Palmas a Selton Mello (publicado originalmente em 10/4/2021)

A minha confissão de hoje é já sabida por algumas pessoas: não sou chegado a seriados, salvo raríssimas exceções. A explosão desse tipo de entretenimento veio, pelo menos aqui no Brasil, de 20 anos para cá e arrebanhou milhões de fãs.

Fiquei alheio a esta festa-febre e sempre me concentrei nos longas-metragens, sobretudo os antigos, preto-e-branco, mudos de vez em quando. Mas me debrucei em 'Sessão de Terapia', série dirigida por Selton Mello lançada em 2012 (1ª temporada), com continuações em 2013, 2014 e 2019, nos últimos tempos.

A quinta temporada está prevista aos próximos meses. E que satisfação tive ao ver o trabalho precioso e rico em esmero de Mello, o diretor das 4 temporadas e protagonista da mais recente, na pele do psicólogo Caio Barone.

Ele havia nos mostrado o talento na batuta de comandante em 3 filmes: 'Feliz Natal' (2008), 'O Palhaço' (2011) e 'O Filme da Minha Vida' (2017). Seu grau de comprometimento com detalhes das produções impressiona.

Se você por acaso assistiu a alguns episódios de 'Sessão de Terapia', tema desta coluna, sabe a que me refiro. Desde a direção de arte, a fotografia límpida quando precisa ser, macabra em outras oportunidades exatas, o figurino sóbrio dos personagens, até os movimentos leves das câmeras, lentos, procurando nos transmitir o pensamento tenso de Theo (Zé Carlos Machado), o psicólogo das 3 primeiras temporadas, e dos pacientes, além de Dora (a espetacular atriz Selma Egrei), a supervisora de Theo.

É engraçado notar o dedo de Mello em 'Sessão de Terapia' e perceber traços de semelhança com trabalhos anteriores. As características parecem propositais e os ingredientes perseguem-no. Ele não desperdiça nada com exageros.

Por meio da simplicidade nos impõe enigmas que deciframos, no caso da série, capítulo após capítulo. É capaz de arrebatamentos ferozes, como quando confessou num programa de TV ter se apaixonado pela atriz Marjorie Estiano durante a gravação de uma minissérie da TV Globo (ela também participava do programa e ficou chocada com a revelação).

São estes momentos de êxtase, pura euforia, que Mello leva às telas, e isso se conecta à calma que tem em seu trabalho. Merece muitas palmas de nós, seus espectadores e fãs, como eu. Cotação: ótimo.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 05/05/2021
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