Emoções no gelo (publicado originalmente em 2/5/2020)

Muita gente na infância percebeu os olhos lacrimejarem ao assistir 'Dumbo' (1941), o desenho épico da Disney sobre o elefante voador. Na época, falar em bulling era falar grego e o mundo talvez fosse mais agregador.

'Dumbo', longa-metragem com atores de carne e osso, lançado no início de 2019, desfaz um pouco o mito sofredor do animal maltratado por ter orelhas enormes.

E o ponto edificante é a direção de Tim Burton, complementada pelo elenco conhecido pelas atuações nas obras dele, com Michael Keaton e o Danny DeVito (Batman e Pinguim, respectivamente, em 'Batman: O Retorno', de 1992).

Para completar o cast, Alan Arkain, Eva Green e Colin Farrell, além das crianças Nico Parker e Finley Hobbins. Tudo isso misturado, infelizmente, não resulta num caldo saboroso. Ao contrário, falta colaboração e muitos efeitos especiais fazem da fita uma imensa pedra de gelo.

É impressionante como é raro o profissional que sabe controlar o uso do computador com o roteiro pelo menos razoável e coeso. Em 'Dumbo', estas misturas se fazem inócuas, a diversão pode ser percebida com bastante força, como se empurrássemos uma tonelada montanha acima.

Sua-se para notar um arrepio que seja. Burton coordena a direção de arte majestosa e talentosa, bem como a fotografia regular se posta lado a lado com seus demais filmes. Quem se sobressai, como não poderia deixar de ser, é o elefantinho orelhudo, com os olhos pidões e as asas estranhas.

Nico-Finley se dão bem, se entrosaram. Mais nada. DeVito e Keaton, caricatos, bobos, parecem estar na primeira aula de atuação no cursinho do ginásio. E outra: não vejo com bons olhos a adaptação de filmes inesquecíveis, no caso animações, a cenas com pessoas.

A graça se esvai, tudo fica monótono e apenas as crianças, porque são inocentes, se divertem com bobagens como tal. 'Dumbo', o autêntico, é o dos traços de quase 80 anos atrás.

Querer empurrar outra coisa aos espectadores fixa-se como má vontade ou preguiça de criar histórias novas, com roteiros brilhantes, como os de outrora. É fogo. Duração: 112 minutos. Cotação: regular.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 11/05/2020
Código do texto: T6943856
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.