Pessoas que não se relacionam e não têm
capacidade de amar, são consideradas loucas...

   Essa frase dita pelo personagem do filme “Foi apenas  um sonho”,  com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet”,  bateu de cheio em mim. Será que sou louca?
   Num sábado qualquer, numa noite qualquer, curtindo uma tevezinha, zapeei e meio por acaso, encontrei o filme começado,  claro!
   Muitos filmes da tv pego lá pelo meio, me chamou a atenção, pareceu uma história boa, um casal insatisfeito com suas vidas e mais a dupla linda do cinema, são perfeitos para se ver, de repente,  a frase.
   Quem escreve tem o olho e o ouvido acurados, o filme ia transcorrendo, mas as palavras ficaram martelando. É um bom drama e a frase ficou viajando entre meus dedos e pensamentos. 
   Pensei sobre meus relacionamentos. Dois casamentos, aliás, muito mal resolvidos, por culpa de quem? Sim,  tive minha grande parcela de culpa, uma pessoa teimosa, orgulhosa, e com grande dificuldades de compartilhar. Pois eu era assim. Resultado, hoje vivo só.
   Incrível, mas sem saudades de viver a dois. Achava um saco. Infeliz? Não. Muito feliz e em paz. Resolvi não arriscar mais, já que a pessoa que sou, dificilmente vai mudar, então que viva sozinha, oras!
   Ai vem a outra pergunta, e a capacidade de amar? Nossa, pensei,  eu sou louca mesmo!
     Não quero relacionamentos, a cada dia que o tempo passa, não me sinto com vontade de viver amores, a beleza também, foi embora, perdi o ônibus, já não dá mais pra curtir o amor em toda a sua profundidade. Fiz minha  escolha. E a vida é feita de escolhas.
   Depois,  pensei nos outros tipos de relacionamentos, os do trabalho, hum,  ali, era bastante difícil também, uma guerra pra ver quem era o melhor, os espertos passavam por cima dos mais bobos e distraídos, e tinha que fazer de conta que não víamos as manobras, e qualquer opiniãozinha, era pisar na bola e a pessoa ficava mal vista. Como é difícil conviver com as pessoas! É preciso ser muito centrado e tranquilo pra aturar nervosinhos, arrogantes, enfim, quem se acha.
    Me considero feliz, hoje não trabalho mais,  tenho amor dos e pelos meus filhos, que é intraduzível de tão bom e de tão lindo! É um amor que faz a tua vida valer a pena.
    E o amor que nutro por meus amigos? A cumplicidade, a compreensão, a tolerãncia, o respeito, alguns do tempo de adolescente, maravilhosos, intensos e sempre presentes.
    E o maior amor da minha vida, grande amor que descobri na maturidade,: escrever, ser poeta, amo tudo isso.
   Não sou a pessoa que está dentro dos padrões que uma sociedade espera, sempre detestei regras e  imposições, as dificuldades que tive na vida tanto em amor e outros,  foram em função disso, pois gosto de fazer o que acho certo e pronto. Não sou uma pessoa má, não faço mal aos outros, então, sigo minha vida.
     Machuquei algumas pessoas? Sim, aquelas que esperavam que eu entrasse dentro das regras, mas eu era rebelde,  fazer o quê? Elas sobreviveram. Eu também.
    Aprendi a conviver com tudo e com todos, tenho amor pra dar, nem é  preciso receber, sou um poço sem fundo, que se realiza com a felicidade do outro. Consigo me relacionar com o mundo pela telinha virtual e isso é tão pleno. Às vezes acho que falta o abraço e o beijo na boca, aquela química entre um homem e uma mulher, mas desse relacionamento, ainda tenho minhas reservas, são tantas as cargas que levamos junto.
    Então depois de pensar e escrever, acho que não sou louca inteiramente, só um pouquinho...

Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 19/02/2011
Reeditado em 05/05/2020
Código do texto: T2802105
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