A biblioteca virtual do Google

Megaprojeto do Google, visando reunir, na maior biblioteca virtual do mundo, as principais obras de todos os tempos, começa a gerar polêmica nos principais centros de produção editorial da Europa.

Editores e bibliotecários questionam essa tentativa da hidra norte-americana da informática de estabelecer um controle, que consideram verdadeiro monopólio, do pensamento humano da civilização, adotando critérios de seleção e classificação das obras ainda não esclarecidos.

Existem cerca de 150 milhões de livros, e o Google, inicialmente, pretende em sua biblioteca virtual reunir 50 milhões de títulos mais importantes, mas o projeto já assusta pelo porte do empreendimento e pela audácia da empresa.

Todos os ramos do conhecimento humano seriam abrangidos nessa biblioteca, facilitando o acesso dos internautas à leitura das obras antigas, modernas e contemporâneas, o que colocaria em cheque, segundo os críticos, a sobrevivência dos livros de papel, os direitos autorais, a indústria editorial e a própria liberdade de expressão.

Penso que a escrita real jamais deixará de existir, porque, desde os documentos mais antigos, os Manuscritos do Mar Morto, em pergaminho, até a invenção da tipografia por Gutenberg (1452-1455), ao imprimir em papel a Bíblia B-42, de 180 páginas de 42 linhas, o homem busca expressar seus pensamentos.

E o que dizer do homem das cavernas, que “escrevia” por desenhos em rochas? E o missionário jesuíta José de Anchieta, que escreveu seu poema à Virgem nas areias do litoral paulista? Bobagem é dizer que a imagem vale por mil palavras: Não se diz isso sem palavras.

As preocupações maiores européias ocultam o temor pelo imperialismo cultural norte-americano, que se dissemina pelo mundo inteiro por causa do acachapante poderio militar dos Estados Unidos, que se coloca como centro do poder mundial.

Eu não vejo por onde o Google possa controlar a liberdade de expressão com seu megaprojeto de uma biblioteca virtual. Se isso acontecesse, o “cogito, ergo sum”, ou “eu duvido, logo penso,logo existo”, do filósofo e matemático francês René Descartes(1596-1650) cairia por terra.

Feichas Martins
Enviado por Feichas Martins em 11/01/2011
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