O Belo - uma coluna de salvação

Eu imagino que alguém poderá achar estranha minha afirmação sobre o Belo, como sendo “uma coluna de salvação”; não estou exagerando nem falando levianamente, mesmo porque já fiz menção sobre isso em duas oportunidades ('Verdade, Virtude e Beleza' e 'A Arte – os artistas e os arteiros'), procurando dar ênfase à importância da verdadeira arte promulgadora da evolução espiritual dos seres humanos e do Planeta. Desta vez entrarei em maiores detalhes sobre o Belo, porque estou ciente de que já tivemos muitos encontros onde pudemos falar sobre a Verdade e o Bem, que são outras duas colunas de salvação, mesmo porque estão muito evidentes no nosso dia a dia, ao passo que esta terceira coluna de sustentação para a construção do Mundo Ideal não tem encontrado respaldo nem entre os dogmas religiosos, por isso foi relegada apenas à condição de manifestação artística, hoje medida por valores monetários, sob critérios muito duvidosos.

A Natureza, criação divina, nos fornece o prazer da contemplação, que é um caminho para a elevação das energias espirituais, provocada pelo enlevo do nosso envolvimento com as essências da beleza arquitetônica do Todo-Poderoso, onde as matas, as águas, as montanhas e o céu são a fonte dessa sensação de felicidade, que muitas vezes chega a arrepiar. Não se faz necessário qualquer tipo de concentração para se obter esse resultado ditoso, bastando apenas nos envolvermos com a nossa própria origem, dando vazão à partícula divina do nosso interior espiritual. Se conseguirmos sintonizar o “sonen” (razão, sentimento e vontade) com as vibrações emanadas do Belo, dando vazão ao sentimento de gratidão por esse momento, com toda certeza seremos purificados de muitas “nuvens” que embaçam o brilho da nossa individualidade – aí está a importância dessa coluna para o crescimento espiritual, sem necessariamente termos de praticar louvações religiosas ou de participar de peregrinações inócuas.

As flores são o ápice dessa beleza divina, porque o espírito delas tem a sensibilidade de receber as emanações do envolvimento do homem com o Belo, a ponto de elas procurarem fazer o máximo para corresponderem a esses sentimentos, tornando-se mais viçosas e perfumadas, entregando-se ao desfrute de se exibirem vaidosamente, cumprindo assim a sua missão de vida! É por essas e outras que a prática da Ikebana, mais especialmente pelos povos orientais, contribui sobremaneira com a expansão espiritual do ser humano, porque a interação entre o sentimento e a habilidade daquele que esteja manipulando as flores, somado com a sensibilidade floral, cria uma aura brilhante por todo o arranjo, suficiente para emanar uma luz energética purificadora no ambiente e naqueles que estiverem em derredor – isto pode ser comprovado cientificamente.

Também temos que destacar os verdadeiros artistas, ou seja, aqueles que reproduzem fielmente as belezas divinas da natureza, e que são capazes de demonstrar a autenticidade do conhecimento, da sabedoria e da espiritualidade; fora disso só resta o lixo das ultravalorizadas obras de “arteiros famosos”, com suas figuras disformes, de cunho infantil, ou com a mistura de cores desconexas, lembrando o caso do macaco pintor, que faz sucesso em uma novela televisiva.

Outro exemplo deprimente sobre o desvio dos parâmetros de beleza está na paranoia das mulheres em fazer de tudo para mudarem a silhueta, os traços faciais, os cabelos e, principalmente, para esconderem os sinais causados pelo tempo, havendo até aquelas que, ainda na juventude, tornam-se obsessivas em se prevenirem desses sinais tão indesejados, gastando fortunas em cosméticos “milagrosos”, que só servem para encher os bolsos dos fabricantes! De que adianta tudo isso, se as plásticas e o “botox” só servem para realçarem a discrepância entre a aparência antinatural mumificada e a realidade mostrada pelas mãos e pescoço? _Isto é ridículo e vexatório. A mulher idosa continuará sendo bela se conseguir manter-se em sintonia com a natureza, deixando o tempo escoar com dignidade, após a passagem por uma juventude vivida em sua plenitude – essa será sempre a mulher “original”, admirada e desejada.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 02/08/2009
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1733457