Elio – Oliver (publicado originalmente em 17/3/2018)

É inevitável ver ‘Me Chame pelo seu Nome’ (2017) e não lembrar do brasileiro ‘Hoje eu Quero Voltar Sozinho’ (2014). Mas as semelhanças são apenas em pequena porcentagem do enredo. Na verdade, o filme que levou o Oscar de 2018 de Roteiro Adaptado levou à telona apenas parte do livro, escrito por André Aciman.

Haverá, sem dúvida, continuação sobre o relacionamento conturbado do jovem Elio e do professor Oliver. A direção do italiano Luca Guadagnino conseguiu inspirar o iniciante Timothée Chalamet (Elio), cuja atuação solta, à vontade diante das câmeras, o fez ser finalista na categoria

Ator na festa de 15 dias atrás.

O contrário ocorreu com Armie Hammer (Oliver). Tem a cara de canastrão o ator! Parece saltado dos longas-metragens da década de 1930, daqueles onde os galãs entregavam os olhares ‘penetrantes’ com semblantes tão caricatos que terminavam desacreditados. E ‘Me Chame pelo seu Nome’ se estraga um pouco por causa dele.

Na trama, os pais e Elio passam uma temporada de férias numa cidadezinha italiana. Estamos nos anos 80. O pai (Michael Stuhlbarg) e a mãe (Amira Casar), intelectuais, falam vários idiomas, e, portanto, a educação dada ao garoto é das mais amplas e irrestritas. A amiga Marzia (Esther Garrel), apaixonada por Elio, está sempre junto e a rotina deles está normalizada. Até que chega ao local Oliver, professor iniciante que passará uns dias na casa dos pais do menino.

Alto, forte, boa aparência, logo atrai a atenção dos moradores e a do adolescente. Os tempos passam e o ímã é inevitável. A tórrida paixão entre ambos é despertada mais por provocação do professor. A entrega de Elio é inocente, até certo ponto. E é nessas sequências onde o pulso firme de Guadagnino se mostra mais influente.

Segurar as feições de Hammer é um desafio que o diretor conteve e obteve êxito. Destaca-se ainda a interpretação de Stuhlbarg. Que cena aquela onde ele e seu filho travam uma conversa franca acerca do amor! Aliás, há realmente pouca conversa. É mais, sim, um monólogo do personagem do pai.

Há química, entrosamento, entre os atores no momento. A fita tem poucos instantes que comovem, nos tocam. Esta é uma. ‘Me Chame pelo seu Nome’ vale também pela bela fotografia. O lugar é espetacular. Dá vontade de morar lá o mais rápido possível. Duração: 132 minutos.

Cotação: regular.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 26/03/2018
Código do texto: T6290923
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