos em uma nova

dimensão, que ultrapassa a vida

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Homem, não perdes o teu tempo em lutas contra as formas da ilusão; não

tentes eliminar reumatismo, câncer ou tuberculose, nem te preocupes com o

problema da decrepitude senil. Não procures modificar o mundo dos

fenômenos. Remonta mais além! Reconhece que, na verdade, Deus somente é

o teu ser, que a única coisa que te faz sofrer é essa crença generalizada em

dois poderes. Remonta além de tudo e repousa na Palavra, no Verbo de Deus.

Se debelares um aspecto do erro, e o derrotares, por detrás dele surgirão dez

outros e tomarão o lugar do primeiro. É necessário que elimines a própria

causa das desarmonias humanas. Que causa é essa? É uma vasta teia feita de

Nadas, essa assim chamada mente carnal, que não tem poder algum, a não

ser para aqueles que, sem cessar, lutam contra o mal, esquecidos da

sabedoria do Mestre, que disse: “Não vos oponhais ao maligno!”

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Se, em qualquer caso que se te apresente puderes prescindir da pessoa, do

seu nome e da natureza do caso em questão; se puderes evocar alguma

palavra ou expressão que para ti represente o nada – e não algo que deva ser

combatido, nem algo que deva ser superado, mas o puro nada, de maneira que

tenham diante de ti um único Poder – então poderás ficar sentado em tranquila

meditação, e sentirás a descida do ESPÍRITO SANTO, e uma paz que

ultrapassa toda a compreensão – sentirás a presença divina e a libertação de

temores e discórdias

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Quando entras em meditação, mantém em ti a consciência de não pedires

alguma modificação ou cura, nenhum restabelecimento ou melhoramento de

algo ou de alguém. Focaliza nitidamente isto: “Entro em meditação, mas não

trato de nenhuma pessoa ou circunstância. Minha meditação nada tem que ver

com isto. Só se ocupa com a experiência da presença de Deus, aqui e agora

onde estou. Por isto, me mantenho quieto e permitirei essa realização”.

A única coisa necessária para estabelecer a harmonia é o reconhecimento da

graça de Deus. Não necessitamos de um acervo de erudição metafísica;

necessitamos de saber apenas as coisas simples e ingênuas, a realidade do

poder único, e a irrealidade de todas as potências adversas.

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Como já foi dito, deve todo curador espiritual ultrapassar o plano dos

fenômenos, para além das discórdias da atitude corporal e pessoal, até atingir

uma esfera de consciência superior, onde não há nenhuma pessoa a ser

curada, mas tão-somente impera o espírito de Deus.

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Conhecer, pensar e falar sobre a verdade – todos esses processos são da

inteligência humana; são passos que conduzem à experiência espiritual, mas

não são essa experiência. Esses processos, por si mesmos, não produzem a

cura espiritual nem trazem harmonia à vida pessoal do homem. O escopo do tratamento espiritual é a elevação da consciência até ao ponto em que se dê a compreensão espiritual ou a verdadeira realização.

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Que sei eu de Deus? “No princípio – Deus”. Deus creou tudo que existe, e tudo

que Deus creou era bom. O que Deus não creou não foi jamais creado. Se,

pois, temos um corpo, foi ele creado por Deus, e também de Deus, isto é, da

própria substância ou realidade divina, porque fora de Deus não há realidade

alguma. Deus é tudo que há. Logo, o nosso corpo é perfeito, espiritual,

harmonioso. Nesse corpo creado por Deus não pode haver causa para doença

ou dores, nem pode haver fenômenos derivados de doença, dores,

desarmonia, indisposição.

---(NÃO DUALISMO PARCIAL)

Deus é vida eterna. Se Deus é vida eterna, não pode haver uma presença ou

um poder, no céu ou na terra, capaz de diminuir, modificar ou destruir essa vida

eterna. Por conseguinte, não pode haver, no Universo de Deus, causa para

dores e doenças, ou fenômenos manifestativos desses males. Deus é a

substância única de todo o Ser, porque Deus é a substância do qual foi feito o

Universo.

Deus é a lei, Deus é a única lei, Deus é absoluta legalidade. Se Deus é a lei

eterna, única e universal, não pode existir nenhuma lei de desarmonia, como,

por exemplo, uma lei de doença, uma lei de dissolução, de infecção ou

contágio. Tais coisas não têm realidade, não são causa, não são lei. Deus é a

lei única, a lei da harmonia que sustenta e mantém toda a sua creação.

Deus é amor, e, como Deus é ilimitado, o amor é onipotência e onipresença.

Amor é aquilo que conserva o que creou.

---

A atividade espiritual não visa consertar algo no plano das coisas humanas,

porque o homem espiritual compreende que todo o problema remonta a uma

falsa atitude ou perspectiva do ego humano, que se julga separado de Deus, e,

desta falsa perspectiva, não pode haver solução satisfatória: Com a visão da

unidade entre o homem e Deus vem a verdadeira solução do problema. A

compreensão da verdade produz certeza e segurança, e com isto vem a

experiência da paz. Se essa certeza não vier, costumo sentar-me novamente

em meditação e estabelecer novamente em mim a paz e o silêncio, até que

sinta em mim que tudo está bom.

---

Caso eu não sinta logo em mim a certeza de que tudo está em ordem,

entrego-me por momentos à meditação para encontrar a minha paz interna e

realizar a minha união com Deus – e isto é tratamento.

---

No momento deste conhecimento o tratamento terminou. É, provavelmente, o

momento em que o paciente foi curado. Mas nem sempre a cura é logo visível.

Há muitas razões para essa reação retardada. Entretanto, importa não

esquecermos que o fato de uma determinada doença, física, psíquica ou de

outra natureza, não é a meta da cura espiritual.

O escopo real é a conscientização da realidade de Deus. Quando o tratamento

começa com a pergunta “Pai, de que natureza será este testemunho?” não

tardará a resposta a vir mais ou menos da seguinte forma:

Realiza-me em ti, meu filho! Sente que eu sou um ser que vivo e me movo em

tua vida. Conscientiza que eu estou presente em ti. Testifica que eu estou em ti

como força vital, assim como eu o era em meu filho, o Cristo.

Se não te dirigires a Deus por uma razão única – unicamente por causa de

Deus – então admites a existência de dois poderes, o Bem e o Mal, e esperas

que Deus, o grande Poder benéfico, empreenda algo contra o outro Poder, o

maléfico. Não terás paz nem sossego enquanto viveres na expectativa de um

Deus, grande e poderoso, que deva fazer algo contra o erro. A paz surgirá em

ti somente se puderes sentar-te tranquilamente e dizer:

Eu te agradeço, meu Pai. Tudo que de teu verbo espero é que rasgues o véu

que me encobre a harmonia, que já existe.

---

Só nos podemos dirigir a Deus no sentido de realizarmos em nós a consciência

da sua presença. Isto nada tem que ver com a questão do que Deus faça ou

não faça por ti ou por teus negócios. No momento em que tentas induzir Deus a que te arranje bons amigos, casa, emprego, talento ou outra coisa qualquer,

usas Deus como meio para um fim – e isto é horrível, quando bem pensado, –

quase uma blasfêmia, essa idéia de nos servirmos de Deus como de um meio

– e, no entanto, é esta a idéia geral que se tem da oração e do tratamento

curativo: que Deus faça alguma coisa por nós, o que supõe que Deus possa

ser por nós influenciado em determinado sentido. Isto não é orar, e é por isto

que quase todas as nossas orações são ineficientes.

A única oração verdadeira é o desejo de nos tornarmos conscientes da

realidade de Deus.

---

O zênite do tratamento é atingido quando não mais são empregadas palavras,

nem afirmações nem negações – é este o estado mais perfeito, que nem todos

alcançam; jamais encontrei homem algum que fosse capaz de manter

continuamente esse estado de consciência. Por esta razão, temos de retornar

ao tratamento, de tempo a tempo, acompanhado de algumas palavras ou de

alguns pensamentos.

---

Não és tu o autor do processo curativo; tu és apenas o veículo,

através do qual vem a cura.

Tu mesmo, nunca serás o curador, tu és apenas alguém que se ocupa com o

tratamento – o curador é outro, o Poder Supremo e Único

---

a segunda parte do tratamento é bem mais curta que a primeira,

apesar de ser a mais importante, e é negligenciada pela maior parte dos

metafísicos; pensam eles que o seu tratamento é que produz a cura – e é esta

a razão por que muitas tentativas de cura são ineficientes.

---

nenhum tratamento é realmente completado enquanto o curador não sinta em si um certo grau de certeza interior.

Esse sentimento de paz que, te inunda – de uma paz que ultrapassa o entendimento – é ele que é

o verdadeiro curador. Se atingires essa consciência de paz interior então se

realiza a cura. É essa conscientização da presença de Deus que realiza a cura.

---

(Comentário Huberto)

"não é o fato objetivo da presença de Deus ou do Cristo que resolve o problema,

mas é a consciência subjetiva que o homem tem dessa presença. A presença objetiva sempre

existiu e sempre existirá, e dentro do ambiente dessa onipresença de Deus há milhares de

doentes e de pecadores – por quê? Unicamente porque lhes falta o contato consciente com

essa presença, falta-lhes a cons-ciência, a ciência com, a ciência ou consciência desta

realidade divina ou crística. No dia e na hora em que o homem, doente ou pecador, estabelecer

o contato com a usina cósmica da luz e forças divinas, haverá luz e força divinas em seu

receptor humano – e a consciência da presença de Deus é incompatível com doença e pecado."

---

Na medida que o curador se enche de pensamentos de verdade e de amor

desaparecem as desarmonias e discórdia da vida daqueles que entram em

contato com ele, em busca de socorro; e mesmo os que na rua se encontrarem

com ele participarão, na medida da sua capacidade, dessa consciência do

curador, porque há nele uma constante realização.

---

Sempre que alguém invoca o teu auxílio, deves estar pronto a lhe conceder o melhor tratamento possível, por

dois ou três anos. Mas, depois de realizares, durante um ou dois anos,

centenas, quiçá milhares de tratamentos, estará a verdade a tal ponto animada

e incorporada em tua consciência e viverás em tão excelsa altura de

conscientização que, quando alguém te solicitar auxílio poderás responder

simplesmente: “Eu estou contigo” – e isto será tratamento suficiente. Mas tal

coisa só te será possível depois de haveres realizado avultado número de

tratamentos e estiveres firmemente consolidado na plenitude da verdade.

---

Nem em todos os casos consegue o curador espiritual resultado cabal. Pode

isto ser devido ao fato de ele não se achar, nesse momento, na altura da

consciência espiritual. É possível também que o paciente não esteja ainda

acessível ao impacto do tratamento, pelo fato de se achar ainda enredado em

conceitos materialistas da vida.

---

Por que correr à casa do paciente, se o problema não passa de uma ilusão? Se o

curador se apressa a visitar o doente em sua casa, porque o chamado é

urgente, atribui importância a um fato de mera aparência, e pode ser que o

caso esteja perdido.

---

Em casos raros é permitido ao curador visitar o doente pessoalmente; por via

de regra, a sabedoria requer que o curador fique em casa e viva a sua vida em

Deus; viva constantemente na consciência espiritual e não permita ser perturbado pelos homens do mundo. Se o curador é conivente com as coisas do mundo, aceitando aparências à primeira vista, então é ele um guia cego

guiando outros cegos – ambos cairão na cova. O curador deve manter

distância entre si e o mundo.

---

A cura espiritual só é realizável mediante uma verdadeira realização de Deus

no homem. Nada tem que ver com o nome, a doença ou o estado de alguém,

só tem que ver com o conhecimento da verdade de que aquele que aparece

como paciente está na unidade essencial com Deus. Como curador, não tenho

o direito de estar interessado no nome do doente, da doença ou do diagnóstico

do mal, embora o curador digno de tal nome nunca deixe de mostrar bondade,

amor e compaixão para com os que vêm ter com ele com seus problemas.

Escuta benevolamente, mas não toma nota, ciente como é de que a infinita

sapiência, que é a Realidade do Ser, sabe de tudo e não há mister de que

alguém a instrua sobre o nome do paciente ou a doença; essa infinita

inteligência conhece as nossas necessidades, antes mesmo que o curador ou

o paciente as conheçam.

---

Se alguém nos declara: “estou com dor de cabeça”, não há nada que, do ponto

de vista humano, possamos fazer contra isto; ou, se nos diz que está com dor

no pé, nem contra isto podemos fazer nada. O mesmo vale quando chegamos

a saber que alguém fraturou um osso, que está com câncer ou tuberculose. Do

ponto de vista humano, que podemos fazer contra isto? Que adianta sabermos

disto? Que adianta ouvirmos todos esses “boatos”? Que adianta estarmos

expostos a todas essas tentações de crermos em um Ego ou em uma lei

separados de Deus, tentações que, com demasiada facilidade, nos são

impingidas por um paciente loquaz? O curador permanece muito mais

facilmente na sua consciência divina quando não presta atenção à pessoa, à

circunstância, à coisa, mas compreende imediatamente: “Essa pessoa é vítima

de uma crença generalizada, da qual não sabe como libertar-se de momento”

---

Se, de algum modo, esperas participar do ministério da terapia espiritual,

aprende, antes de tudo, a não condenar aqueles que desejas ajudar. Cessa de

condenar, cessa de criticar, cessa de julgar! Eleva-te acima da influência geral,

que se compraz em condenações. Cada um tem as suas fraquezas, e ninguém

se orgulha delas. Ninguém gosta de ser para sempre afetado por elas – e, no

entanto, é precisamente isto que fazes quando criticas, condenas ou julgas a ti

esmo ou os outros. A tua tarefa de curador está em não manter ninguém nas

algemas dos seus pecados de comissão ou de omissão. Mesmo que alguém

os cometa setenta vezes sete vezes, ainda tu o deves absolver deles, setenta

vezes sete vezes.

---

O curador deve ser homem de compreensão, de amor e compaixão, quer o

paciente seja vítima de doença ou de culpa. Na medida que alguém é capaz de

conviver com outros, sem os condenar, sempre na atitude “nem eu te

condenarei”, ele se liberta a si e os outros do fardo de seus erros – e isto os

torna livres, a ti e a eles, para o recebimento da graça de Deus.

---

Olha para dentro da

alma e do coração do teu paciente ou discípulo e vê a Deus presente nele.

Enquanto não vires a Deus manifestado na pessoa que está diante de ti, terás

vontade de pedir a Deus para que faça algo por alguém – e isto derrotará a tua

intenção. Toda vez que pensas que teu paciente necessita de ajuda está

turvada a tua visão espiritual.

---

Tu és o Cristo de Deus. Tu és um ser puramente espiritual. O Cristo habita em

ti. A tua mente é um instrumento de Deus. O teu corpo é um templo de Deus.

Deu é a alma do teu ser.

---

Se as doutrinas metafísicas do século passado provaram algo, então é isto:

que todo homem que se esforça seriamente por tornar-se um curador, pode

curar – nem sempre com facilidade. Em alguns a consciência desperta

depressa, em outros vagarosamente; mas está ao alcance de todos que

trabalharem resolutamente nesse sentido. Isto nada tem que ver com algum

Deus misterioso lá fora não tem nada que ver com algum poder misterioso

externo – tem que ver unicamente com o grau de consciência desenvolvido

dentro do homem individual.

---

Nunca nenhum tratamento visa uma determinada pessoa, e nenhum

tratamento gira em torno de uma determinada condição.

Quando, nas tuas andanças por este mundo, esbarrares com tragédias e

frustrações, nunca aplicarás o teu tratamento a uma determinada pessoa nem

a um determinado caso, nunca! Quem recebe o tratamento, é o problema em

si, e esse problema se baseia sempre na crença de que alguém ou algo exista

separadamente de Deus. Se alguma crença dessa natureza surgir em teu

pensamento, terás de tomar atitude em face dela não como se se tratasse de

uma pessoa ou de uma coisa à parte, mas tens de encarar o problema em si

mesmo, como tal.

---

Quando se te deparar algo que pareça ser uma deformidade, uma insanidade

mental ou um acidente, volta-te para dentro de ti; convence-te de que aquilo

que estás presenciando é uma ilusão; mergulha na paz da presença de Deus

em ti. Todo problema que se te apresentar tem de ser enfrentado no interior da

tua consciência – não somente quando alguém invoca o teu auxílio, mas toda

vez que te encontrares com alguma necessidade. Quando passando pela rua,

encontrares um bêbado, surge um apelo à tua consciência, e é dentro da tua

consciência que tens de tomar atitude. Quando topares com um aleijado ou um

mendigo, não passes de largo sem Ihes prestar atenção; não procedas como

aqueles que, na estrada de Jericó, passaram pelo homem ferido e o deixaram

onde estava. Não o deixes jazer onde está – fisicamente, sim, talvez possas

deixá-lo, espiritualmente ergue-o à verdade do Ser divino.

---

Não podemos passar de largo, indiferentes, àqueles que estão doentes e

culpados, ou estão morrendo; não podemos isentar-nos da responsabilidade de

erguê-los em nossa consciência, visualizando neles a presença da infinita

realidade de Deus, que se manifesta na forma deste ou daquele indivíduo. Se

algum deles possui certo grau de receptividade, embora diminuto, não deixará

de sentir a nossa conscientização. É deste modo que atraímos benefícios

sobre nós e sobre nossos semelhantes e oramos pelos nossos inimigos. Teu

inimigo nunca é este ou aquele indivíduo; teu inimigo é sempre uma aparência apenas – algo mascarado de pecado, doença, discórdia, penúria e deficiência.

Há um único modo certo de orar, que consiste em perguntarmos a nós

mesmos: “sou crédito a meus olhos, ou dou crédito aos místicos do mundo,

àqueles que, pelo contato intuitivo com Deus tiveram a revelação que o mal no

mundo não existe como uma realidade, e que não há nenhuma lei de pecado e

enfermidade?

---

Não importa que, em um só dia, tu tenhas cem ou trezentas chamadas de

pessoas que invocam o teu auxílio; o tratamento será sempre o mesmo. O

momento em que um doente te chama é o instante em que ele, e nenhum

outro, recebe o teu tratamento. Nenhum curador pode fazer uma lista de nomes

e tomar a resolução: “Todas estas pessoas terão o meu tratamento, esta noite”.

O tratamento deve realizar-se no momento preciso em que o doente entra na

zona da consciência do curador – quer isto aconteça por telefone, telegrama ou

carta, quer a lembrança do paciente surja subitamente na consciência do

curador. Neste mesmo instante é que se dá o tratamento do doente, e nem um

minuto mais tarde.

---

Se alguém, neste momento em que escrevo este livro, me surgisse no

consciente, receberia tratamento agora mesmo. Eu não hesitaria um só

momento com o tratamento; porque há um só instante para remover a crença,

e esse instante é justamente aquele em que ela surge no meu consciente. É

este o tempo para a intuição correta ou para seu desdobramento. O segredo da

cura está nessa reação – nesta intuição imediata.

---

É dever do curador ajudar o doente; mas,

depois disto e depois de ter esse sentimento de libertação, deve ele admitir que

a carga passou para os ombros de Deus, que providenciará sobre o resto. Se

O caso não lhe voltar à memória, ou se o doente não o invocar novamente,

esqueça o caso.

---

Não pense o curador que ele, pessoalmente, deva curar alguém,

quando é procurado; o auxílio que ele deve dar é a convicção de

que tais coisas não existem realmente. Por esta razão, também não

se deve sentir obrigado a voltar ao tratamento, no dia seguinte. Se a

ilusão não tem realidade hoje, não a pode ter amanhã; se a ilusão

não tem realidade hoje, não a teve ontem tampouco.

É esta a razão por que doentes a grande distância recebem

auxílio de mim, mesmo antes de chegar ao meu conhecimento o

seu grito de socorro. Dia por dia, eu conscientizo dentro de mim

que uma ilusão que não tem realidade hoje, tampouco a teve ontem,

quando foi feito o pedido.

---

Graças a esses exercícios de meditação diária — pelos quais

muitos de nós, que trilhamos o caminho da auto-realização, incluem

na sua consciência todos os nossos adeptos — o grupo dos nossos

discípulos, que é de âmbito mundial, se conserva relativamente

livre da hipnose das idéias comuns — e deste modo se diminuem a

culpa, as doenças, a pobreza e as desarmonias humanas na vida

deles.

---

Se o teu conceito de corpo é de caráter material, abres as portas

a todos os pecados e males a que o corpo pode estar sujeito. Mas no

momento em que rejeitares essa concepção e firmares em ti a

consciência de que não há duas, três ou quatro espécies de corpo,

mas um só corpo, e que esse corpo é o templo do Deus vivo,

governado e mantido por Deus, sujeito somente às leis de Deus —

então submetes o teu corpo à graça divina.

Mas, se disseres; “Ao que me parece, nutro uma concepção

material do corpo", compreendo isto e concordo contigo uma vez

que todo mundo, até certo ponto, tem essa concepção da

materialidade do corpo.

Se puderes atingir a compreensão que, embora tenhas essa

concepção do corpo material, tu não és um corpo material, pouco a

pouco se dissipará esse conceito materialista do corpo, cedendo

lugar à compreensão de que não existe poder algum no mundo

visível, que não há poder algum no corpo, nos órgãos e nas funções

do corpo, assim como não há poder em bactérias e no alimento. “A

mim me foi dado todo o poder.

---

Além disto, se Deus é ilimitado, então deve Deus conter em si

toda a lei e ser a única lei. E isto exclui toda a possibilidade de

outras leis ao lado da lei de Deus. Por isto, não podem vigorar, no

âmbito espiritual, leis materiais; nesse âmbito não podem atuar

leis de injeção ou de contágio. Nem tampouco existem leis que

causem enfermidades físicas. Existe tão-somente a Lei-Deus, a

Lei-Espírito-perfeita, integral, harmoniosa, operando sozinha e

por toda a parte. Não há nada que se possa opor à lei de Deus, que

se possa afirmar contra ela — Deus somente é lei.

Deus é a vida única, a tua vida, a minha vida. A vida de Deus

não pode jamais estar doente ou enfraquecida; assim como não

pode sucumbir a influências externas de qualquer espécie, fora do

próprio Deus.

---

— Deus como causa. Deus como efeito. Deus como lei. Deus como

o verdadeiro ser de cada indivíduo.

---

Em quase todos os casos que enfrentarmos teremos de encarar

uma ideologia humana ou material sobre a eficácia de uma lei, quer

se trate de uma lei de contágio ou infecção, quer de uma lei de

decomposição ou fratura. A tudo isto subjaz uma lei inventada pelo

homem, a qual, em sua substância, deve ser reconhecida como um

fenômeno hipnótico.

---

Não tente o curador querer superar leis materiais, leis psíquicas,

leis morais ou outra lei qualquer. Esteja sempre consciente de que

tem de tratar com uma única lei. Tudo que de contrário se lhe

apresente não é mais do que uma concepção material da lei. Basta

que ele reconheça a lei espiritual como a lei única, e todos os outros

aspectos de lei desaparecerão.

---

No momento em que o homem enfrentar qualquer problema

deve despertar em si imediatamente a consciência da natureza do

problema como sendo uma concepção material ou uma hipnose. E

logo a palavra “Deus” lhe surge na consciência, eclipsando logo

todo o conceito em tomo de pessoas, condições e circunstâncias.

(hipnose - fake news)

---

No plano do sonho de Adão há encarnação sobre encarnação

mas em nossa verdadeira natureza não há nascimento nem morte

— há tão-somente o Eu.

--

Eu sou da família de Deus, sou descendente de Deus, não de homens

---

Deus é a fonte, os pais são canais através dos quais fluem as águas

da fonte, para que os filhos apareçam no mundo como filhos de

Deus.

Esta compreensão de que a única vida que existe é Deus e que

não está sujeita a crenças humanas, é o caminho para manter a vida

e vitalidade do corpo em toda a sua perfeição absoluta.

---

Não temas a concepção humana da vida ou sua perda. Essa

concepção humana da vida não é a tua vida verdadeira. A tua vida

verdadeira é a que estás vivendo em tua alma. É esta a vida real, é

este o teu verdadeiro ser. O teu corpo não governa a tua vida, a tua

vida é que governa o teu corpo. A vida é, na verdade, o princípio

que anima o corpo. Não é o corpo que te influencia, tu é que

influencias o corpo. O corpo não é lei para tua vida, a tua vida é que

é lei para o teu corpo. O corpo não controla a tua consciência, a tua

consciência é que controla o teu corpo.

---

aqueles que julgam poder melhorar a sua saúde física

e a sua prosperidade material por meios espirituais têm de aprender ainda

muitas coisas; e a primeira dessas lições seja talvez esta: que abram mão

dessas suas metas materiais e só procurem a sua realização espiritual em

Deus. As coisas externas são aditamentos subsequentes, mas nunca poderão

ser a meta. A meta da vida espiritual consiste em despertar em si a imagem e

semelhança de Deus e realizar a identidade espiritual do Cristo, o Filho de

Deus.

---

Não se trata de obrigar o

nosso pobre ego humano, o “homem velho”, a amar forçosamente, virtuosamente, um outro

ego humano, um outro “homem velho”, prolongando um velho continuísmo no plano horizontal

– trata-se de descobrir o ignoto Eu divino, o “homem novo”, a “nova creatura em Cristo”. Trata-se de fazer um novo início, na grande vertical da sabedoria; trata-se de entrar em uma nova

dimensão de consciência fechar os olhos para a velha ilusão do ego e abrir os olhos para a

nova verdade do Eu, onde não há vício nem virtude, mas sapiência, compreensão, meridiana

compreensão da realidade central, eterna e divina, da natureza humana. Não se trata de

“perdoar”, no sentido tradicional do termo, mas sim de “desligar”, como é a palavra do texto

grego (afiemi), que quer dizer “desligar”, “libertar-se” da ilusão da ofensa, que só existe para o

ego, mas não para o Eu. Quando Mahatma Gandhi foi interrogado se havia perdoado todas as

ofensas que recebera de seus inimigos, respondeu, com suprema sabedoria, que não perdoara

nenhuma ofensa, porque nunca ninguém o ofendera; disse a verdade, porque ele já vivia na

pura consciência do Eu verdadeiro inofendível, e não na impura consciência do ego ofendível,

e sempre contagiado de ofendismos de que sofre todo o ego ilusório (N. do T.) (Huberto Roden)

---

O teu lar é para ti aquilo que tu conscientizas como sendo o teu lar. Tu és o

porteiro da tua casa, e deverias ter o cuidado de não deixares transpor o limiar

de teu lar nada que não tenha o direito de entrar em tua casa. Essa porta,

porém, não é uma coisa material; a única porta para a tua casa é a porta da tua

consciência, e só por esta tu és responsável. A quem permites transpor o limiar

da tua consciência? Recebes portas adentro da tua consciência coisas como

contágio, infecção, como poderes maléficos? Devias fazer hoje objeto do teu

pensamento diário que nada possa entrar pela porta da tua consciência senão

a verdade do ser.

---

E não somente a tua vida individual é afetada pelo que entra na

tua consciência, mas também a vida de todos os que entrarem nesse âmbito

da tua consciência, e isto inclui as pessoas da tua família, muitas vezes

também os membros da tua comunidade e da tua igreja. Todos eles esperam

ser alimentados por ti, esperam receber de ti o pão da verdadeira vida, do ser

verdadeiro.

---

Há uma atuação invisível que nos leva à nossa profissão idônea, para um

casamento adequado, para a cidade que nos convém, ou para um povo

conveniente. Dia a dia, o Pai nos designa o trabalho diário, e com esse trabalho

vem remuneração adequada.

---

Nestas poucas palavras enuncia o autor o grande princípio redentor que milhares de

“espiritualistas” nos nossos dias não conseguem compreender. Falam de débitos (karma) que

devam ser neutralizados por meio de crédito, nesta ou em outra existência, como se um ego

virtuoso pudesse nulificar os débitos de um ego vicioso! Que é, afinal de contas, um homem

virtuoso senão um ego de boa vontade, continuação do velho ego de má vontade, que é o

homem vicioso? Portanto, continuísmo, “remendo novo em roupa velha”. A solução real não

está em nenhum continuísmo de boa vontade, está, sim, em um novo início, em uma iniciação,

na sabedoria do Eu divino, em uma eclosão de Pentecostes, terremoto, tempestade e incêndio,

em um total despojamento do “homem velho” e em um total revestimento do “homem novo”, da

“nova creatura em Cristo”. Quem passa da viciosidade e virtuosidade do velho ego para a

sabedoria do novo Eu, esse nulifica de vez todos os seus débitos Kármicos e ouvirá as

palavras: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (N. do T.) (Huberto Roden)

---

No plano do homem-ego está cada um sob a lei kármica: “O homem colherá

aquilo que ele semeou”. Mas, todo homem pode quebrar essa lei, pelo

conhecimento de que nem só de pão vive o homem: ele vive pela graça, por

todo o verbo de Deus.

---

Não te dirijas a Deus com o desejo de ser curado; não vás ter com Deus

esperando emprego; não vás ter com Deus na expectativa de receber

segurança e proteção: vai ter com Deus esperando Deus. Vai ter com Deus na

esperança de receber a experiência espiritual da sua presença. E verás como

então Deus se manifesta em forma de harmonia nos acontecimentos, nas

coisas ordinárias de cada dia – até em coisas como a de encontrares um lugar

para estacionar o carro, ou de conseguires uma passagem de avião ou um

lugarzinho em um hotel super-lotado.

---

Dá sempre, na certeza de que o teu suprimento não está

naquilo que recebes, mas sim naquilo que dás.

---

Suprimento é algo dentro do nosso próprio ser – e a verdade é que Deus é o

nosso ser. Quando alcançamos Deus como o nosso ser, então nada mais

temos que fazer senão reconhecê-lo realmente como tal. Quem tem Deus tem

suprimento. Mas o problema central está precisamente nisto: será que temos

Deus? Em teoria e na realidade, todo homem tem Deus – mas nem todos têm

a consciência de terem Deus.

---

O suprimento está todo na realidade do Infinito (o nosso Eu

divino), antes de se manifestar nas facticidades dos Finitos (o nosso ego humano). Requer-se,

todavia, uma grande clarividência, introvidência ou ultravidência, para enxergar a fonte da

Realidade infinita, de onde os bens da vida derivam através dos canais das facticidades finitas(Huberto)

---

Os homens do mundo se comprazem em locuções como estas: “Deus

providenciará, se Deus quiser”, “Deus o fará” – e, no entanto, Deus nada faz.

Quem tudo faz acontecer é tão-somente a nossa relação consciente com Deus.

---

nunca mais acreditarás que algo possa ser melhorado por meio de manejos

miraculosos ou pela oração. Compreenderás que o que aconteceu foi o

seguinte: que tu te tornaste mais consciente de uma coisa que já existia desde

o princípio em toda a sua plenitude.

Se tu não és um recebedor da Infinita Plenitude não é porque a

Infinita Plenitude esteja ausente – mas é porque te falta a consciência da

Infinita Plenitude.

---

O Mestre não podia multiplicar pão e peixe; o Mestre só podia realizar

uma coisa, podia realizar a consciência da presença do Pai no seu interior, e

essa sua consciência da presença do Pai se manifestou externamente como

pão e peixe multiplicados, como a cura de doentes e como a ressurreição de

mortos.

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Observa o milagre que acontece quando a tua mente cessa de lutar, quando

desiste de querer crear algo, de querer multiplicar, de querer curar, salvar ou

redimir! Observa o milagre em tua vida quando aprendes a relaxar-te

mentalmente, compreendendo que a Infinita Realidade de Deus é o único Eu Sou.

---

Como pode alguém saber se pertence ou não ao número daqueles que não

vão sofrer os desastres do mundo? Cada um desejaria escapar a esses males;

entretanto, o grau dessa imunidade é determinado por cada pessoa

individualmente. Nenhum Deus determina por nós. Não existe nenhum poder

que selecione alguém para ser salvo, quando todos os outros perecem. O que

o salva é unicamente o conhecimento das leis de Deus e a sintonização com

elas, conforme vem declarado nas Escrituras.

---

Nós nunca nos achamos “em” um

navio, “em” um avião, “em” um automóvel. O navio, o avião, o automóvel é que

estão em nós – em nossa consciência. Todo e qualquer veículo que

encontrarmos pelo caminho está dentro da nossa consciência: por isto, não há

motivo para temermos algo, na estrada, da parte de motoristas inábeis ou

bêbados, enquanto mantivermos em nós a consciência da presença de Deus.

Não somos vítimas de algum motorista fora de nós; todo e qualquer motorista

que encontrarmos está dentro da nossa consciência e sujeito à consciência

que tivermos da verdade.

---

Por isto, após a convalescença, foi procurar alguém mais adiantado no caminho espiritual, com

o fim de encontrar explicação do fato. “Que foi que aconteceu? Eu sou um

homem que procura sinceramente a verdade, e, ao que sei, não há em minha

consciência nada que não esteja em ordem; até me levantei uma hora antes a

fim de orar intensamente por proteção. E agora, como me podia acontecer

isto?”

O amigo dele lhe respondeu: “Inventasse um acidente – creaste um desastre”.

“Não te compreendo. Julgava ser importante orar para ter proteção”.

“Isto, sim, é importante, contanto que... Se tivesses compreendido a natureza

da tua oração, tudo estaria certo. Mas agora, dize-me: contra que querias

proteger-te?”

“Ora, contra maus motoristas na estrada, contra acidentes e álcool”.

“Exatamente! Querias proteger-te a ti e tua família contra um poder e contra

uma presença separada de Deus, querias embalar-te a ti e a tua família em um

chumaço fofo de algodão de onde nada daquilo pudesse atingir-vos. E que

fizestes? Creaste uma imagem mental de maus motoristas, de álcool e

acidentes – como poderias esperar que tais coisas te protegessem?”

Através desta única lição aprendeu esse homem o princípio fundamental que,

mais tarde, fez dele exímio curador espiritual – a lição de que existe um só

poder, e que esse poder único é Deus.

---

A oração protetora consiste na compreensão de que ninguém possui uma

egoidade separada de Deus. Ninguém possui inteligência, vida, alma, espírito,

ser ou corpo que não sejam de Deus.

---

Encher uma criança com pensamentos

de medo mediante constantes admoestações de caráter negativo, “não faças

isto, não faças aquilo”, é o mesmo que negar o Cristo. Humanamente

considerado, pode isto parecer razoável, e, em certo nível de consciência, ser

necessários; mas, no plano espiritual, é exatamente o contrário. Para dar a

uma criança um senso de segurança, deveríamos dizer-lhe que Deus é vida

indestrutível e sabedoria, que sempre a levarão ao lugar certo e em tempo

certo. Deus é a vida e a alma de tudo que ela encontra, e, por conseguinte,

tudo que a criança encontrar é Deus, seja o que for. Ela está sempre sob a

proteção de Deus e guiada pela sabedoria de Deus.

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Essa prece por proteção é necessária. Devemos proteger-nos da aceitação da

crença geral em dois poderes e da idéia de estarmos separados de Deus. Deus

deve tornar-se para nós uma experiência viva. Temos de descobrir um caminho

que nos una com Aquele do qual nos julgamos separados. Quando somos

tocados pelo espírito recebemos a revelação, que é Deus. E então permitimos

que o espírito de Deus nos guie. Permitimos que a Presença Divina siga diante

de nós, endireitando tudo que é torto.

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Desse modo, por exemplo, muitos de nós que trilham este caminho

principiaram com o estudo de um determinado ensinamento, adquirindo um

vislumbre de Deus como sendo a Vida. No princípio talvez tenhamos repetido

isto apenas com palavras, concordando intelectualmente com a verdade.

Eventualmente, porém, chegamos a um ponto de transição, e conscientizamos( consciência da presença de Deus/ despertarmos para a consciência espiritual)

A partir desse momento, quando enxergamos que Deus é vida, e a vida é

Deus, começa a melhorar o estado da nossa saúde corporal Possivelmente,

com isto não melhorarão as nossas condições econômico financeiras; mas,

algum dia, teremos a mesma experiência no plano da nossa prosperidade

material – e subitamente compreendemos que os bens da vida não são algo

que devamos adquirir mas que já estão presentes em nós. Se fizermos essa

conscientização, já não há necessidade para realizarmos os bens da vida.

Estudar, ler, meditar, ponderar, ouvir – tudo isto são passos que,

em última análise, nos levarão ao ponto em que diremos: “Eu era cego; – e

agora vejo”

A verdadeira cura se baseia no fato de que nenhum acervo de coisas que

soubermos de Deus ou do homem está em condições de solver um único

problema, nem de curar uma única doença; o que esses conhecimentos podem

fazer é apenas tranquilizar-nos até que ingressemos em uma atmosfera de paz

e nos sintamos realmente como que flutuando em Deus, não dormentes nem

mortos – nada disto – nem em uma espécie de hipnose, oscilando a meio

caminho entre dois mundos. O que experimentamos é uma paz que transborda

de vitalidade; é a paz que ultrapassa toda a compreensão humana. Neste

estado não nos é possível adormecermos nem temos vontade de tornar a

dormir jamais; temos desejo de ficar acordados para sempre, e permanecer

para todo o sempre nesse estado de intensa vigília. Estamos em um estado de

pleno despertamento e consciente vitalidade, e ao mesmo tempo em uma

profunda paz e tranquilidade.

Talvez a tenhamos apelidado de lei do karma, ou a lei de causa e efeito –

“o que o homem semear, isto ele colherá; quem semear na carne, da carne

colherá perdição; mas quem semear no espírito, do espírito colherá vida

eterna”. Mas não nos esqueçamos de que “por Moisés foi dada a lei, mas por

Jesus Cristo vieram a graça e a verdade”. A lei é para os que vivem

humanamente, a graça é para os que vivem espiritualmente.

até que possamos conscientizar

a presença de Deus, na certeza de que essa conscientização é plenitude. A

palavra-chave é “plenitude” ou “plenificação”.

Espiritualmente, somos infinitos, infinitos como Deus; e por isto é pecado

desejar alguma coisa. Temos de pedir unicamente que o próprio Deus se dê a

nós e nos beneficie com a Sua graça – isto é pedir, bater e receber; é este o

único desejo legítimo. Mas, se reduzirmos o nosso desejo – o nosso pedir, o

nosso bater, o nosso buscar – a alguma forma de bem material, estaremos

sujeitos ao senso material da lei.

Todo o sofrimento que no mundo existe nasce do fato de estarmos sujeitos à

lei de uma concepção material da vida. Toda vez que nos defrontamos com

uma lei material ou mental, devemos remontar ao princípio fundamental,

neutralizando-a deste modo pela compreensão de que não há poderes, mas

que Deus é o único Poder.

Essa ideologia de uma creação dual tem a sua base no ego. No paraíso do

Éden acreditou Adão que ele e Eva fossem os creadores. Hoje em dia o

homem descobriu a sua mente e julga que com o poder da mente possa ele

crear coisas boas e coisas más. Finalmente, porém, deve o homem convencerse de que ele não é creador. Pode ser, sim, um instrumento pelo qual o

Princípio Creador funciona, mas o homem mesmo não é creador3. A nenhum

homem, a mulher alguma foi dado o poder de crear a seu bem mentalmente,

ou de destruir mentalmente esse bem. Toda vez que alguém se julgar um

creador no plano mental está em ação o ego – do mesmo modo quando julga

poder crear algo no plano material. Quando o homem abandona toda a

pretensão de ser um creador e reconhece que todas as formas dos fenômenos

visíveis têm a sua origem no mundo invisível, então vive ele no mundo da

Realidade. E então todas as coisas creadas – inclusive o seu corpo – cantarão

harmonia. Somente enquanto perdurar a crença – a crença generalizada de

sermos creadores e possuirmos uma existência separada de Deus – reinarão a

desarmonia e a discordância em nosso corpo, em nossas relações sociais e

em nossos negócios.

3. Convém notar que o homem-ego, o ego mental, é, em certo sentido, creador; mas só no

tocante às coisas negativas, que são os males, as ausências, os vácuos, as sombras. Somente

o espírito é creador do positivo, do bem, da presença. Enquanto o ego negativo não se integrar

no Eu positivo, não pode ele ser autor de um bem (presença), mas tão somente do mal

(ausência). (N. do T.).

Deus é o único Poder. Por isto, não temerei o que os homens me possam

fazer. Não temerei bacilos nem infecção nem contágio, nem temerei poderes

humanos. Há um só Poder, o Infinito Invisível.

Se nos apegarmos firmemente a isto, o nosso caminho será harmonioso. Não

quer isto dizer que tenhamos cem por cento de sucesso, porque a pressão que

o mundo exerce sobre nós é grande – jornais, rádio, televisão, conversas,

boatos – tudo isto nos hipnotiza e nos leva à tentação de reconhecermos um

poder separado de Deus. Que de vez em quando sucumbamos a isto não nos

deve angustiar; nada há de que nos devamos envergonhar. Todo homem aqui

na terra tem tido momentos em que as tentações do mundo se infiltraram nele,

convencendo-o de que existiam poderes fora dele.

Todos são

tentados a admitir um mundo separado do mundo de Deus, um poder fora do

Poder de Deus, alegrias fora das alegrias de Deus

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De mim mesmo nada sou, mas porque eu e o Pai somos um, por isto o Todo, a

Plenitude e a Perfeição do Pai podem manifestar-se através de mim e como

sendo meu próprio Eu. Por isto, aonde quer que eu vá, a glória de Deus segue

à minha frente com grande esplendor, fazendo-me sentir a sua presença.

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Mantendo em nós esse senso de ego-vacuidade, iniciando cada dia com essa

conscientização, não tardaremos a ver que até as flores florescerão em nossa

presença, porque a nossa presença será uma bênção ininterrupta mesmo para

aqueles seres que nem sabem quem somos, o que somos, e porque assim

somos.

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O Pai conhece as minhas necessidades, e eu aqui estou como simples

observador, não orando para ter boas oportunidades amanhã, mas sentado

tranquilamente nesta atmosfera da alma, e contemplando como as

oportunidades vêm ter comigo. .. Agora,

porém, abro mão de todos os cuidados e ansiedades, e aqui estou como

simples observador, contemplando a infinita bondade de Deus.

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A nossa prece diz “cala-te e emudece!” É uma comunhão silenciosa, mesmo

em face das tempestades no mar. O Mestre nunca orou para que a tempestade

amainasse; a sua única prece foi esta “Cala-te!” Será que ele falava às águas?

Não, ele falava à sua consciência e à consciência de seus discípulos: “Cala-te,

sê quieto!” Quando a nossa consciência está quieta, não há tempestades nem

dentro nem fora.

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No silêncio e na quietude é que está a nossa força – não no falar. A linguagem

é o nosso meio humano para exprimirmos idéias divinas; entretanto, as idéias

divinas se revelam e manifestam em nós sem palavras. Colocamos o dedo

sobre os lábios e recebemos a certeza de que Deus está no campo, e que a

luta não é nossa, mas de Deus – que não há luta alguma.

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não devem dar importância ao seu corpo, à sua bolsa

ou aos seus afazeres. Que diferença fazem estas coisas? Uma só coisa é

realmente importante: “Será que eu conheço a Deus? Será que atingi um ponto

em minha vida onde possa conhecer a Deus? Que diferença faz que eu tenha

muita ou pouca saúde, se não conheço a Deus, se ainda não me encontrei com

ele face a face?”

Prosseguindo em nossos esforços, não tardaremos a efetuar curas – em nós

mesmos e curas em outros. Mesmo a cura de uma simples dor de cabeça nos

deveria servir de prova de que a presença de Deus está atuando em nossa

vida, aqui e agora. Depois disto, nunca mais deveria haver necessidade de

outra cura, porque, a partir daí, saberemos: “Agora sei que há uma

possibilidade de ter experiência de Deus em minha vida; agora tive a prova

disto; de hoje em diante dedicarei a minha vida a esse ideal”

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Uma vez que tenhamos encontrado a Deus face a face e saibamos o que a

presença de Deus significa em nossa vida, a partir daí a nossa vida não tem

mais senão um sentido único – viver na presença de Deus. A partir daí, não

teremos mais nenhum problema a solucionar – basta que tenhamos um

verdadeiro conhecimento de Deus. Todo o amigo da verdade fará bem em

renunciar a toda tentativa de solver os seus problemas pessoais por si mesmo,

e em vez disto, interessar-se pela única meta sublime: “Que diferença faz que

os meus problemas estejam ou não solucionados, se não cheguei a um

conhecimento verdadeiro de Deus? Agora tenho um só problema: conhecer a

Deus em verdade, porque conhecê-lo é possuir a vida eterna. Uma vez que eu

conheça a Deus – adeus problemas todos!

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Basta que alguém conheça uma única verdade fundamental para poder

atender a qualquer chamada para curar, seja no que for; e se ele tivesse

suficiente coragem e convicção, nenhuma diferença faria que se tratasse de

câncer, de tuberculose ou de paralisia infantil. A consciência de uma única

verdade – nada mais se requer para a terapia espiritual.

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Quanto àqueles que vivem conosco sob o

mesmo teto, quer receptivos ou não para a verdade, temos a obrigação de

estarmos na presença deles sempre no mais alto grau de consciência que, de

momento, nos for possível; devemos isto a nós mesmos e devemos isto ao Pai,

que nos ergueu acima das tempestades do mundo humano. No tempo em que

ignorávamos esta verdade, não tínhamos tal obrigação; mas daquele que tem,

muito se espera, muito se exige.

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conhecemos o segredo: o Pai está em mim, e eu estou no Pai, e nós

estamos uns nos outros. Sim, conhecemos esse segredo; mas agora importa

que, sem palavras nem pensamentos, duas, três ou quatro vezes por dia – e,

no próximo ano, vinte vezes por dia – entremos em nós mesmos, por meio

minuto que seja, a fim de conscientizarmos a Presença, a Energia divina, a

Centelha divina, vivendo de tal modo que todas as pessoas que entrarem no

âmbito da nossa consciência sintam o transbordamento de Deus sobre elas.

Autor - JOEL S. GOLDSMITH

Tradutor - HUBERTO ROHDEN

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 20/10/2023
Reeditado em 21/10/2023
Código do texto: T7912941
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