NO ALTO DAS MONTANHAS

 
Embora esteja em evidência nos últimos dias, pouco se houve falar sobre linha de transmissão. A razão é simples. Linha de transmissão geralmente fica no alto das montanhas e não serve como propaganda política.

Engana-se quem duvida de um apagão por causa de raios sobre linhas de transmissão.

No Brasil, há áreas com alta densidade de descarga sobre a terra que representam um perigo para linhas de transmissão, onde descargas atmosféricas em torres ou linhas podem causar um aumento de falhas no fornecimento de energia.

O Sistema Elétrico no Brasil está dividido em quatro segmentos: geração, transmissão, distribuição e comercialização. No sistema hidroelétrico, a linha de transmissão é a responsável pela condução da energia até a distribuição.
De forma a reduzir o número de desligamentos transitórios não programados nos sistemas elétricos, as concessionárias colocam para-raios ao longo de suas linhas de transmissão, sendo que a aplicação dos para-raios está condicionada as condições topográficas e de resistividade do solo da região atravessada pela linha de transmissão. A aplicação de para-raios em redes de distribuição e linhas de transmissão tem como objetivo principal a redução do número de desligamentos não programados, tendo como causa as descargas atmosféricas.

A eficiência dos para-raios depende do aterramento do sistema. O quantitativo de para-raios aumenta em regiões com solos de elevada resistividade. A resistividade do solo é a impedância de aterramento que influencia no índice de desligamento de linhas providas de cabos para-raios devido às descargas de retorno. Em uma região de mesma topografia e densidade de descargas à terra, deve ser considerada uma probabilidade igual de ocorrência de descargas atmosféricas ao longo de todas as estruturas localizadas na região.
Um aterramento bem projetado possui uma impedância entre 2 a 10 ohm, sendo que encontramos em grandes subestações valores entre 2 a 5 ohm. Em solos muito secos ou rochosos é praticamente impossível alcançar estes valores e o projetista terá que buscar alternativas que levem a valores consideráveis.
A resistência de aterramento é dependente da característica do solo. A umidade e a temperatura do solo podem apresentar grandes variações ao longo do ano. Até mesmo acidente geológico pode romper os cabos do sistema de aterramento, sendo necessário inspeções regulares na malha de terra.

Para determinar um aterramento para linha de transmissão e subestações elétricas, é preciso antes saber a resistividade do solo. Os valores máximos de resistência de terra admissíveis são de 5 a 10 ohms para tensões de 138 a 230KV, e de 10 a 15 ohms para tensões de 345 a 500KV.

Os tipos de aterramento normalmente usados em linhas de transmissão são constituídos por hastes de aterramento galvanizadas de 19mm² de diâmetro com 3m de comprimentos, conectadas aos contrapesos (cabos de aço galvanizado de 3/8”) interligados às torres, cujos vãos não ultrapassem 600m.

A inspeção do aterramento é fundamental para eficiência do mesmo. A estrutura de um solo é bastante complexa e os cálculos para determinar a resistividade da malha de terra usam geralmente medidas específicas. Em razão das variações da resistividade do solo é conveniente verificar os valores reais do aterramento através de medições a cada ano.
As medições da resistência de terra deverão ser, sempre que possível, realizadas nas mesmas condições do solo em que foram feitas as medições iniciais de resistividade do solo no início do projeto. A medição adequada da resistência da malha de terra é conveniente para verificação do sistema de aterramento.
Assim sendo, nenhum sistema está livre de uma descarga atmosférica, que pode levá-lo ao apagão.

 
Luiz Gonçalves Martins
Enviado por Luiz Gonçalves Martins em 11/02/2014
Reeditado em 11/02/2014
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