Terra de Pinto do Monteiro

Para iniciar bem o ano de 2011 resolvi fazer um passeio pela região do Cariri, na Paraíba. Eu saí de Pesqueira - PE, onde passei o Ano Novo, e, juntamente com minha esposa, Walkíria, fui a Monteiro, a terra do maior repentista de todos os tempos, o poeta Pinto do Monteiro, do escritor Jansen Filho, do cantor e compositor Flávio José e da Banda Magníficos.

Também no estilo de rock e de MPB Monteiro gerou grandes artistas como Totonho, a Banda de Pífanos, a Filarmônica Maestro Sebastião Oliveira Brito, violeiros e aboiadores, além dos grupos de coco de roda.

Fiquei encantado com a beleza da cidade, principalmente pela largura de suas ruas, pela bonita arborização (com as árvores plantadas nos calçamentos e não nas calçadas), e pela excelente limpeza de suas ruas. São poucas as cidades que conheço que têm essas qualidades, mas o que mais me deixou fascinado foi o respeito que o povo da Paraíba tem pelo seu saudoso poeta Pinto do Monteiro.

Logo na entrada da cidade encontramos a Praça Pinto do Monteiro, pequena, porém bonita e muito significativa, onde vemos uma caricatura do mestre maior da improvisação, com uma viola em cima, e, do outro lado da placa de cimento, a melhor definição da palavra poeta já feita até hoje, de autoria do próprio Pinto: “Poeta é aquele que tira de onde não tem e bota onde não cabe”.

Severino Lourenço da Silva Pinto é o nome de batismo do genial Pinto do Monteiro, nascido no Sítio Carnaubinha, cidade do Monteiro, em 21 de novembro de 1895 e falecido em 28 de outubro de 1990. Pinto cantou com os maiores nomes do repente como os irmãos Dimas, Otacílio e Lourival Batista (o Louro do Pajeú), Job Patriota, Zezé Lulu, Manuel Xudu, Antônio Marinho e João Furiba. Também cantou com cantadores bem antigos como João da Catingueira (sobrinho de Inácio), Joaquim Vitorino, Zé Gustavo, Assis Tenório, Zé Limeira, João Fabrício, Aristo, Laranjinha e muitos outros.

Fui a Casa Progresso, de Paulo Almeida, conhecido por Paulo Cabeção, por indicação do meu amigo Zelito Nunes. Pense num cabra simpático e atencioso! Lá encontrei cordéis históricos, camisetas em homenagem a Pinto, lápis de cera feitos com galhos de árvores, livros, CDs e DVD’s de poesias, e, se não me engano, também tinha parafuso de cabo de serrote.

Até aí tudo bem, mas o que mais me impressionou foi conhecer o Campus VI da Universidade Estadual da Paraíba, pois esse tem o nome Poeta Pinto do Monteiro. Já pensou que maravilha, um Campus Universitário tendo o nome de um violeiro que nunca cursou uma faculdade?

Parafraseando o escritor monteirense Jansen Filho, no prefácio do livro “Pinto do Monteiro – um cantador sem parelha”, do pesquisador da poesia popular, Joselito Nunes, eu dou meus parabéns aos governantes paraibanos que reconheceram a importância do poeta que representa “a expressão maior da poesia popular de Monteiro”, e quem sabe, do Nordeste.