UM NOVO MODELO ORTOGRÁFICO (com explicações adicionais)

NOTA: Este é um complemento do artigo: A INFELIZ MUDANÇA ORTOGRÁFICA, onde fiz considerações sobre a incongruência da nova reforma ortográfica da língua portuguesa, mostrando o porquê da minha iniciativa, exemplificando o que poderia ser feito para que esse novo modelo pudesse ser chamado verdadeiramente de “reforma”.

Então vejamos:

Bastariam algumas mudanças racionais na escrita, de maneira a termos simplesmente uma ortografia que espelhasse perfeitamente a pronunciação das palavras, sem complicações, sem exceções, e sem que houvesse uma quantidade de opções que pudessem induzir a dúvidas e erros.

Vamos começar com a palavra “exceção” – vejam que existiriam muitas maneiras de se grafá-la, de acordo com o atual modelo: eceção, esseção, ecessão, esceção, escessão, exessão, exeção, excessão e exceção (9 alternativas para uma mesma palavra, sendo apenas uma a correta).

Se eliminássemos o ‘c cedilha’ (ç), o ‘s duplo’ (ss), as formações ‘esdrúxulas’ (xc) e passássemos a usar definitivamente o ‘s único’ (s), sempre com o som forte, já seria um bom começo (de: caçada, passarela, excelente para: ‘casada’, ‘pasarela’, ‘eselente’).

Para o som fraco do ‘s único’ atual, bastaria que usássemos simplesmente a ‘letra z’, e estamos conversados (no lugar de: casada ou desespero, teríamos: ‘cazada’ ou ‘dezespero’); com isso já eliminaríamos o uso da ‘letra x’ no lugar do ‘z’ (exame ou existência, que passariam a ‘ezame’ ou ‘ezistênsia’), o que poderia determinar em definitivo a ‘letra x’, a ser usada apenas no lugar da ‘formação ch’, que também deveria desaparecer (de: chuva e machado para: ‘xuva’ e ‘maxado’).

Então agora podemos mostrar a forma que seria correta para escrevermos a palavra “exceção”, que seria a única maneira, sem probabilidade de errarmos: “esesão”, e nada mais.

Perceberam quanta complicação seria jogada fora, somente com essa pequena mudança?

Outra grande “descomplicação“ seria acabarmos com as ‘formações gue, gui, que, qui’, simplesmente substituindo-as por ‘ge, gi, ce, ci’, ou seja, usando-se a ‘letra g’ e a ‘letra c’, da mesma forma que são usadas com as vogais: ‘a, o, u’. Vamos exemplificar: no lugar de se escrever merengue, guilhotina, aqueduto, marroquino, teríamos: ‘merenge’, ‘gilhotina’, ‘aceduto’, ‘marrocino’; é simples assim.

Por esse caminho acabaríamos com as dúvidas sobre o uso do ‘g’ ou do ‘j’, em muitas ocasiões, e as discussões sobre o uso do trema desapareceriam – vejamos, então: acabaríamos com erros de grafia, por dúvidas muito frequentes, como: agente (ou ajente?), sugestivo (ou sujestivo?), sujidade (ou sugidade?), gentalha (ou jentalha?), ou seja, a ‘letra j’ seria sempre a letra a ser usada em todos os casos, sem exceção (‘ajente’, ‘sujestivo’, ‘sujidade’, ‘jentalha’), e ponto final.

Daí, pra que o trema? Com a eliminação do ‘que e qui’, a grafia iria ficar, tranquilamente, da seguinte maneira: ‘trancuilo’, ‘ecuidade’, ‘ecuestre’, em lugar de tranqüilo, eqüidade, eqüestre. O uso do trema, eliminado na “grande” reforma ortográfica, foi uma das simplificações mais complicadas que eu já vi, pois induz a erros com as palavras onde o ‘u’ é pronunciado, sendo que, na “nossa” grafia, bastaria colocar esse ‘u’, e fim de papo.

1.- Eliminaríamos as letras ‘Q,K,W,Y’, por razões óbvias.

2.- Daríamos um fim ao uso desnecessário da ‘letra agá’ (h), no início das palavras (‘omem’, ‘erva’, ‘oje’, ‘umildade’, ‘ipódromo’, ‘emodiálize’), mantendo-se uma única exceção em todo o contexto deste artigo, que seria no caso da conjugação do verbo “haver”.

3.- Acabaríamos de uma vez com o uso do hífen no meio das palavras compostas por prefixos ou sufixos, eliminando-se assim suas regras e complicações (‘antiijiênico’, ‘coerdeiro’, ‘aeroespasial’, ‘antieducativo’, ‘plurianual’, ‘semiopaco’, ‘ultramoderno’, ‘antisocial’, ‘contrarregra’, ‘antiinflasionário’, ‘microondas’, ‘alémmar’, ‘resémcazado’, ‘prévestibular’).

Para exemplificar, extraímos um texto do meu livro Os Sócios e a Sociedade, para mostrar o quanto seria simples “nossa” escrita, de maneira a liquidar os riscos de se cometer erros na complicada grafia da língua portuguesa, no que tange ao emprego do: ‘c’, ‘g’, ‘j’, ‘s’, ‘x’, ‘z’; na eliminação do: ‘ch’, ‘ç’, ‘ss’, ‘xc’, ‘q’, ‘gue’, ‘gui’, ‘hífen’, ‘h mudo’, e assim por diante, conforme podemos ver na sequência:

“Pois bem, já fas muito tempo ce a Penisilina é coiza do pasado, pela perda total da sua eficásia, pois agora ezistem antibióticos muito mais poderozos, como rezultado de uma evolusão relâmpago, cada ves maior, das bactérias rezistentes, transmutadas justamente pela asão desas drogas. Ese fato já é uma grande preocupasão, ce atormenta os bacteriolojistas de todo o mundo, há vários anos, e ce está levando eses omens a entrarem em parafuzo, pela situasão de impotênsia com relasão a um futuro de beco sem saída – é uma gerra perdida, faltando apenas a confirmasão de cuando irá se concretizar.”

OBSERVAÇÃO: Vejam que as formas de acentuação poderiam permanecer como antes da "reforma", com os acentos em ídéia, paranóia, vêem, pára etc., portanto a adaptação não seria muito difícil, pela lógica das construções das palavras e a pronúncia.

Se alguém influente quiser “comprar essa briga”, esteja à vontade, pode assumir o projeto, incrementando as suas nuanças, pois não estou aqui para obter direitos autorais ou de auferir quaisquer glórias. Meu intuito é apenas de servir à utilidade pública, para isso estou ao dispor de quem interessar possa, procurando dirimir quaisquer dúvidas que venham a surgir.

UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA: Gostaria de declarar que fico muito feliz em receber quaisquer considerações com relação aos meus textos, porque tenho que respeitar e levar em conta as opiniões daqueles que se deram ao trabalho de fazerem observações e que procuraram, de alguma forma, ajudar. Agora, gostaria de pedir a esses amigos que, ao externarem suas opiniões, por favor, que as fizessem com argumentos lógicos, mesmo que contrários às minhas explanações, porque não sou nenhum modelo de perfeição, mas não apenas desqualificando o meu trabalho por “achismos” ou opiniões vazias.

O argumento do “saudosismo” não tem qualquer sentido, pois se assim não fora, estaríamos até hoje usando o Cruzeiro como moeda, ao passo que, com o uso da URV, criando-se muita confusão durante um bom período de adaptação, temos hoje o Real, como uma moeda estável, acabando-se com a hiperinflação (ou será que seria hiper-inflação?), equilibrando-se a economia do País, blindando-a contra os embates das “marolinhas”.

Ora, essa infeliz reforma ortográfica, que está vindo simplesmente para criar confusão, prejuízos, incertezas e “embananando” as cabeças dos estudantes, dos escritores, dos editores, sem que se tire qualquer proveito disso, francamente, não dá pra engolir. Essa a razão pela qual me coloquei a campo, à procura de algo sensato, que atingisse (ou atinjisse?) a todos, com a mesma eficiência do Plano Real, mesmo com dificuldades iniciais de adaptação.

Vejam que a minha idade de 72 anos não está servindo de entrave para eu lutar por mudanças práticas e simplificadoras, com o intuito de acabar definitivamente com o “ranço” do saudosismo e da complicação, trazido pelas elucubrações hermenêuticas e semânticas dos “imortais” dinossauros da ABL.

_Ora, a fila anda e o Mundo é redondo.

VOU REPETIR: “Complicar é simples, simplificar que é complicado”.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 12/09/2009
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1805485