PÉROLAS DO TAPAJÓS
                                     Sérgio Martins Pandolfo*
     Havia já um espichado par de décadas que não íamos à gostosa Santarém, a pérola do Tapajós, e ficamos encantado com o nível de progresso auferido por aquele lendário município parauara. Tudo está bem renovado e moderno, principalmente na orla, de onde se pode ver logo ali à nossa frente, o decantado encontro imiscível das águas cristalinas do Tapajós com aqueloutras barrentas do senhor dos rios, o Amazonas. Atualmente essa visão especiosa, deslumbrante, que encanta aos turistas, principalmente de outros países, pode ser bem melhor e mais nitidamente observada lá de cima do Mirante, local que ainda não conhecíamos e que tem a nos oferecer, ademais, momentos de lazer com um coreto/observatório em estrutura típica e quiosques para venda de especialidades locais, tais: farinha de piracuí, bolinhos de pirarucu, peixes regionais fritos ou assados, refrigerantes, sucos de frutas locais etc.
      O tradicional Bar Mascote, que vem de completar 75 anos e de onde se pode apreciar o movimento incessante de barcos de todos os tamanhos e estruturas que alcançam quaisquer destinos que o rio-mar propicie, agora tem um concorrente de peso, na verdade um complexo gastronômico-cultural e de lazer com bares, restaurantes, lojas de artesanato, comidas típicas como tacacá, maniçoba e outras, tudo ao som de música ao vivo com artistas locais, instalado sobre o antigo trapiche em frente ao belo e centenário prédio da prefeitura, o qual está sendo requalificado para abrigar um museu. Ruas e avenidas novas, largas, bem pavimentadas, para servir ao trânsito cada vez mais intenso e complexo, onde pululam as motos. Muitos prédios de alta silhueta, que inclui hotéis e residenciais dão ares de modernidade e progresso à urbe mocoronga que os paraenses tanto apreciamos. Os casarões e prédios centenários do centro histórico estão bem preservados e alguns deles passam por obras de restauro, inclusive o Colosso do Tapajós, único estádio de grande porte da região oeste do Pará, arena do clássico Rai x Fran que está a ser ampliado, aprestando-se, diz a voz corrente, para receber jogos-treinos de seleções durante a Copa 2014. A Matriz de N. Sra. da Conceição foi recentemente restaurada, voltando ao seu antigo esplendor.
     Como não poderia deixar de ser fomos a Alter-do-Chão, conhecida como “o Caribe brasileiro” que detém “a mais bonita praia do Brasil”, segundo o jornal inglês The Guardian, distante 38 km de Santarém, acessada por estrada bem pavimentada e ficamos impressionado ao constatar a mutação ali ocorrida: ruas e avenidas asfaltadas, “mansões” de alto luxo e gosto, edifícios (hotéis e residenciais), profusão de pousadas de muito bom nível de conforto, ótimos restaurantes, a nova orla bem projetada e de ininterrupta movimentação, a praça da matriz com sua excelsa Igreja de N. Sra. da Saúde, restaurada em 2011, sobre a qual cabe falar mais um pouco, pois sua história se confunde com a da cidade.
     Em 1738 o Pe. Manuel Ferreira fundou a Missão de N. Sra. da Purificação na antiga aldeia dos índios Boraris e ergueu uma pequena igreja de taipa que ficou sob a administração dos jesuítas até 1759. Em 6 de março de 1758 o governador do Pará Francisco Xavier de Mendonça Furtado elevou a Missão à categoria de Vila, com o nome de Alter-do-Chão, mesmo de uma das cidades portuguesas. Com a expansão da vila, os portugueses edificaram uma igreja maior de pedra e cal, próximo à praça central. A atual igreja de N. Sra. da Saúde de Alter-do-Chão é a terceira a ser construída, agora utilizando cal, pedra e barro, com início das obras em 1876 e o término em 6 de janeiro de 1896, data em que o povo alterense celebra a festa da sua padroeira. A imagem original de N. Sra. da Saúde, presente dos missionários portugueses, chegou a Alter-do-Chão em 2 de fevereiro de 1725; o altar-mor da igreja, em madeira de lei, único em estilo rococó da região, foi esculpido em 1923.
     Visitamos por fim outra pérola tapajônica a não perder, o vilarejo de Pindobal, distante apenas 7,5km de Alter do Chão, com sua edênica, límpida e infinda praia.

Nota: a foto que encima o texto exibe o famoso encontro das águas, cristalinas do Tapajós e barrentas do Amazonas, em frente à cidade de Santarém, Pará (foto do Autor).

---------------------------------------------------------------
*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br
www.sergiopandolfo.com
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 27/01/2012
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T3465519
Classificação de conteúdo: seguro