E o que se passa? sim... você

Engraçado que cada dia que se passa se torna mais difícil, fazer poesia, ou tentar capturá-la nas dimensões por onde ela anda! Não sei se vocês costumam sentir isso mas, parece que as dosagens de realidade do dia-a-dia mantém ela bem represada no irreal, e nem aquele que tenta se abastecer do seu frescor quanto aquele que a ignora, conseguem uma aproximação razoável, para se manifestar como bem entenderem. Resumindo: ninguém tem ouvidos pra aquilo que a poesia tem a dizer, e ninguém tem mais a devida ousadia de levar a criatividade além do limite do seu próprio precipício ( uma pena isso). Falar de amor atrairá diferentes pessoas, falar de rancor outras muitas (e talvez mais loucas que as anteriores). Perdoem-me digo loucas, por que quem tem o amor como sentimento pregresso à arte de dar vida as letras, mas não o experimenta no cotidiano, está condenado a sequidão, não passa de uma verve medíocre e oportunista.

Conheço a dificuldade de muitos, que necessitam de uma oportunidade de serem lidos, e creditados pelo esforço e o trabalho que vêem fazendo, mas creio que não podemos ficar somente guardados nos nossos manuscritos, dentro das gavetas que nos abrigam mas nunca vão nos mostrar o mundo! Se temos a poesia em nós, vamos nos desprender dos manuscritos, das pretenções que tentam nos elevar acima das necessidades daqueles que não dão o valor a leitura, a troca de conhecimentos, as experiências íntimas e as compartilhadas.

Vamos levar nosso pensar e sentir, até as crianças do nosso tempo, que têm todas as informações à seus pés, mas não sabem como filtrá-la. Que têm a sensação de morbidade entre aquilo que sempre foi e há de se perder, e aquilo que ainda não é, mas está em vias de se encontrar. Em tempos que os referenciais se perdem, vamos levar a poesia ao cotidiano, levar até as suas dúvidas e indignações.

Estamos em um momento que as transformações são hipersensíveis. Vide o exemplo onde a força policial tenta passar por cima de trabalhadores e heróis da nossa realidade inconsequente, e tentam torna-los bandidos. Momento esse que os inescrupulosos que se agarram no poder se vêm obrigado, a se retirar devido ao peso de suas próprias atitudes. Então creio que a poesia não pode, blefar, sentar e baforar palavras, discursos e erudições medonhas, que nos asfixiam em nosso próprio tempo. Hora de ir muito além do livro! Refletir, refletir e agir.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 08/06/2011
Código do texto: T3020998