A DECADÊNCIA DA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA

Duns tempos para cá, eu que sou uma telespectadora confessa que sempre deu audiência à nossa teledramaturgia, ando meio boquiaberta com a qualidade das telenovelas.

Obviamente que me refiro àquelas que nos são oferecidas pela hegemonia da Rede Globo de Televisão que, em última análise, é a principal detentora do que poderíamos considerar a elite dos novelistas, de suas obras e de seus consagrados atores escolhidos a dedos.

Porém ultimamente, já lhes pedindo licença para um desabafo sincero, ou eu ou a teledramaturgia brasileira global anda meio de dedo podre, atualmente fazendo a grande exceção a obra do final de tarde, ARAGUAIA, que ainda não me fez desistir do genêro artístico, embora lá haja o "repeteco" do "sinhozinho Malta", o espírito reencarnado do antigo personagem do Lima Duarte que desde Roque Santeiro parece que não mais o abandonou . Lima Duarte o reencarnou nos trejeitos para todo o sempre, naquele seu personagem de vinte e cinco anos atrás, é o que sinto.

Um encosto aquele sinhozinho Malta...há que exorcizá-lo.

A última obra que assisti e deveras me encantei nos últimos anos foi CAMINHO DA ÍNDIAS, e depois do que vi lá, logo já deduzi que seria muito difícil outro trabalho que pudesse com aquele competir em todos os quesitos, no que havia de melhor. De fato, nem me surpreendi quando recentemente a obra foi premiada fora do Brasil.

E para ilustrar minha presente decepção nada melhor do que a atual novela PASSIONE de Sílvio de Abreu, campeã entre as piores, uma trama pobre, chata, enrolada, mal disfarçada na precariedade, na qual minha impressão é de que o próprio autor nela se perdeu e não se achará nunca mais por ali. Só um milagre...

Ô Sílvio, nunca vi uma personagem tão lábil emocionalmente como a Clara. Que horror aquilo. Ela é uma aula inédita de mau-caratismo.

Sugiro que o autor a leve a um terapeuta com urgência, ou então faça uma reza brava para se decidir entre seu destino de mocinha ou de vilã. Assim como está não há quem aguente!

Tony Ramos no papel de TOTÓ, coitado, meu Deus, aquilo não é normal. Nem a maior PASSIONE mal passada do mundo transformaria um personagem apaixonado num bobo da corte daquele jeito, ô Sílvio de Abreu , tenha dó dos apaixonados e mais respeito aos telespectadores que acreditam no amor, poxa vida!

O que é drama na sua novela me faz dar risada...

Eu ficaria aqui falando de um por um...mas ando mesmo é muito preocupada com Fernanda Montenegro e peço para que ela não confunda a fantasia com a vida real.

Toda mulher que é mãe se compadece dela, e se ela não estiver pensando aonde ela errou, nós todas que somos mães estamos pensando por ela.

Deus! Se ela acertou em alguma coisa na educação dos filhos...o mundo inteiro errou! O único que se salvou foi o que ela não criou. Tal fato me deixa aflita...juro que me deixa.

Silvio de Abreu, me responda só uma perguntinha: De que barro é feita a mãezona, a dona Bete Goulart?

É do barro de qualquer mãe? Antes de começar a novela fizeram alguma "lavagem cerebral" na sua personagem? Donde vêm aquelas complacência, resiliência e passividade? Bete Goulart é de qual planeta? Ela tomou algum calmante? O Sílvio tem a receita do médico?

Sinceramente, depois dela não tem para mãe nenhuma.Eu mesma já estou convencida de que sou a pior mãe do mundo! MAs muito longe de querer ser a melhor como ela.

E tem mais: dona Bete Goulart não merecia aquela turma em volta dela. Poxa, não tem um minuto de alegria aquela mulher!

Ali não se salva um! O melhor alívio que senti foi quando o seu filho mais vilão morreu assassinado, um a menos pensei, pensei na mãe, claro, porém de nada adiantou porque depois dele...só sobrou o bonitão Rodrigo Lombardi, o Mauro, filho do motorista, o único que se salva por ali...também, bonito daquele jeito, nem que tivesse algum defeito de caráter a gente fecharia os olhos. Para quê caráter, não é? Aliás, não tinha uma mulher mais a altura daquele bonitão executivo? Caramba, coitadinho dele...não teve sorte mesmo.

Bom, temo mesmo é pelo coração da Fernanda Montenegro, e peço que ela não caia no lapso de confundir realidade com a sua ficção, convém repetir.

Acho melhor ela carregar consigo umas pílulas sublinguais básicas para enfrentar o elenco da novela ao seu redor...depois não digam que ninguém avisou. Assim não tem coração que aguente! Nem o dela e nem o nosso!

Torço para que ela um dia acorde antes de enfartar subitamente nesse papel de sofredora predestinada pelo Sílvio de Abreu e finalmente grite bem alto o seu grito de "independência e não morte!" e se livre do dramaturgo.

A novela é tão chata, tão repetitiva, tão mediana que ando até me perguntando:

Afinal, Brasil, quem matou ODETE ROYTMAN?

Ô Silvio, até a mesmice, ainda que seja para a pouco exigente audiência da Globo, tem lá os seu limites...

Vê se acaba logo com isso.