Vivaldi, Haydn, Santoro e a Orquestra de Câmara de Itaúna

* Prof. Ms. Arnaldo de Souza Ribeiro

“A música é medianeira da vida espiritual com a material.”

Bettina von Arnim. Escritora alemã. ( Frankfurt do Meno, 04/04/1785 – Berlim, 20/01/1859).

No sábado, dia 26 de junho de 2010, às 20:00 horas, o Teatro “Vânia Campos” recebeu a Orquestra de Câmara de Itaúna, para iniciar mais uma série de três Concertos do Projeto denominado “Música para Todos”. No domingo, dia 27 de junho, dois outros concertos se realizaram, sendo: o segundo às 10:00 horas na Igreja Matriz de São José, Bairro Garcias, e o terceiro às 20:30 horas, na Igreja Matriz de Santo Antônio, Centro, na Cidade de Mateus Leme.

O Concerto foi dividido em três partes: na primeira foram apresentadas duas obras do compositor italiano Antonio Vivaldi, (L`Estro armonico) Concerto Grosso PA 2 violinos, violoncelo e orquestra. Op. 3 n. 11 em ré menor. Allegro – Largo e Spiccato – Allegro. Solistas: Márcio Martins, Simone Martins e Suely Guimarães e (“II Cimento dell” Armonia e dell “Inventione” op. 8) Verão – “Estate”- Concerto in G minor n.2. Allegro non molto; Allegro – Adágio – Presto – Adágio. Presto (Tempo impettuoso d`Estate). Solista: Rafael Marzagão.

Antonio Lucio Vivaldi nasceu no dia 04 de março de 1678, na cidade de Veneza e faleceu no dia 28 de julho de 1741, em Viena, Áustria, com 63 anos. Constam de sua obra: 456 concertos, 73 sonatas, 44 motetos, 3 oratórios, 2 serenatas, cerca de 100 árias, 30 cantatas e 47 óperas.

Na segunda parte, a Orquestra apresentou uma obra do compositor brasileiro Cláudio Santoro, intitulada Mini Concerto para Cordas – Três movimentos.

Cláudio Franco Santoro nasceu em Manaus - AM, no dia 23 de novembro de 1919 e faleceu no dia 27 de março de 1989, em Brasília, enquanto ensaiava uma peça em comemoração aos duzentos anos da Revolução Francesa. Pelo seu talento e dedicação, ainda criança, com treze anos de idade, recebeu do Governo do Amazonas, incentivo e patrocínio para estudar no Rio de Janeiro, onde iniciou uma brilhante carreira, credenciando-lhe para representar o Brasil em vários países, tendo recebido pelos seus brilhantes trabalhos, prêmios e homenagens, no Brasil e no exterior. A obra deste compositor amazonense é de singular beleza e se harmoniza com perfeição com a obra de Vivaldi.

Na terceira e última parte, a Orquestra apresentou a obra de Franz Joseph Haydn: Sinfonia n. 27 em sol maior. Allegro molto – Andante siciliano – Presto (finale).

Franz Joseph Haydn nasceu em Rohrau, Áustria, no dia 31 de março de 1732 e faleceu em Viena, no dia 31 de maio de 1809. É considerado pela crítica especializada um dos mais importantes compositores do período clássico, integrante do chamado “classicismo vienense” ao lado Mozart e Beethoven.

Durante o Concerto, a atenção se fez presente na platéia, para ouvir as composições destes consagrados ícones da música erudita. No palco a seriedade, a maestria e o virtuosismo se fizeram presentes na execução das peças pelos integrantes da Orquestra de Câmara de Itaúna, assim constituída: Charles Roussin (Maestro), Rafael Pereira Mazargão, Márcio Martins, Simone Martins e Suely Guimarães (Solistas), Márcio Martins, Rafael Marzagão, Júlio César, Geraldo Marzagão, Simone Martins, Roberto Guimarães, Sara Hosana (Violinos), Wender Marques e Guilherme Soares (Violas), Suely Guimarães, Fernando Nunes (Violoncelos), Geraldo José (Contrabaixos).

Ao final da apresentação de cada peça, as pessoas emocionadas se levantavam e, demoradamente, aplaudiam ao Maestro e aos músicos, pela virtuosa apresentação.

O Maestro Charles Roussin agradeceu a todos pelos aplausos e falou da importância da Orquestra de Câmara de Itaúna, tanto pela disseminação da cultura, quanto pela formação de novos e brilhantes músicos. Destacou o jovem Rafael Pereira Marzagão, que estreou como solista naquela noite. Informou que o jovem solista tem somente quatorze anos e que iniciara os estudos aos 9 anos de idade, com seu pai Geraldo Marzagão, e que participara de vários e importantes eventos musicais, dentre eles: o Festival Internacional de Música de Juiz de Fora, a Semana da Música de Ouro Branco e o Festival de Música de Divinópolis. Destacando que em 2009 ficara em segundo lugar, no Concurso Nacional de Cordas Paulo Bosísio em Juiz de Fora - MG. O Maestro, de igual modo, enalteceu o trabalho e a dedicação de Roberto Guimarães, professor de muitos dos integrantes da Orquestra.

Em breves palavras Roberto Guimarães agradeceu às pessoas presentes, disse que o sucesso e a consolidação da Orquestra era o resultado do compromisso e da dedicação de todos os músicos, e agradeceu, em especial, ao Maestro por inserir difíceis composições nos programas e ressaltou que estas foram as responsáveis pelo árduo estudo e evolução dos integrantes. Ao finalizar, manifestou sua gratidão a duas pessoas, que hoje não mais se encontram entre nós, pois estão em plano superior, porém que são de fundamental importância: Dr. Ismar Soares Pena e Dr. Afonso de Cerqueira Lima, musicistas de escol, que foram fontes de inspiração e ensinamentos para várias gerações de músicos itaunenses.

O principal objetivo do Projeto “Música para Todos” é levar a música erudita a todas as classes sociais, promovido pela Orquestra de Câmara de Itaúna, com o patrocínio da Usiminas, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O Projeto foi criado no ano de 2002 e ao longo destes 8 anos fez apresentações em várias cidades de Minas Gerais e em outros estados do Brasil, com destaque para: Itaúna, Pará de Minas, Divinópolis, Mateus Leme, Itatiaiuçu, Belo Horizonte, Oliveira, Campo Belo, Dionísio, Juiz de Fora, Santos Dumont, Ipatinga – MG, Piracicaba (SP) e Cariacica (ES).

Pelo que se apresentou neste sábado e domingo, estes propósitos foram alcançados, a começar pelo ecletismo da platéia, constituída de jovens, crianças e adultos, que ouviram e aplaudiram os acordes de indizível beleza, resultantes do estudo, do talento e do árduo trabalho dos músicos que executaram aquelas magníficas peças.

Espera-se, deste modo, que outros Concertos sejam apresentados, com peças de virtuosos compositores, estrangeiros e brasileiros, e que a harmonia se faça presente entre pessoas, acordes, séculos e países, em torno deste tesouro cultural e universal que pertence a todos: a música erudita. Uma vez que, para o belo e a perfeição, não existem barreiras, à vista disso estimulam a cultura e elevam a alma humana.

Itaúna, 28 de junho de 2010.

* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutorando pela UNIMES – Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN – Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelas Faculdades Claretianas – São José de Batatais – SP. Coordenador e professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna – UIT – Itaúna - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP – Nova Iguaçu - RJ. Advogado e conferencista. E-mail: arnaldodesouzaribeiro@hotmail.com

Obs. Artigo publicado no Jornal S’ Passo. Itaúna, 3 de julho de 2010 – Ano XVIII – Número 847 – Página 8.

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