Evolução Criativa - Darwinismo

INTRODUÇÃO

Este é mais um texto, resultante de esforço voltado para elaborar um roteiro didático, para facilitar a leitura e entendimento do livro, de Amit Goswami, “Evolução criativa das espécies”. Pertence à série sobre teorias voltadas ou para explicar a criação (teorias criacionistas), ou a evolução (teorias evolucionistas), que foram utilizadas pelo autor, para construir sua teoria “Evolução Criativa”.

Assim, justifica-se o porquê desta série se restringir a, praticamente, uma única fonte, o livro do autor e, por conseguinte, a simples organização daquilo que, por ele, foi utilizado.

Toda teoria científica tem enorme influência sobre as pesquisas científicas realizadas posteriormente e sofre das mesmas acréscimos e atualizações. Assim aconteceu com a teoria de Darwin e as pesquisas posteriores em biologia.

Com o desenvolvimento da genética e da biologia populacional, fez-se uma síntese, muito necessária entre a teoria de Darwin e esses novos desenvolvimentos. Surgiu o neodarwinismo, que se tornou sinônimo de evolução.

Muitas teorias surgem mobilizadas pelos pontos fracos – paradoxos, circularidades, controvérsias, dificuldades de falseamento de uma outra teoria... Então, tratar-se-á com destaque o que, do darwinismo e do neodarwinismo, mobilizou a criação da teoria da evolução criativa de Amit Goswami.

FLECHA DO TEMPO

Toma-se por líquida e certa a distinção entre passado e futuro. Entretanto, explicar essa direcionalidade, essa “flecha do tempo” é problema importante da física. Os físicos continuam a discutir a explicação dinâmica correta. Mas, ao menos em termos fenomenológicos, encontraram uma resposta na forma da lei da entropia.

Entropia é a quantidade de desordem em um sistema. A lei da entropia afirma que a entropia (desordem) sempre aumenta. Assim, analisando a entropia é possível distinguir-se passado e futuro. A flecha física do tempo é uma flecha de entropia.

Os físicos também conhecem outro modo de diferenciar passado e futuro. Analise-se a relativa complexidade dos seres biológicos; analise-se os dados fósseis. Normalmente, fósseis antigos mostram criaturas simples. Fósseis mais recentes são mais complexos, refletindo a evolução. Essa marcha da complexidade também é um modo válido de dizer qual a direção da flecha do tempo.

Além de uma flecha entrópica existe uma flecha biológica: a evolução vai do simples para o complexo.

LACUNAS FÓSSEIS

A principal evidência científica para a evolução biológica são os dados fósseis. Segundo a teoria de Darwin, a evolução é continua e deveria produzir um registro fóssil continuo de toda a evolução.

Na cronologia dos ancestrais evolucionários, surgiram as lacunas fósseis. Vez por outra, uma descoberta de intermediários preenchedores dessas lacunas. Entretanto, já deveriam ter sido encontrados praticamente a maioria de os intermediários, que continuam como lacunas.

As técnicas de investigação empírica tiveram tamanho aprimoramento que, assim como se pode afirmar com precisão a idade da Terra, se pode afirmar que as lacunas fósseis são bem reais e estão aí para ficar.

DARWINISAMO - O QUE É

Darwinismo é o nome dado à teoria evolucionista baseada nas ideias de Charles Darwin - 1809-1882. Como outras teorias evolucionistas, é contrária ao criacionismo, pois não admite a participação de uma entidade ou ser divino na criação das espécies de seres vivos, que existem na Terra.

É teoria evolucionista alicerçada na supremacia material da existência.

O darwinismo defende a descendência com modificação, contrapondo, portanto, a ideia fixista de que as espécies são imutáveis. Indica que a multiplicidade existente atualmente é fruto da modificação lenta e progressiva (gradualismo) de espécies de seres vivos de um estado rudimentar até apresentarem as suas características atuais.

O darwinismo é teoria de evolução contínua, gradual: a transição entre uma espécie anterior e uma posterior é incremental e contínua. Construída sob grande influência da física newtoniana. Assim como a física newtoniana, a biologia de Darwin destina-se a ser determinista e reducionista.

O evolucionismo tem um sólido fato a seu favor: algumas espécies têm tanta coisa em comum que a ideia de uma origem comum, de uma árvore da vida, parece óbvia. A ideia de que as espécies evoluem a partir dos ancestrais é consistente demais com os dados, para que se abra mão dela em favor da alternativa apresentada pelo criacionismo e pela teoria do desígnio inteligente.

FUNDAMENTOS DARWINISTAS

O Princípio

A maior questão para Darwin era a seguinte: “como os organismos conseguem se adaptar tão bem a seu ambiente”? Darwin intuiu que os organismos devem se desenvolver.

Com base em coleta de dados, convenceu-se que: “os ancestrais são a base de toda a evolução. Uma espécie se origina de alguma outra espécie, que se originou de outra espécie antes dela”.

Surgiu, então, o núcleo temático de sua teoria: “as espécies mudam e as espécies se adaptam ao seu ambiente”; e a ideia engenhosa de Darwin: “a mudança de uma espécie dá-se pelo acúmulo de pequenas variações aleatórias em algum componente hereditário dos organismos, ainda desconhecido”. Ideia, além de engenhosa, original, levando-se em consideração que anteviu o que, viria a ser descoberto, os genes.

Mecanismo da Evolução

Darwin apresentou uma teoria do mecanismo da evolução em dois segmentos:

a Variação (motivada pelo acaso) no componente hereditário dos seres vivos; e

a Seleção Natural (motivada pela necessidade de sobrevivência).

Seleção Natural: “a natureza inanimada e objetiva seleciona as variações que se adaptam ao ambiente”.

A ação dúplice de Variação e Seleção Natural, de acaso e necessidade de sobrevivência, define o mecanismo de mudança entre uma espécie e outra, ou especiação.

Norteia esse mecanismo evolucionário, o princípio do acaso e da necessidade: “a evolução é determinada pelo acaso e pela necessidade”.

AJUSTES NECESSÁRIOS – NEODARWINISMO

Atual Paradigma Biológico

Baseia-se em dois princípios organizadores:

Princípio da Causação Ascendente:

todo fenômeno biológico surge da interação de partículas microscópicas chamadas partículas elementares (moléculas). Princípio que presume base molecular da vida. A vida pode ser reduzida a um movimento de moléculas. Na biologia, a causação ascendente é expressa como determinismo genético: os genes determinam toda forma e função biológica; e

Princípio do Acaso e da Necessidade:

Segundo a última versão do darwinismo, a evolução procede em dois estágios: a produção aleatória de variações nos componentes hereditários da vida dos genes; e a seleção dentre essas variações, ditadas pelas necessidades de sobrevivência das espécies, respondendo às mudanças no ambiente natural - Seleção Natural.

O Reducionismo é um aspecto fundamental do materialismo: micro forma o macro e a causalidade sobe do micro ao macro. O fluxo causal da informação é ascendente. Assim, o genótipo (micro) afeta o fenótipo (macro).

Isolamento Geográfico

Ajuste criado em resposta à sugestão com base em dados fósseis (Eldredge Gould-1972) que havia dois ritmos de evolução: não apenas o gradual, mas, também, um ritmo rápido.

A resposta, já existente, (Mayr – 1942) necessária ao ajuste foi: em função de mudanças geológicas, um pequeno segmento de uma espécie poderá ficar isolado. Graças aos cruzamentos entre membros do mesmo grupo familiar, a população isolada poderá sofrer rápidas mudanças evolucionárias. Mais tarde, caso os dois grupos voltem a se reunir, mas seus membros não consigam mais cruzar entre si, tem-se a impressão de surgimento de uma nova espécie, de uma hora para outra. Assim, o Isolamento geográfico é usado para explicar o ritmo rápido da evolução.

Genes Neutros e Desvio Genético

Conceitos utilizados pelos darwinistas para explicar inadequação da adaptação de espécies ao seu ambiente, para pior ou para melhor.

Os genes neutros são “seletivamente neutros” e, por isso, podem se acumular sem ser eliminados pela seleção natural. Quando um número de genes neutros se acumula para formar uma nova característica, a seleção natural pode adaptar a característica, para melhorar sua capacidade de sobrevivência, explicando assim a macro evolução.

O desvio genético explica as lacunas da teoria - seleção e impede que seja falseada.

Determinismo genético

É ideia de que tudo que existe em um sistema biológico, célula, tecido, órgão, ou organismo, é completamente determinado pelos genes. Quando a natureza seleciona no nível macro do fenótipo, a seleção inclui, automaticamente (no micro), as variações genéticas relevantes.

Esse conceito veio para salvar o darwinismo de falha muito importante: as variações aleatórias ocorrem no nível do gene (micro) mas a seleção natural ocorre no nível do fenótipo (macro).

Na ausência de uma conexão direta e unívoca entre os genes, no nível micro, e o fenótipo, no nível macro, a teoria toda fica dúbia.

O determinismo genético tem características diferentes, mais ambiciosas em redução, do que o reducionismo na física e na química.

Se a Biologia Molecular fosse absolutamente idêntica a Bioquímica, esperar-se-ia que os aspectos macro de uma célula ou órgão (por exemplo) fossem determinados pela dinâmica dos componentes micro da célula ou do órgão.

Não só os aspectos conforme leis, mas também os aspectos conforme programas

Os darwinistas afirmam que toda característica macroscópica e suas funções são o resultado cumulativo da lenta evolução, por meio do acaso e da necessidade. Construindo inconsistência lógica, os biólogos materialistas acreditam, que o mecanismo evolucionário de acaso e necessidade também pode ser atribuído a leis materiais.

O determinismo genético, além de implicar o determinismo físico (newtoniano), propõe-se a salvar o darwinismo dessa inconsistência lógica afirmando: os aspectos conforme programas do sistema, em nível somático, também são determinados pelos genes do sistema, os programas genéticos. Programas genéticos não requerem programador. São o resultado do acaso e da necessidade, especialmente da seleção natural.

Desse modo, os biólogos podem afirmar que toda declaração teleológica (relaciona com a causa) de propósito na biologia é, em última análise, teleonômica (ajustado a um fim biológico), proposital apenas na aparência. No nível macro não existe comportamento conforme programas.

Gene Programador da Própria Complexidade

Por um bom tempo os biólogos ignoraram o problema, afirmando: a evolução não precisa necessariamente acontecer na direção da complexidade crescente. Entretanto, nos últimos tempos, alguns biólogos passaram a ver no determinismo genético uma janela de oportunidade, para explicar a flecha biológica do tempo.

Assim raciocinaram: se os comportamentos de organismos biológicos conforme programas surgiram graças à adaptação darwiniana, e se todos podem ter se originado nos genes, então por que não postular um gene (ou genes) que programe o organismo para desenvolver a própria complexidade

OUTROS ARGUMENTOS

Acrescentaram o conceito de pré-adaptação: A característica (surgida ante da mudança ambiental) desenvolveu-se por acaso; depois o ambiente mudou fortuitamente e a característica criada, anteriormente, realiza a pré-adaptação.

Os formuladores da biologia molecular (1950): “a informação só flui em uma direção dos genes para as proteínas, nunca das proteínas para os genes. O ambiente somente pode exercer efeitos diretos sobre as proteínas das células somáticas, e esta informação não pode ser transmitida aos genes das células envolvidas com a reprodução”.

Os genes seriam as únicas entidades que podem transportar informação hereditária.

Os biólogos materialistas argumentam, por crença, que: seres biológicos, inclusive órgãos e organismos, são controlados por programas do DNA, então todo o comportamento intencional de órgãos e organismos seria apenas uma aparência - teleonomia.

Argumentam mais: se alguém acreditar que os programas do DNA tiveram sua origem no acaso e evoluíram graças ao acaso e à necessidade, estaria eliminada a teleologia e o propósito na biologia.

Para os biólogos todo e qualquer indício de inteligência da vida é atribuído a epifenômenos (produtos acidentais, acessórios, de um processo, de um fenômeno essencial, sobre o qual não tem efeitos próprios) adaptativos do impulso genético pela sobrevivência às mudanças ambientais.

QUESTIONAMENTOS, INCONSISTÊNCIAS

A premissa metafísica fundamental do materialismo científico: “quando tudo o mais está dito e feito, todas as coisas e fenômenos do mundo podem ser compreendidos com base apenas em um substrato causal – as partículas elementares, os tijolos básicos da matéria”, como não foi comprovada por dados experimentais, então se parece e se assemelha a dogma.

O darwinismo é teoria de evolução contínua, mas lacunas fósseis – descontinuidade nas linhagens fosseis – ameaçam a comprovação plena da teoria de Darwin. As lacunas gritantes dos registros fósseis mostram que a evolução não é apenas continua, como também descontínua. As lacunas fósseis são assinaturas da criatividade biológica.

Evolucionismo não é a mesma coisa que darwinismo. O darwinismo continua a ser teoria aceitável para períodos contínuos de evolução, não é teoria completa da evolução.

A crença de que a biologia esteja estritamente ligada à Física, claudica, pois, a física, por pressão de fortes dados experimentais, abandonou o determinismo estrito e cedeu espaço para uma ocasional escolha consciente.

Saltos gigantescos da evolução, como o aparecimento do olho, deixaram o mecanismo gradual de Darwin um tanto quanto inadequado.

A capacidade de sobrevivência não é critério lógico para se usar numa teoria científica que se propõe a fundamentar-se no materialismo – primado da matéria.

O modo como foi introduzido o princípio de seleção natural contém uma tautologia: Quem é o mais apto? Aquele que sobrevive. Quem sobrevive? Aquele que é mais apto.

O darwinismo não diz nada de significativo acerca do futuro da evolução humana. Não se pode prever, o resultado fica por conta do acaso e da necessidade de sobrevivência.

Algumas bactérias desenvolveram resistência a inseticidas em adaptação contraditória ao gradualismo. Os darwinistas justificaram que, nesses casos, a velocidade de mutação se acelera.

Algumas espécies exibem espantosa estabilidade mal se alterando ao longo de eras geológicas. Velocidade de mutação praticamente zero.

Espécies desenvolvem uma característica adaptada antes mesmo que a mudança ambiental a exija. Os darwinistas responderam com a criação de conceito de pré-adaptação

Sistemas biológicos, além dos aspectos conforme leis, têm um aspecto mais elevado, denominado por Amit Goswami de “comportamento conforme programas”, no qual realizam funções intencionais, que sugerem significados.

Se tudo pode ser atribuído a comportamentos conforme leis, como um comportamento conforme programas, que pertence a uma categoria lógica diferente pode surgir?

O conceito de Sobrevivência é dotado de propósito, é conforme Programas.

Moléculas e Sistemas Físicos Não Vivos não lutam pela sobrevivência. Não possuem um Self nem uma Integridade para preservar com a sobrevivência.

Inconsistente lógica do darwinismo contida em: o comportamento conforme programas de seres biológicos é, em si, um comportamento adaptado. A teoria de Darwin da adaptação exige como critério a capacidade e sobrevivência, mas a capacidade de sobrevivência requer a adaptação darwiniana.

Alguns dos chamados Comportamentos Evolucionários Adaptativos, a autopercepção e a capacidade de processar significados, não podem sequer ser processados pela matéria. Assim se alguém insistir em afirmar que esses tipos de comportamento, inclusive a capacidade de evoluir, provém da adaptação evolucionária estará negando a primazia de sua teoria - a supremacia material da existência.

OBSERVAÇÕES FINAIS

O conhecimento científico acompanha o processo dialético evolucionário do pensar, quando teses e antíteses produzem sínteses, que não deixam de ser novas teses que, por sua vez mobilizam novas antíteses ...

No caso objeto desse estudo, isso se expressa: no pensar de Darwin inicial, baseado na física newtoniana, reforçado e ajustado pelo surgimento da biologia molecular, e questionado por outras teorias criacionismo – designío inteligente, lamarckismo, holismo, vitalismo, organicismo; no surgimento da física quântica; e no desenvolvimento de novas tecnologias (facilitadoras de novas pesquisas).

Essa expressão, essa dinâmica do pensar, permitiu a formulação da “Teoria da Evolução Criativa” e a proposição de uma nova teoria da evolução, que aceita o conhecimento existente para os períodos contínuos de evolução, mas cria novos paradigmas, nova biologia para os períodos descontínuos, para as macros evoluções e prevê um futuro para evolução humana.

Fica fácil entender o caráter de síntese dessa teoria, quando o autor valorizando o princípio criativo contido no “desígnio inteligente” e o evolutivo no darwinismo diz: os criacionistas e os teóricos do designío inteligente erraram o alvo quando negaram completamente o conceito de evolução: “Evolução não, Deus sim”.

E acrescenta: se em vez de fazermos premissas dualistas e presumirmos que o Projeto não é perfeito desde o início, mas se desenvolve na direção da perfeição. (ou essa é a perfeição do projeto). Ao escolhermos essa premissa, a evolução e Deus deixam de ser exclusivos e passam a ser mutuamente inclusivos. “darwinismo, não; evolução, sim; Deus, sim”.

FONTE:

Livro - “Evolução criativa das espécies” de Amit Goswami – Tradução de Marcello Borges

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J Coelho
Enviado por J Coelho em 16/11/2022
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