Sobre ser ou não ser um herói

Meu fanatismo infantojuvenil por super heróis começou com as influências de meu pai e seu gosto pelas revistas em quadrinhos do Super-Homem, gosto que nele se iniciara na infância, graças as influências de colegas de escola. Como amante das artes, ele compreendeu o valor do estímulo que as tais revistas dão ao interesse pela observação e desenvolvimento do poder da imaginação e da invenção de técnicas fundamentais ao aprimoramento expressivo de nossas múltiplas inteligências.

Além de tratar sobre como produzir fantasias a partir das artes da Literatura e do Desenho, muitas dessas revistas contam histórias que nos dizem aonde levam as pernas curtas da mentira e quais compensações estão reservadas aos criminosos. E aprendemos isto lendo a vida de personagens fictícios, embora muitos fundamentos à suas existências se encontrem facilmente na realidade, em personalidades como garotos tímidos que, de repente, se transformam em extrovertidos compulsivos a mostrar para o que realmente vieram – sendo muito do que existe de mau em mundos imaginários contado também a partir das observações de personagens da vida real, entre os quais muitos, a bem da paz mundial, só deveriam existir na ficção.

Depois das histórias do Super-Homem, conhecido também como “o homem de aço”, vieram para mim aventuras de Batman, “o homem morcego”, e seu companheiro Robin, então “o menino prodígio”, entre outras tantas duplas e grupos de malucos fantasiados, cheios de super poderes e de super responsabilidades, a pretenderem salvar o mundo das ambições estapafúrdias de bandidos potencialmente tão malucos e poderosos quanto eles.

Porque, além dos super poderes do Super-Homem, havia também malfeitores sedutores, como o Charada, o Coringa, o Pingüim, o Homem de Gelo e a Mulher Gato – esta talvez, por sua beleza e poder de sedução, a grande inimiga de Batman, sendo o espantalho o mais aterrorizante deles. Em meio aos recursos absurdos que os superes aprontavam no passado à conquista de sobrevivências impossíveis para mortais comuns, para dar início a toda onda de desmistificação das infalibilidades daqueles deuses, então cultuadas por pudicas épocas passadas, agora eles estão sendo feitos à imagem e semelhanças (defeituosas) de seus criadores. E então Batman, perto de seus sessenta anos, torna-se um cinquentão angustiado numa história inventada pelo quadrinista Frank Miller em 1987.

Para entrar nessa onda iconoclasta – talvez iniciada com a invenção do super-herói o Homem-Aranha pelo desenhista Stan Lee e seu parceiro Steve Ditko, sendo o Aranha um jovem estudante problemático picado por uma aranha radioativa – em resposta aos filmes de Tim Burton sobre o “homem-morcego”, baseado na série de Frank Miller, e em tudo o que aprendi sobre o fantástico personagem de Bob Kane, há quinze anos escrevi, sob pseudônimo de "Andryus Tzappak", a novela A ultima história de Batman, elogiada pelo poeta paraibano Sergio de Castro Pinto num texto publicado no Correio das Artes (suplemento literário de circulação nacional do jornal governamental paraibano A UNIÃO).

A história agradou a maioria de seus leitores – apesar de erros de escrita estarem presentes no texto, como a palavra “assassiandos” para “assassinatos”, entre outras. Isso aconteceu porque, como Bruce Wayne, procurei resguardar minha identidade secreta sob o alter ego de “Andryus Tzappak” até o dia da publicação do livro, não submetendo o texto ao conhecimento e perícia de um revisor.

Dos quinhentos exemplares que editei do livro, três deles foram para os Estados Unidos – o bastante para que “os pais” do personagem dele tivessem conhecimento e me dessem uma resposta (?), anos depois, com a produção do filme Batman Begins; ou seja: pra contrariar meu argumento, produziu-se uma primeira história do homem-morcego, onde as origens do personagem são recontadas a nos dizer que, como todos os superes, Batman não pode morrer.

Contudo, para contá-la, graças a certas coincidências presentes entre meu livro e o filme, (penso) que seus autores podem ter se inspirado em algumas cenas que narro, cujo chefe do crime organizado reinante na Gothan City que imaginei chama-se Ramirez – o mesmo que, no final do Batman Begins, o Comissário Gordon (ainda não Comissário) faz referência, sem que em nenhuma outra história sobre Batman (a não ser a minha) se tenha mencionado tal malfeitor.

Para os interessados, falarei sobre o assunto contanto mais detalhes e outras “coincidências” entre a minha história e a do filme num próximo texto. Porque aqui vou contar o que aprendi acerca do que hoje andam inovando em filmes de super-homens, super-mulheres e suas super-crianças. Como os que aparecem na interessante história do corajoso adolescente Nick-Ass, segundo dizeres no DVD, “o filme que estávamos esperando”.

CONTINUA