Como usar os Telescópios

Uso Dos Telescópios

Severino Fidelis de Moura

O Telescópio Ideal

O conceito de ideal é demasiado difuso. Quem é que no dia-a-dia tem o automóvel ideal, o computador ideal, a casa ideal, a aparelhagem de som ideal, etc. Quem? Por que é que o telescópio que utilizamos deveria ser o ideal? Seguem-se algumas considerações a ter em conta. Este texto é necessariamente resumido, para economia de espaço e não deixar o leitor cansado. Com a convivência o leitor encontrará outras fontes à sua disposição, onde poderá obter informações mais pormenorizadas sobre estes assuntos e muitos outros.

Cada pessoa terá a sua noção particular de "ideal", que deverá ser o compromisso entre a abertura do telescópio ("abertura" é nome dado ao diâmetro útil da objetiva do telescópio), a sua qualidade óptica e mecânica. São também relevantes as habilitações do utilizador (tipo e local), a viatura utilizada, a duração dos tempos livres, os interesses de observação de cada pessoa, a liberdade de ação, a disponibilidade econômica, etc. Uma velha máxima, ditada pela experiência, diz que a probabilidade de que um telescópio venha a ser utilizado poucas semanas após a compra é inversamente proporcional à sua abertura ("abertura" é o diâmetro útil da objetiva do telescópio).

A qualidade é o fator mais importante. Mais vale um bom telescópio de 150 mm de abertura que um de 200 mm de qualidade medíocre, ou um de 250 mm de má qualidade. Independentemente do fato de se adquirir um telescópio refrator, um telescópio refletor ou um telescópio catadióptrico (telescópio que têm uma lente corretora antes do espelho primário os chamados Schimidt e os Maksutov), o que é importante é que o instrumento de observação tenha boa óptica e uma mecânica suave, firme e robusta. Devemos evitar os telescópios de brinquedos (pequenos refratores). Qualquer telescópio (completo) que se compre, novo, por menos de R$ 1 000,00 é quase sempre um convite à decepção. Considerando telescópios de qualidade razoável, é quase certo que instrumentos de abertura maior revelarão aos olhos do observador, no céu, objetos mais tênues e em maior número. Mas é quase certo que os instrumentos de maior abertura pesem mais, são em geral mais volumosos, mais trabalhosos, de utilizar e de transportar (sobretudo se o observador não tem uma instalação fixa de observação). E custam mais quando naturalmente pretendemos que tenham uma qualidade satisfatória.

A indicação de amplificações de enormes valores como, por exemplo, 400x para um telescópio de 60 mm de abertura é um indicador de que alguém está a tentar vender "gato por lebre" (algumas pessoas preferem chamar "ampliação" ou "aumento" à amplificação de um telescópio). Em condições razoáveis de observação (atmosfera calma) e num instrumento de qualidade, no máximo podemos obter boas imagens com cerca de 2x a 2,5x por cada milímetro de abertura (120x a 150x num telescópio de 60 mm de abertura). A objetiva de um telescópio, na observação da Lua e dos planetas revelará tudo o que permite (em termos de resolução) com amplificações da ordem de 1,2x por cada milímetro de abertura. Algumas pessoas, com telescópios de grande qualidade (e custo necessariamente elevado) afirmam obter boas imagens com amplificações acima desta regra das 2,5x por milímetro de abertura: obterão uma imagem eventualmente ainda agradável de ver, mas que não revelará pormenores que não tivessem já sido vistos, com telescópios de menor abertura, com 1,5x por milímetro de abertura: por outras palavras, uma imagem maior, eventualmente mais impressionante, mas que não revela novos pormenores.

Abaixo dos R$ 1 000,00 será preferível adquirir um binóculo 10x50 associado a um tripé do que comprometer-se com uma decepção. Nunca adquirir binóculos com lentes amarelas ou avermelhadas, é jogar dinheiro fora. Um binóculo, devidamente utilizado, nas mãos de quem conhece o céu, presta grandes serviços. Um mau binóculo é muitíssimo mais útil do que um mau telescópio. O "melhor telescópio" é aquele que podemos utilizar mais vezes, com satisfação, sem nos estarmos sempre a desculpar com o cansaço, condições adversas de uso, ou outras desculpas. Por isso, o "ideal" é o que está mais de acordo com as condições particulares de cada um, e não é nada agradável andar com um megatelescópio às costas. O ideal para uns pode não ser o ideal para outros, e isso deve ser considerado. Alguns telescópios têm componentes pesados e a sua montagem e desmontagem exige duas pessoas. Tudo isso tem de ser ponderado. A maior parte das pessoas dá-se quase por satisfeita com telescópio de abertura entre 80 mm e 200 mm. Qualquer deles pode ser montado sobre uma montagem equatorial robusta ou azimutal e razoavelmente confiável. Não pretendemos com isso interferir na indicação desta escolha pessoal, nem afirmar que um telescópio de abertura modesta substitui outro de grande abertura e qualidade comparável. Não pretendemos descartar as qualidades da abertura maior do objeto em discussão. É claro que para quem vive num meio rural, seria ótimo ter um telescópio de maior abertura. O céu do ambiente rural é um verdadeiro planetário natural, porém, essa opção não se acomoda as condições de vida de todo mundo. Uma boa escolha é sem dúvida um telescópio de Newton, de abertura razoável adaptado numa montagem dobsoniana*.

*John Dobson foi um construtor de telescópio norte americano. Ele foi o inventor dessa modalidade de montagem azimutal.

Principais cuidados com os espelhos do seu Telescópio

O que não deve ser feito:

• Nunca devemos efetuar observações do Sol com telescópios, sem o mesmo está devidamente adaptado com filtros especiais para observação solar;

• Não lavar o espelho primário nem o secundário com qualquer tipo de produto químico como: querosene, gasolina, óleo diesel etc. Na realidade, os espelhos não precisam ser lavados. Se por ventura houver essa necessidade, lavar com sabão neutro na água corrente, usando somente as pontas dos dedos e deixar secar ao natural, ou seja, secar sem usar pano ou papel;

• Não deixar o equipamento no calor excessivo;

• Não deixar na chuva e protegê-lo de orvalho;

O que deve ser feito:

• Cuidados com a ótica é extremamente necessário;

• Dedicar todo cuidado as oculares;

• Procurar o profissional da área sempre que notar irregularidade no desempenho do instrumento;

• Evitar choques, quando transportá-lo para não acarretar descolimação (calibração) comprometendo o bom funcionamento;

• Manter a touca no tubo para evitar entrada de poeira excessiva, como também proteger o porta ocular (focalizador);

• Guardar o telescópio sempre que possível no sentido horizontal, assim o acúmulo de poeira não ficará precisamente no espelho principal;

Nas primeiras tentativas para observar através do telescópio, devemos fazer uso primeiro das oculares de maior distância focal (40mm, 32mm e 25mm). “O aumento é dado dividindo-se a distância focal do espelho primário pela distância focal da ocular”. Logo, a ocular de maior distancia focal lhe darão grandes áreas do céu, onde você irá procurar o objeto desejado.

A ocular de 32mm, 25mm ou de 20 mm é ideal para observação de planetas, da Lua, de Galáxias e aglomerados abertos ou globulares.

Oculares intermediárias como 10mm, 12mm ou 15mm são mais usadas para observar pormenores na superfície da Lua e de alguns planetas. Também podemos fazer uso delas para separação de estrelas.

As oculares menores de 10mm e abaixo destas são ótimas na separação de estrelas duplas.

Severino Fidelis de Moura

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