JANELA
Da janela eu vejo as nuvens se movimentando, se
se metamorfoseando em suas diversas formas.
Da janela eu sinto o movimento do vento batendo nos meus
olhos.
Da janela eu enxergo os carros passando, cada motorista à
procura de uma direção.
Da janela eu vislumbro o povo caminhando, planejando,
sonhando, tentando implementar seu objetivo.
Da janela me deparo com os pássaros, livres no seu voejar, sem
limites, à procura da liberdade que é o objetivo da natureza.
Da janela vejo as lágrimas em forma de chuva, o sorriso dos
raios solares, e a depressão ecológica em forma de escuras nuvens.
Da janela eu vejo a minha fantasia, nas estrelas, longe do
meu escuro universo.
Da janela eu sinto uma tristeza que se transformou em queda
livre, rápida na sua velocidade, dura na sua realidade, irreversível
como a morte que ela provocou.
Da janela eu já quase não vejo nada, os meus olhos
enterrados nas lágrimas que não param de cair.
Da janela eu enfrento o quase nada da minha ínfima pessoa,
navegando no espaço, à procura de uma saída, um porto seguro,
território sem dores, e perguntas com respostas.
Da janela eu acordo do meu sonho, e encontro a
inevitabilidade do fato de que ninguém é de ninguém, e na vida tudo
passa.
Da janela eu enxergo a figura de alguém que foi sangue do
meu sangue, razão do meu viver, filha que amei e continuo
amando.
No final da minha meditação, a janela eu fechei. Sentei-me
num lugar qualquer, e continuei a constante conversa com meus
fantasmas.
IRAQUE