Grease! (publicado originalmente em 10/1/2007)

Faz tempo que esta coluna não fala sobre filmes musicais. São meus preferidos, entre todos os gêneros da sétima arte. “Grease” (1978) talvez seja o melhor represente nesta categoria desde o épico “Cantando na Chuva” (1952). É a típica fita de adolescente: meiga, infantil, com ingenuidade demais acanhada e personagens querendo apenas ‘curtir a vida’. A história se passa nos anos 1950, quando no mundo todo a brilhantina, os cigarros e os amassos dos namorados dentro do carro ocupavam em teor quase total a mente dos jovens. E é desta brilhantina (a tradução da palavra inglesa grease para o português) que vem o subtítulo da trama no Brasil – ‘Nos Tempos da Brilhantina’. No roteiro, o casal Sandy e Danny se conhecem nas férias de verão, mas são forçados a se separar devido ao início das aulas. Porém, nestas mágicas do cinema, ambos (que coincidência!) vão parar no mesmo colégio, e, desta forma, podem aproveitar o tempo juntos. Danny, por sua vez, não quer se comprometer logo de cara e se afasta da jovem loira de olhos azuis. Sandy, novata na cidade, quer se enturmar, mas arruma amigas cujas paixões são iguais às dos jovens da década de 50 citadas anteriormente (cigarro etc...).

“Grease” serve de pano de fundo para toda uma época: o gel no cabelo, costeletas, jaquetas de couro, calças justas tanto para homens quanto para mulheres. A moda que chegaria no Brasil somente no fim dos anos 1960 havia arrebatado os norte-americanos cerca de 15 anos antes... E, nos Estados Unidos pós-Grease, John Travolta e Olívia Newton-John se transformaram em verdadeiros deuses do período. Entretanto, para quem imaginava que ambos não passavam da casa dos 20 anos, enganaram-se. Travolta estava na carreira de ator desde 1972. Ao rodar “Grease”, a TV já o tinha consumido em alguns episódios de séries medíocres e não conhecidas. Quando a produtora de cinema o contratou para rodar a película, em parceria com Randal Kleiser (o documento propunha dois filmes – o outro foi “Os Embalos de Sábado a Noite”, de 1976, que ele rodara antes, também com Kleiser), Travolta estava com 24 anos. A adolescência passara longe. Com Olívia, a situação era mais curiosa. Fez só dois minúsculos trabalhos antes do longa-metragem musical. Ao chegar ao set de filmagem, sua fase de jovenzinha infanto-juvenil tinha terminado há tempos. Contava 29 anos. Mas a aparência meiga...

Ao som de puro rock’n roll, a dupla Travolta / Olívia (Danny / Sandy) dominou a cena. Todas as coreografias fizeram sucessores (nenhum chegou a altura). Travolta estava no auge da forma física e era idolatrado pelas garotas sonhadoras. Olívia, como o próprio Travolta chegou a afirmar, ‘passou a ser a moça que todos os rapazes queriam namorar. Devo confessar, até eu queria’. “Grease” chegou e logo bateu todos os recordes possíveis de faturamento. Para se ter uma idéia, o orçamento, ao todo, bateu em US$ 6 milhões. O lucro nas bilheterias foi 60 vezes maior: US$ 360 milhões. Outro fato a ser considerado recai sobre escolha da protagonista. A desconhecida Marie Osmond recusou o papel de Sandy. Deixou cair no colo de Olívia, para alívio futuro de todos. Entre os principais números de música da fita, destacam-se ‘Hopelessly Devoted to You’, o qual recebeu indicação ao Oscar como Canção Original, e ‘You're the One that I Want’, no fim do filme, regravada em português na década de 1990 pela dupla Sandy (cujo nome foi inspirado na personagem de Olívia) e Júnior. O longa teve ainda a continuação “Grease 2”, filmada cinco anos após o original. Não obteve o mesmo sucesso.

“Grease” foi baseado em famosa peça teatral. A maioria dos atores da película estava no palco. O elenco tem também Stockard Channing (personagem: Betty), Jeff Conaway (Kenickie) e Michael Tucci (Sonny). Em 2003, uma parte do elenco da trama se reuniu para comemorar duplamente: 25 anos da primeira exibição e lançamento do DVD de aniversário de bodas de prata. Olívia Newton-John (com plásticas e botóx no rosto, com igual simpatia de 1978) e John Travolta se reencontraram (antes, em 1983, haviam interpretado juntos novamente em “Embalos a Dois”, filme de repercussão mínima). Cantaram algumas canções de “Grease”. Emocionaram muito a platéia. Fizeram a festa, se esbaldaram. Consagraram-se pela segunda vez. “Grease”, que sublinhou um tempo, se eternizou ali.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 08/08/2009
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