AS DUAS FACES DA CIÊNCIA

O ser humano é um manancial de contradições. Os avanços tecnológicos e científicos pela mão do homem são capazes de gerarem benefícios ou danos. Parece frase feita, mas o bom do óbvio é que ele quase sempre embute em si a verdade. Senão, vejamos para onde tendem a nos conduzir as ciências quânticas, a biologia e a nanotecnologia.

A decifração dos códigos genéticos, através de uma combinação sinergética das mencionadas ciências, há mais de uma década, já permite especulações para o bem e para o mal, num futuro próximo. Se, por um lado, muitas doenças poderão ser evitáveis com pleno êxito pela atuação prévia em sua etiologia, é igualmente certo que o conhecimento do “mapa” genético de um indivíduo através de uma simples gota de sangue poderá lhe trazer complicações nos campos social e econômico. Os bancos de dados de cada pessoa poderão vir a ser manipulados de tal forma que uma moça escolherá sua cara-metade com base na potencialidade genética que seu parceiro poderá proporcionar à sua prole. Também as empresas de seguro à vida vão se utilizar das informações do código genético para estabelecerem os valores de suas apólices.

Numa apreciação mística, até a Idade Média a Igreja taxava os cientistas de bruxos e, ainda que de forma aturdida, via neles a apologia do mal. Hodiernamente, a razão nos leva a vislumbrar na ciência tanto um porto seguro para a humanidade quanto um desfecho caótico e sem retorno, seja qual for o horizonte para onde ela nos conduza.