1. Os gregos e a natureza da técnica


A ciência e a tecnologia têm como matriz o pensamento racional baseado na observação empírica e conhecimento de causas e efeitos. Já a tecnologia não busca a verdade, mas a utilidade. Se a ciência objetiva o conhecimento, a tecnologia fundamenta-se no controle sobre a natureza, através de aparatos tecnológicos.

Desde a Grécia Antiga que se iniciou o projeto de racionalização e controle sobre a natureza. A Ilíada de Homero simboliza através da arte o controle do homem sobre a natureza, uma vez que o herói Ulisses vence as forças naturais e as entidades míticas, através da astúcia e do uso da razão.

Os primeiros filósofos tentavam compreender o principio “arqué” da natureza “physys’” e deste espanto surge o conhecimento racional sobre a natureza. Os gregos viam na “techne” aquilo que se liga a “poiesis” que seria a atividade prática e utilitária para a produção dos artefatos( artesanato, arte, convenção social) , a técnica orienta a produção dos artefatos e a natureza, assim como os artefatos tem uma finalidade objetiva e prática os gregos concebem a natureza a partir dos artefatos construídos, a cada “techne” caberia uma “poiesis” .

Ciência, episteme em grego, é o conhecimento das coisas. Em poiesis, a distinção entre existência e essência é real e evidente. Platonicamente falando as coisas tem existência inicialmente como idéia e em seguida tem existência quando o homem lhe dá sentido através da fabricação. Assim cada “techne” traz em si a essência do artefato, a idéia dele mesmo antes de ser criado, elaborado. A idéia, a essência da coisa é assim uma realidade independente da coisa em si de quem a cria. Em sua cosmologia Platão vê a natureza como obra de um artesão que fez todas as coisas a qual ele denomina de Demiurgo. Assim ciência e a tecnologia teriam um fim, um propósito dar sentido ao mundo a partir de sua recriação através da ciência e da técnica.

2. Intervir e explorar a natureza para a comodidade burguesa ou a nova crença


O padrão de racionalidade grego é na modernidade substituído pela idéia de que a natureza é um mecanismo a ser desvendado. A racionalidade deveria estar a serviço de coisas úteis e práticas. Francis Bacon usa a seguinte metáfora para ilustrar a sua visão de natureza, ela seria uma mulher que deve ser dominada e violada se for necessário para lhe arrancar os seus segredos[1]
A razão passa a ser um instrumento e a tecnologia o seu primado. Essa racionalidade é expandida a cultura e ao pensamento filosófico e político. O fato é que não se pode separar ciência e tecnologia da sociedade que as produz, e a cultura capitalista burguesa européia se impõe produz e reproduz a racionalidade técnica instrumental. Como observa Ortega y Gasset “ eis ao que leva o intervencionismo do estado: o povo converte-se em carne e massa que alimenta o simples artefato e máquina que é o Estado”. A tecnologia passa a ser consumida, torna-se aparato, dando existência a máquinas cada vez mais sofisticadas e autônomas a tecnologia é o motor que move as engrenagens da sociedade capitalista industrial que toma forma entre os séculos XVIII e XIX se torna a paisagem do século XIX, num casamento entre técnica ciência e capital. A técnica assim, “deixa” de ser trabalho humano e transforma-se em algo apropriado pelo interesses do capital. O que é o caráter fetichista? É o processo pelo qual a mercadoria, ser inanimado, é considerada como se tivesse vida, fazendo com que os valores de troca se tomem superiores aos valores de uso e determinem as relações entre os homens e não vice-versa. Como Observa Ortega y Gasset:
O especialista serve-nos para concretizar energicamente a espécie e fazer ver todo o radicalismo da sua novidade. Porque outrora os homens podiam dividir-se, simplesmente, em sábios e ignorantes, em mais ou menos sábios e mais ou menos ignorantes. Mas o especialista não pode ser submetido a nenhuma destas duas categorias. Não é um sábio, porque ignora formalmente o que não entra na sua especialidade; mas tampouco é um ignorante, porque é «um homem de ciência» e conhece muito bem a sua fracção de universo. Devemos dizer que é um sábio ignorante, coisa sobremodo grave, pois significa que é um senhor que se comportará em todas as questões que ignora, não como um ignorante, mas com toda a petulância de quem na sua questão especial é um sábio[3].
Do mesmo modo que um operário não tem domínio de todas as etapas do processo de produção dos bens fabricados, os cientistas também perdem a noção do todo, tornam-se apenas apêndices de grandes projetos de organizações científicas cada vez mais interessadas nos lucros obtidos ou nos resultados políticos de determinada linha de investigação. Mas se os saberes se fragmentam, a técnica em si não é culpada, ela não existe em si mesma ela é elaboração humana. Portanto cabe aos homens dar-lhe outro sentido, dando-lhe novas possibilidades de uso que podem ser utilizados para promover a emancipação individual e coletiva. Uma destas possibilidades esta em usá-la em beneficio da coletividade

Assim a vida cotidiana padroniza-se no "racional." A tecnologia torna-se onipresente na vida cotidiana o pensamento técnico predomina sobre todos os outros. Pode-se dizer que a racionalidade tecnocientífica forja a cultura Ocidental. Há uma reificação da técnica, a tecnologia é nas palavras do poeta português Fernando Pessoa “ A revelação metálica de Deus”.[4]


2. Duas visões sobre tecnociencia: deterministas e substantivistas
“Só um Deus nos pode salvar”.
(Heidegger)
Duas visões sobre o primado da técnica no mundo atual tem disputado influencia nas discussões sobre o tema. A visão herdada pelo iluminismo que em linhas gerais vê a ciência como um conhecimento neutro e objetivo que vê o avanço técnico como o motor das transformações sociais. Ou seja, que a tecnologia determina as relações humanas. Deificada, a tecnologia seria uma espécie de movimento autônomo rumo ao progresso da civilização.
Herbert Marcuse, expoente da Escola de Frankfurt, fala do surgimento do homem unidimensional: o indivíduo míope que enxerga apenas as aparência do mundo, sem, entretanto, perceber com profundidade a realidade que o cerca. Esse ser conformado consumista e despolitizado tem a sua felicidade condicionada pela mídia e contém suas frustrações no consumo desenfreado, “A nossa sociedade se distingue por conquistar as forças sociais centrífugas mais pela tecnologia do que pelo terror, com dúplice base numa eficiência esmagadora e num padrão de vida crescente” (Marcuse,1969:14).



Martin Heidegger foi um dos filósofos que mais refletiram sobre a preponderância da técnica na vida dos homens. Em sua ultima entrevista ele afirmou que “só um Deus poderia nos salvar” será que um deus ex-máquina? O seu diagnóstico é muito preciso mais o mesmo não via saídas para o domínio da tecnologia sobre os valores. Se a filosofia grega entendia o ser na produção técnica que era o arquétipo do ser na teoria. A modernidade transmuta o ser para a técnica. Tudo passa a alimentar o aparato técnico, tudo se converte em matéria prima, corpos, seres, entes, mentes. "Já que a essência da técnica moderna repousa no Ge-stell, daí decorre a necessidade da técnica de empregar a ciência exata da natureza. Daí origina-se a aparência enganadora de que a técnica moderna seja ciência natural aplicada".[6]

Adentramos num mundo onde a biotecnologia parece reinar e com ela, suas réplicas, seus genes seus seres mutantes, como os representados na anti-utopia do filme Kal Dikk?? Blade Ranner de Ridley Scoot, o mapeamento do DNA para a confecção in vitro de espécies humanas mais robustas, parece que os ideais de melhoramento genético, raça pura revivem. De outro lado caminhamos para a virtualidade, para outras realidades, que alteram nossa percepção, as novas tecnologias de informação e os modos de comunicação estão substituindo a realidade a qual estávamos acostumados e tomávamos como referência. Há uma implosão do real e o que vemos são fragmentos.
Onde tudo nos levará? Apesar de todo esse aparato tecnocientífico onipresente e onipotente as perguntas fundamentais ainda persistem e não será a tecnologia que nos dará as respostas aos dilemas existenciais, individuais e coletivos. Ao passo que a natureza é estuprada e violada nos modos de Bacon e Descartes, esse modos vivendis o modelo de exploração capitalista da natureza, dá sinais de exaustão. A crença no progresso, na evolução dos sistemas sejam eles sociais, biológicos, econômicos ou políticos esbarram nas leis da entropia[7]
2. Um exemplo fora e dentro do contexto
Destruição dos biomas naturais como é o caso do cerrado brasileiro o seu ecossistema mais diverso que se formou há milhares de anos e em 20 anos está quase que inteiramente destruído. Sucumbe ante ao secular modelo agrário-exportador que, aliado a novas tecnologias desaparece e com ele todo um banco de dados da flora, fauna, populações indígenas. Máquinas cada vez mais eficientes, geralmente americanas; multinacionais como a Monsanto e suas sementes geneticamente melhoradas, monopolizam e controlam a produção de sementes de soja. A especulação das terras rurais, expulsa o índios e camponeses de suas terras, gerando desemprego, miséria e êxodo rural. O ciclo se completa com o gado que se expande a áreas antes intactas da floresta amazônica, num ciclo retroalimentado para satisfazer o mercado mundial de commodities. OBrasil destrói biomas, a destruição avança pela floresta amazônica, onde os madeireiros mancham a floresta com sangue e com a seiva das árvores extraídas, destruição potencializada pelo uso “neutro” da moto-serra, atendendo pura e simplesmente a lógica do capital. O Brasil felizmente vem dando passos, mesmo que modestos, para romper e impedir esse ciclo perverso: destruição da floresta para a extração de madeira nobre, extremante valorizadas no mercado de commodities global, queima do que resta da floresta com a liberação de CO2 na atmosfera, plantio do capim para a criação de gado para abastecer o mercado mundial de carne. De outro lado inicia-se um período de grandes barragens que se instalam cada vez no interior da Amazônia para utilizar-se das potencialidades hídricas das águas de rios até então intocáveis, de modo a desocultar, a energia dispersa, isolar, armazenar, distribuir num ciclo auto sustentável através do calculo frio e racional e o resto é o acidental, o que não estava previsto( inundações de imensas áreas de florestas, deslocamentos de comunidade primitivas milenarmente instaladas ali), dentre outros efeitos colaterais.
Mas é certo que as novas tecnologias podem ser utilizadas para fins mais democráticos elas não devem ser um meio de destruição e assim a partir dos anos 70 e 80 do século passado surge uma consciência global ecológica que traz em si criticas muito pertinentes sobre a associação entre ciência/técnica e capital e interesses estatais. O curioso é que o capitalismo esse sistema mutante que se nutre de suas próprias contradições, ao invés acabar, como via Marx, ele se adapta aos novos tempos, criando novos valores e padrões de consumo, alterando a base tecnológica que lhe sustenta. Assim emerge uma economia mundial de baixo carbono, uso de inovações tecnologias identificadas com o desenvolvimento sustentável.
2.2 a importância da filosofia da tecnologia
Essas questões tem como “pano de fundo” ou “feedback” a questão tecnológica e como a filosofia da tecnologia pode ser útil para o enriquecimento deste debate. Porque talvez sem a episteme que atua na e pela physis de modo a produzir poeisis a civilização não teria chegado aonde chegou. Se não fosse a Paidéia orientada para o bem comum e se a técnica em seu nascedouro não estivesse orientada para remodelar o mundo torná-lo mais humano, carregado de intenções de significado, seja na arte ou na cultura na ciência, não haveria civilização. A filosofia nasce com preocupações técnicas, como uma filosofia da ciência na medida em os gregos se espantavam e tentavam dar sentido a um mundo caótico estando entre a perplexidade e a necessidade. Da perplexidade surge a necessidade de investigar a physis e da necessidade o desejo de vencer a natureza onde a técnica tem um papel fundamental.
O fato é que a tecnologia tornou-se uma ida sem volta, aparentemente sem sentido e orientada ao consumo de máquinas do desejo ou a outros fins de uso que podem ou não ser utilizados beneficamente pelo conjunto da humanidade. Se só um Deus há de nos salvar, resta-nos refletir sobre o tema nas visões antecipatórias da ficção cientifica, em suas anti–utopias futuristas:
(...)Costumava também repetir que o Sol seria o maior novo laboratório, e que a visão deste e para o mundo seria, em plasma e gás, desde a convecção até à coroa, como que a estratosfera de uma nova consciência, fora do paradigma longínquo dos sólidos, longe da tangibilidade da água e dos cristais, figurada apenas em nuvens e estado gasoso e que, nessa altura, o risco maior seria o impulso para a filosofia do vazio e do nada. Acrescentava amiúde que o elemento fogo era o estágio primordial, mas que a evolução maior teria que o renegar, e assim o sexo, a violência e a própria humanidade encontrariam, como luz ao fundo do túnel, a possibilidade da sua negação, mas por vontade de poder e egotismo seria disso incapaz, e uma contra-evolução renovadamente ígnea, primária e violenta reconquistaria o cosmos
Necessitamos nos salvar a nos mesmos, sem deuses (máquina, dinheiro, sexo, mercadorias, Deus) assim como o herói de Homero vence as adversidades naturais e suas entidades míticas, utilizando-se da astúcia para vencer cíclopes, cantos de sereias, adversidades, até se reencontrar consigo e com o caminho de volta a casa, ao encontro do seu eu. Do mesmo modo precisamos vencer as entidades não mais naturais, mas as artificiais criadas por meio de nossa capacidade técnica, essas entidades podem se transformar em demônios ou anjos, subjugarmos ou nos libertarmos, cabe a nos decidir qual o caminho, o da irrealidade, da angústia, da atomização, da automatização, da alienação, da axiomatização da vida; ou a via da libertação que nos conduza de volta ao nosso ser a nossa essência. Será que como Prometeu que roubou o fogo dos deuses e deu aos homens, estaremos condenados e acorrentados pelos elos da tecnologia que nos cerca, a imobilidade e fustigados no fígado por pássaros de metais e ilhas artificiais de fantasias e fetiches tecnológicos até a dispersão de nossas energias psíquicas, a exaustão total de nossa capacidade de se reinventar, na arte, no sonho, na poesia e na própria filosofia que se iniciou como uma filosofia da techne, da ciência?



3. Algumas considerações pertinentes

Se nos tornamos impotentes diante de tantos Wolkswagen, tantos Renault, tantos Fords, tantos foods, tantas máquinas, luzes, controles, réplicas, cartões de pontos, planilhas, telas de LCD, teclados, mauses, turbinas de aviões, radiação, somos passantes sem poder vermos a nos mesmos, mergulhados num tempo entrópico que se exaure e com ele a nossa existência, enquanto isto sonhamos com liquidificadores, máquinas de dormir, de tirar o sono, máquinas de sonhos, de fantasias, vemo-nos irrefletidos no emaranhado de redes neurais proto biológicas e físicas, nanotecnologia, assamos lingüiça alemã em forno de micro-ondas chineses e nos fazemos presentes onde não estamos, somos avatares de nos mesmo e de outros, enquanto assistimos ao mundo e não o vivemos. Se a metafísica não está mais em nós se transmuta no real realizado pela técnica, essa transmutação transforma tudo e todos na matéria-prima dos processos técnicos, o que inclui os próprios seres humanos.

A civilização ocidental funda-se na técnica e ela pode ser a saída para os nossos impasses, ao menos uma das saídas. A sociedade pode estabelecer controles sobre o monstro onipotente e onisciente; de modo que ela sirva aos interesses coletivos, democráticos e universais e que suas finalidades sejam pautadas por uma ética universal, de modo que seu uso destrutivo seja minimizado e eliminado. Podemos pensar num (des) domínio da natureza, antes que haja um descontrole total da mesma.


Se, por um lado, não somos apenas instrumentos para a finalização da natureza, como acreditavam os gregos, por outro, não temos plena liberdade de dispor plenamente das coisas que produzimos e consumimos, como acreditam os defensores da neutralidade. Temos, sim, liberdade para escolher nossos propósitos, mas não liberdade absoluta. A nova ética diz respeito à redescoberta do lugar do homem no universo. Mas está por se fazer. E é isto, justamente, que torna o pensamento de Heidegger uma espécie de testamento: juntamente com as descobertas que nos lega, repõe-nos na liberdade de decidirmos o que fazer com elas.



































Bibliografia

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MARX, Karl “O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo”, O Capital – Crítica da Economia Política, São Paulo, Editora Abril, 1987

















e o progresso material proporcionado pela big sciense parece não olhar para trás para a tendência entrópica de todo sistema que tende a deixar um rastro de destruição. Estamos numa era do progresso materiail de novidades tecnológicas e também de destruição. Neste contexto de uma sociedade tecnologizada onde os seres humanos estão atavicamente ligados as máquinas e onde as respostas técnicas aos problemas humanos não são suficientes que (re) surge a filosofia da tecnologia, ela pretende refletir sobre os impactos da tecnociencia nas sociedades contemporâneas. [8]. [5] . A racionalidade a La Descartes, Galileu, Bacon, Kant emerge como um novo padrão. A ciência e a técnica deveria ser um instrumento de controle e de poder sobre a natureza, neutra e objetiva, destituída de qualquer valor. O ápice dessa transformação se dá com o Iluminismo e a sua crença quase cega na razão instrumental. [2]deal de ciência se impõe a todo o século XX, e cria-se uma mística onde a ciência e a técnica são valores universais. Tudo passa pelo crível da ciência e do método cientifico. No plano educacional valorizou-se o ensino técnico, frio e destituído de humanidade, em detrimento do ensino clássico, mas voltado para a formação cidadã. Nesse contexto a formação dos indivíduos se dá pelas demandas de mercado e não pelas demandas subjetivas. Por outro lado o conhecimento foi tecnificado, uma vez que houve um processo de departamentalização do mesmo, resultando na fragmentação dos saberes, em áreas subáreas, matrizes disciplinares, formando cientistas doutos em assuntos cada vez mais restritos e ignorantes em assuntos mais genéricos. Esse i[1] SEDEÑO, Eulália Pérez. El Sexo de Las Metáforas. Departamento de Ciencia, Tecnología e Sociedade.
[2] MARX, Karl “O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo”, O Capital – Crítica da Economia Política, São Paulo, Editora Abril, 1987

[3] José Ortega y Gasset . A Rebelião das Massas (1959, pp. 157 a 158)
[4] PESSOA, Fernando. O Eu profundo e os outros eus. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.Ode Triunfal de Álvaro de Campos

[5] Essa frase foi dita por Heidegger em sua última entrevista ao Der Spiegel em 1966 e publicada em 23/09/1976. Remete ao poema de Hördelin Patmos ( Ilha do apocalipse), "Onde, porém, perigo é, cresce o salvífico também." A mensagem do Apocalipse é que Deus nos salva na destruição humana inevitável.

[6] HEIDEGGER, M. A questão da técnica.
[7] Originalmente, "entropia" (troca interior) surgiu como uma palavra cunhada do grego de em (en - em, sobre, perto de...) e sqopg (tropêe - mudança, o voltar-se, alternativa, troca, evolução...). O termo foi primeiramente usado em 1850 pelo físico alemão Rudolf Julius Emmanuel Clausius (1822-1888).
[8] Homem, Luis. Romance “Z”





 
Labareda
Enviado por Labareda em 12/05/2011
Reeditado em 03/01/2017
Código do texto: T2966705
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