Poetas e escritores usam muito a palavra “Tempo” em suas composições, desta forma, é interessante, conhecer um pouco de sua história.

Nos laboratórios, nas atividades espaciais e nos campos esportivos luta-se por frações de segundo. O comércio, conta dias e horas. No campo, as colheitas e o plantio traduzem semanas, quinzenas e meses, semestres e anos. Os sábios estudaram sobre os séculos, pesquisaram os milênios, revolveram as eras. Há muitos milênios, as impressões do meio ambiente deram ao homem a noção de obediência a uma ordem superior, independente da sua vontade, indiferente à destreza do seu braço e, muito maior do que a sua persistência.   Acima e por vezes contra os seus desejos e necessidades, a noite ocultava o dia, o Sol afastava o sono, as marés montavam e vazavam, as flores abriam e murchavam, as crianças tornavam-se jovens e os adultos chegavam à decrepitude. Algo de poderoso, incontrolável, eterno, impiedoso, governava o ciclo da vida humana, se tornava necessário conhecer essa força ao mesmo tempo amiga e adversa, palpável e invisível - o Tempo.
Logo entenderam que não poderiam dominar o Tempo com os seus recursos minguados, nem poderiam pedir que o fizessem as coisas mutáveis do seu mundo imperfeito: as flores, os bandos de aves migratórias, a água que subia e minguava nos rios e lagos, a primavera e o inverno de chegada e duração irregulares. Muitos povos primitivos e tribos segregadas em nossos dias registraram seus fastos principais - "registro do inverno longo" – nas cascas de árvores, nas pedras. Sabiam ser aquele um método falho e não havia coisa alguma de preciso, nenhum movimento era uniforme e perpetuamente igual.
O homem voltou-se aos Astros a fim de conhecer e descobrir uma medida controlar o Tempo.   Dos astros vinham-lhe a luz e a treva, o frio e o calor, a esperança e o medo. Deles viriam também os dias, as semanas, os meses e os anos. Cada medida nascia por sua vez, com cálculos, instrumentos e métodos próprios. Uma história diferente para cada uma.

O dia e a noite - As exigências da vida naqueles primeiros momentos da espécie não eram muitas, embora fossem graves. Só o imediato valia: o comer, o beber, o dormir, o ir e vir, a melhor ocasião para a pesca, o momento em que os animais desciam aos bebedouros. Ligado tanto ao claro como ao escuro por tantos interesses repetidamente sentidos e resolvidos, o homem verificou que entre o mínimo de dois períodos de trevas mediava um espaço c/aro dedicado ao trabalho, à caça, à vida exterior e, entre dois períodos de luz um espaço escuro de sono, sustos, medo, fronteiras quase da morte, o dia e a noite.
É certo que, durante milênios, o homem se contentou com separar a luz das trevas, o Sol da Lua. Dos mistérios de sua origem, ele emprestou à noite uma população tenebrosa de coisas e criaturas malfazejas, das necessidades de sua carne e de seu espírito cederam, ao dia, as vitórias. Durante muito tempo o homem amou o dia e receou a noite. Por conseqüência, não só a vivência popular, mas as entidades responsáveis, Governos e Igrejas Medievais reforçavam a crença de que tudo quanto se relacione com a Lua é mutável enquanto a precisão, a regularidade são atributos do universo do Sol. A Igreja Pré-medieval admitiu e mesmo adotou o calendário lunar para a fixação das Festas Móveis, entre estas, a Páscoa. Já o calendário solar ou Martirológico foi utilizado para a datação das festas fixas e para o registro dos sucessos consideráveis.

O dia - É base de todas as medidas de tempo. Para alguns povos foi calculado de aurora a aurora e para outros significava o espaço intercalado entre dois crepúsculos vespertinos. É quase dos nossos tempos o dia legal e geográfico, que principia à meia-noite. Para astrônomos e navegantes, começa ao meio-dia.    Mas, no amanhecer do mundo, nossos antepassados sem saber com o que lidavam, estabeleceram a duração do movimento de rotação da Terra quando criaram o dia e a noite. Isso é ainda o dia em linguagem moderna: o tempo que vai entre duas passagens do Sol pelo mesmo meridiano. Isso também quer dizer que o dia solar não é igual para todos os lugares e todas as estações. De fato, varia, obrigando os sábios à criação do chamado dia solar médio que é um remendo naquela diferença. Mas a disciplina do universo é mais rígida do que a inteligência humana, portanto, nem com a criação do dia solar médio se chegou a uma regularidade completa. Assim, quando o Sol cruza o meridiano em um determinado lugar, marca o meio-dia nessa região. Quer isso dizer que, nas regiões imediatamente vizinhas são onze e treze horas respectivamente e assim por diante. À frente do Sol ficam as horas da manhã e atrás dele as horas da tarde.

À noite e sua divisão - Para os primeiros homens a noite era o reinado do terror. O gênio do mal dominava a escuridão o que obrigava o homem não pronunciar certas palavras que pudessem chamar o maligno. Os gregos e os romanos consideravam a noite como filha do caos. O dia e a noite estava dominada, em seu andamento. Nascem outras medidas: hora, o minuto e o segundo. Após muito tempo, o homem aventurou-se, abandonou a caverna e lançou-se a trabalhos sobre o mar, o deserto e as montanhas. Esboçava a marcha com que deveria tomar posse de toda a Terra. Foi quando percebeu que aquela primeira divisão do tempo já não bastava. Conhecia os números, sabia dividir quantidades, reconhecer sumariamente o caminho dos astros no céu. Pretendeu separar mais exatamente as partes de luz e de trevas, para conhecê-las e aproveitá-las melhor. A princípio, usou o método de que dispunha: dividir em partes iguais aquelas duas metades primitivas do tempo. Terá sido essa uma das primeiras convenções adotadas pelo homem. Nenhum sinal ou mudança no sol ou na Terra poderia justificar tal medida. Nem a repetição ordenada de qualquer acidente ou ocorrência, como sucede com o mês que se podia contar pelas fases da Lua ou com o ano marcado pela volta da estação das flores.

De 12 em 12: a hora - O número 12 era dos prediletos do homem primitivo. O número 12 resultava de um produto do número divino (3) e do número terreno (4). Daí ter sido ele a base da numeração primitiva, a “duodecimal”, da qual herdamos a estranha medida que é a dúzia. Doze eram geralmente as famílias bases de uma tribo, os signos do Zodíaco. Doze, as partes em que dividiram o dia e noite, pois dia e noite, para aqueles homens, constituíam entidades diferentes, até mesmo antagônicas. Divisões arbitrárias, iguais para o verão quanto para o inverno. A cada uma dessas 12 partes chamaram hora.
Ao longo das Idades, ao designativo geral juntaram-se apelidos locais ou profissionais. Os marinheiros, os pastores, os montanheses criaram denominações para seu uso. A Igreja, em época de profunda religiosidade, emprestou ao tempo civil a divisão aproximada do tempo eclesiástico. Trata-se das horas canônicas: matinas, noa, vésperas, etc.
Mais exigente mostrou-se a ciência afeta à mensuração do tempo.  Distinguiu, precisamente:

Hora Sideral ou astronômica - Vigésima quarta parte do dia sideral, isto é, do tempo empregado por uma estrela no percorrer o seu círculo diurno.

Hora Solar Verdadeira - A vigésima quarta parte do espaço de tempo que flui entre duas passagens consecutivas do Sol pelo meridiano do lugar. À hora solar é dada pelos quadrantes solares.

Hora Solar Média - À hora indicada nos relógios espaço de tempo correspondente à vigésima quarta parte do tempo que um Sol fictício, denominado convencionalmente Sol Médio, usaria para reproduzir no equador o movimento médio do Sol Verdadeiro. Sua duração é de cerca de quatro minutos mais longa do que a da hora sideral. Não ocorrendo constância entre essa diferença e duração, impôs-se a ficção de um Sol a percorrer o equador em velocidade e movimento uniformes ao tempo em que o Sol real percorre a elíptica. Uma operação chamada Equação do Tempo permite deduzir-se a hora solar verdadeira da hora média solar.

Fuso horário - A abençoada teimosia do homem em perseguir a verdade e a perfeição, resultou na convenção dos fusos horários. O globo terrestre foi dividido em 24 horas ou fusos, valendo cada um deles 15°. No interior de cada fuso vigora uma determinada hora legal. Antes dessa convenção, a hora legal dos diferentes países era determinada pela da sua capital. Em 1911 a Inglaterra, Alemanha, Portugal, Áustria, Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Itália, França, Noruega, Japão, Suécia, Suíça, Turquia, Holanda, etc., aderiram ao sistema proposto dos fusos horários. O ponto de partida aceito foi o meridiano de Greenwich - famoso observatório astronômico nas proximidades de Londres.
Dessa forma, segundo a posição relativa de um território e a sua extensão no sentido leste-oeste, assim são determinados os seus fusos horários e sua hora legal
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verita
Enviado por verita em 01/11/2011
Reeditado em 01/11/2011
Código do texto: T3310641
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