A ética e a política no contexto histórico-filosófico

Dimas Paixão

O que é ética? O que é política? São distintas ou separadas? Pois bem, ao longo de nossas vidas, quase sempre nos deparamos com tais questionamentos. Muitas das explicações podem ser encontradas lá no início da filosofia, no período clássico dos gregos, séculos V e VI a. C. Os filósofos gregos daquela época consideravam que existia uma estreita relação entre a ética e a política. Porém, na Renascença Italiana, séculos XV/XVI, Maquiavel entende que existe uma separação entre ambas.

Assim, o Estagirita Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão (429-348 a.C.), considerava o homem como sendo um animal político. Para Aristóteles somente o homem pode ser considerado um ser social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Para ele todos os outros animais possuem voz (phoné). No entanto, apenas o homem possui palavra (logos). Somente ao homem é facultada a capacidade de distinguir, por exemplo: o bem e o mal e o justo e injusto. Quando Aristóteles afirma que o homem é político e social, intrinsecamente ele coloca a questão ética em nossas vidas.

Mas o que é vida ética? Ora, considerando que a vida ética é a vida em sociedade, então somos éticos em nossa relação com os outros. Logo, se existe o outro, existe a relação ética. Portanto, temos aí a vida política. Por isso, para Aristóteles o homem só se realiza ética e politicamente. Ou seja, não temo como ser político e não ser ético, e vice-versa. Portanto, a eticidade e a politicidade são características essenciais no pensamento aristotélico.

A questão da ética e da moral

A ética vem do grego ethos e a moral do latim mores/morales. Assim, ethos na perspectiva de um ethos social, coletivo e individual, vai estar dentro da filosofia buscando sempre os fundamentos da ação (costumes/valores). Já a moral está mais voltada para os códigos (obediência/cumprimento).

O grego não conhecia a palavra moral, ela surge no Império Romano com o cristianismo, porém sempre fazendo referência a ética. Em síntese, a ética trata dos fundamentos da ação humana, enquanto a moral cuida dos códigos sociais. Porém, os códigos morais, por si só, não significam necessariamente uma ética. Existem várias éticas: a ética médica, a ética dos advogados, etc. Na realidade, estes são códigos morais que, não implica necessariamente, que quem os vivenciam sejam éticos. Como por exemplo; o advogado tem seu código ético específico, porém corre o risco de perder o seu registro, junto à OAB, se tal código for violado.

Desse modo, se a ética está mais relacionada aos fundamentos da ação que o indivíduo pratica, então a eticidade dá fundamento para os códigos morais. Um bom exemplo disso é a questão polêmica do aborto. É correto fazer o aborto? Eis aí uma pergunta filosófica. Já as respostas: sim ou não, serão de acordo com os códigos morais de cada um. Portanto, o fundamento moral é que vai determinar o certo e o errado, o que convém o que não convém, etc. Por isso é que a filosofia ética sempre se procura em buscar os fundamentos e não em estabelecer códigos morais, Estes são apenas consequências da relação ética.