POR QUÊ?

Por que tu partiste, me deixando assim na solidão?

Por que tu me deixaste, me cortando desse jeito com essa navalha?

Por que tu foste, de repente, para nunca mais voltar?

Por que tu saíste da minha vida definitivamente, sem nem mesmo

me avisar?

Por que tu decidiste não continuar vivendo, me lançando num

mundo de sombras?

Por que tu fugiste da minha existência através da estrada da morte,

de forma absoluta, linear, irreversível?

Tu pensaste na dor que isso me causaria, na amargura que isso está

me causando?

Por que tu, tão jovem, tão adolescente, solucionaste a tua dor usando

as veredas das sombras da morte, me transformando num ser

brutalmente descrente da beleza da vida? Por que tu

usaste desse artifício?

Por que tu não me deste uma chance de te amar, como um pai ama

uma filha? Ou será que isso é pedir demais?

Por que tu não acreditaste no tanto que eu te quiz, no bem que eu

te desejei? Agora que tu não estás mais aqui, me sobraram tão

somente as lágrimas, a angústia, a certeza de que jamais voltarei

a te ver. Esse é o preço que se paga por realmente amar uma

filha levada pela frieza e escuridão da morte.

Por que tu te deixaste levar pelo desespero? Eu te faço essas

perguntas, mas eu bem sei o quanto é difícil atravessar certos

caminhos dessa vida, e tu, bem cedo, os enfrentaste, mas sem

a força necessária, sem a maturidade de alguém mais vivido. O que

te matou foi a tua inocência, foi o gelo do mundo, foi a indiferença

dos teus fair-weather friends.

Por que tu não me deste tempo de meditar no meu próprio comportamento? Talvez porque a tua sensibilidade era tanta, a ponto

de tu não haveres tido a perspicácia de perceber que essa vida é

um jogo de cartas marcadas, e tu jogaste limpo o tempo todo.

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 26/11/2011
Código do texto: T3358429
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